sábado, 6 de setembro de 2014

Série Rendida - Novais J


“Eu gosto de você calada, de preferência nua e embaixo de mim.”




As Armas


Uma vez o Truman Capote disse que Veneza era como comer uma caixa inteira de bombons de chocolate com licor de uma só vez e ele estava certo. Acho que ninguém deveria morrer sem conhecer Veneza. É tão difícil descrevê-la, tudo aqui parece surreal. Imagine uma cidade que não tem ruas com tráfegos de carros, e sim, canais onde navegam lanchas, e barcos que aqui são chamados de gôndolas.
Ônibus, ambulâncias, polícia, todo tipo de transporte conhecido em outros países, inclusive carros funerários, todos são feitos em barcos a vaporetto, uma embarcação típica de Veneza usada como transporte público nos canais da cidade, parece inacreditável eu sei, mas isso se deve ao fato de Veneza ser formada por ilhas na Laguna di Venezia e estar ligada ao Mar Adriático por três aberturas: Lido, Malamocco e Chioggia. A cidade apresenta 177 canais e 400 pontes distribuídas em 118 ilhas.
Passei os dias que antecederam a viagem lendo tudo o que encontrava sobre Veneza, foi uma ótima forma de distração já que o Alexandre resolveu simplesmente desaparecer desde aquela conversa fatídica em meu apartamento, eu não o procurei também, fiz melhor, ponderei uma série de estratégias para tentar quebrar aquela Muralha da China que ele tinha em volta de si.
O congresso foi marcado em um dos hotéis de luxo em Veneza, o mesmo que toda a equipe se hospedou. Minha função ali seria assessorar o Alexandre e mais dois acionistas da empresa, no avião fiquei sabendo que o objetivo principal da viagem era conquistar uma parceria para que fosse possível abrir uma filial em algum lugar da Itália, o mais incrível é que se tudo ocorresse como o planejado haveria uma série de promoções nos cargos de alguns dos empregados e uma grande chance de muitos se transferirem para trabalharem na nova filial.
Olhei-me mais uma vez no espelho e dei uma ajeitada no cabelo, o primeiro dia de reuniões começaria em alguns minutos no grande salão do hotel, coloquei um vestido cinza com altura um pouco acima do joelho e sem decotes, deixei meus cabelos soltos, calcei sandálias de salto e passei uma maquiagem bem leve. Peguei minhas pastas e saí do meu quarto torcendo para que tudo desse certo, inclusive os meus planos com o Sr. Alexandre.


******

Cheio era uma palavra que não representava como o salão do congresso estava, aquilo ali parecia mais maracanã em dia de Fla-Flu. As cadeiras eram todas demarcadas para que as equipes ficassem juntas facilitando a comunicação durante o evento, não demorei em achar a fileira de cadeiras onde o pessoal da empresa estavam sentados, sorri confiante indo naquela direção, mas meu sorriso morreu em questão de segundos quando o vi.
Deveria ser proibido alguém ser tão bonito, melhor deveria ser proibido que homens como ele saíssem nas ruas. Eu tentava não me culpar por ter me apaixonado, duvido que outra em meu lugar não estivesse na mesma situação! Poxa o cara era lindo, quente e uma máquina ambulante de provocar orgasmos, mas sabe o pior de tudo isso? Não era só pelas fodas incríveis, existiam outras facetas naquele homem que eu havia aprendido a gostar durante os últimos meses.
Eu amava o jeito como ele me olhava, a ruga que formava em sua testa nos momentos de preocupação, seu cenho franzido quando estava com preguiça, sua firmeza nos negócios, seus raros sorrisos, o modo como ele fechava os olhos quando chegava ao clímax e o cafuné que ele fazia em minha cabeça quando achava que eu estava dormindo.
Sentei-me na única cadeira vaga que coincidentemente era entre ele e um diretor executivo da empresa.
- Bom dia. – cumprimentei todos, eles responderam e enfim me virei para frente esperando o anfitrião do congresso começar o cerimonial.
- Você está 10 minutos atrasada. – falou Alexandre com mau humor olhando no relógio.
- Nada começou. – retruquei me virando para encará-lo.
- Não importa se não começou Fernanda, você está atrasada e ponto. – disse olhando pra frente sem ao menos me fitar.
- Qual o motivo do mau humor? – perguntei na defensiva e só então ele me encarou.
A troca de olhares foi intensa, meu coração recebeu uma descarga elétrica capaz de ressuscitar um defunto, foi incrível como a saudade aumentou, ele estava bem ali a poucos centímetros me olhando e mesmo assim a saudade me apertou. Seu olhar desceu para minha boca e ele suspirou angustiado voltando à atenção para frente.
- Vai começar. – falou ajeitando o nó de sua gravata.

******

Foram quatro horas de muita discussão, apresentação de fóruns empresariais e diversas oportunidades de negócios estabelecidas. Eu estava exausta, fiz muitas anotações relevantes que no dia seguinte teria que passar a Alexandre e aos seus sócios, assim que digitalizasse e imprimisse.
Quando foi finalizado o primeiro dia de reuniões suspirei aliviada, não pensei que seria tão cansativo, é obvio que sabia que não seria fácil, mas as coisas nunca saem como prevemos.
Levantei-me no mesmo momento em que toda a equipe, muitos fizeram rodas de discussões, o mundo dos negócios parecia nunca parar. Alexandre sumiu no meio dos outros empresários e eu desisti de procurá-lo para avisar que amanhã entregaria o meu relatório, mais tarde mandaria um SMS informando.
Saí do salão, peguei o elevador e fui direto para o meu quarto caindo sobre a cama, havia chegado a Veneza na noite anterior e ainda não me recuperei da viagem. Se os outros dias fossem tão tumultuados quanto este eu teria dificuldades em executar minhas estratégias com o Alexandre. Eu não tinha esperanças de vê-lo mais hoje, com toda certeza ficaria até tarde discutindo sobre negócios. Ele também deveria estar cansando, segundo um dos membros da equipe ele chegou a Veneza uma hora antes do congresso iniciar.
Estava quase pegando no sono quando o som da campainha do quarto tocou, me levantei meio cambaleante e abrir a porta.


Estava nervoso e sabia exatamente o porque: falta de sexo. Desde a última vez em seu apartamento eu não procurei a Fernanda. Levei isso como um teste, tinha que me acostumar a ficar sem ela. O problema é que esses foram de longe os piores dias da minha vida. Já fiquei com centenas de mulheres, loiras, morenas, mulatas, ruivas e então porque ficar fissurado justamente nela?
Talvez não fosse nela, mas sim no sexo, sim era isso. A questão é que precisaria de mais tempo com a Fernanda, quem sabe se a fodesse mais algumas vezes aquela vontade de variar que normalmente sempre aparecia com as outras surgiria de novo?
Não. Eu teria que me acostumar com essa semana, já havia tomado minha decisão e não voltaria atrás. Queríamos coisas diferentes, um basta precisava ser dado antes que a merda fosse maior, sei que não será fácil porque ainda a desejo, mas isso iria passar. Eu tinha absoluta certeza, sempre passava.
Quando a Fernanda abriu a porta e me encarou foi que percebi o quanto estava fodido, deixá-la não seria fácil como eu imaginava, mas ficar com o pau duro por alguns dias seria mais vantajoso do que ter a minha liberdade ameaçada.
- Eu não esperava te ver hoje. – falou surpresa. – Pensei que ficaria até tarde conversando sobre negócios.
Minha consciência pesou um pouco, ela estava inocente sem saber que eu me preparava para deixá-la. Seria melhor assim, comigo fora do caminho ela ficaria livre para achar o Top Ten.
 - Eu precisava saber uma coisa importante. – disse entrando e fechando a porta atrás de mim.
- Se é sobre os relatórios eu os entregarei amanhã, só preciso digitá-los.
- Não é isso.
- Então o que é?
Meus olhos passearam pelo seu corpo denunciando a minha fome, avancei sobre ela a jogando contra a parede. Meus olhos se estreitaram e eu a fitei prendendo seu olhar no meu como um predador que hipnotiza sua presa.
- Eu precisava saber a cor da sua calcinha. – falei com a voz baixa.
Fernanda arfou e fechou os olhos, passei minhas mãos pelas laterais de seu corpo e as fui descendo sem pressa. Abaixei-me ficando de joelhos e introduzir minhas mãos em seu vestido massageando suas coxas até achar o que eu queria, as laterais de sua peça intima. A desci devagar, passando-a por uma perna e em seguida pela outra.
- Lilás. – sussurrei.
Levantei-me com sua calcinha na mão e a cheirei como se minha vida dependesse daquilo depois a guardei no bolso da calça. Fernanda me encarava com um misto de excitação e cautela. Enterrei minhas mãos em seus cabelos e colei nossas testas.
- Mi manchi. – cochichei em italiano.
Ela me presenteou com um sorriso lindo. Afundei minha boca na dela explorando como um arqueólogo que explora os materiais que encontra embaixo da terra. Minhas mãos a tocava em todos os lugares, sentindo, tateando, descobrindo... Apertei-a entre mim e a parede como se quisesse aprisioná-la para sempre, não houve espera e nem tormento daquela vez, deslizei minhas mãos para baixo e levantei seu vestido até a cintura, minhas mãos desesperadas voaram em seguida para a minha calça abrindo cinto, botão e em seguida descendo calça e cueca para que meu pau fosse liberado.
Ergui sua pernas no ar que em instantes envolveram minha cintura facilitando meu pau encontrar o caminho para a felicidade. Fernanda estava pronta e meu membro deslizou com facilidade para dentro dela, empurrei-o e comecei a me movimentar o mais rápido que consegui. Uma estocada, duas estocadas, três estocadas e já sentia o meu corpo apertar querendo liberar seu prazer, mas não poderia, não antes de sentir aquela boceta molhar o meu pau com o orgasmo dela.
Os gemidos da Fernanda se confundiram com o meu, nunca fodi ninguém de forma tão primitiva e desvairada. Minha boca fez um caminho até a curva do seu pescoço e ali soltou mordidas que arrepiaram cada pelo de sua pele alva. Emburrei forte contra ela e sua boceta apertou ainda mais o meu pau, de modo brusco e violento Fernanda gritou o meu nome alto quando atingiu o clímax, foi como se eu tivesse cumprido minha missão porque em seguida meu corpo tremeu por inteiro, meus lábios pararam as investidas contra seu pescoço e me despejei dentro dela.
Eu precisava parar de me enganar, poderia passar um século fodendo aquela mulher que mesmo assim nunca teria o bastante dela.


Segundo Mahatma Gandhi nas grandes batalhas o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer, neste quesito eu já me sentia uma vencedora. O mal (ou bem, depende do ponto de vista) já estava feito, eu já tinha me apaixonado só me restava agora lutar pelo que queria e eu queria muito.
Mas mesmo com um desejo de vencer do tamanho do Everest eu precisava de outra arma tão poderosa quanto, conhecer o inimigo. Alexandre era praticamente um Código da Vinci e precisava ser decifrado logo, só assim saberia que métodos usar.
A oportunidade veio mais rápido do que pensei, ele me convidou para jantar após o fim do segundo dia consecutivo de congresso. Ele não quis ficar no hotel e me levou em um restaurante, fomos a pé mesmo esta era uma das qualidades de Veneza a maioria dos percursos poderia ser feito assim.
Como saímos direto do congresso para jantar ainda estávamos com roupas sociais, eu com um dos meus vestidos e ele com um de seus ternos impecáveis. Entramos no restaurante, poucas mesas, ambiente agradável e charmoso. O cenário ali não fugia do contexto de Veneza o jantar era oferecido a luz de velas. O Maitre veio assim que sentamos em uma das mesas, cumprimentou o Alexandre deixando claro que o conhecia, Alexandre no mínimo deveria vir ali todas às vezes em que estava em Veneza. Pedimos o mesmo prato Um siri mole no Da Fiore e um vinho para acompanhar sugerido pelo Maitre.
- E então o que você me diz de Veneza? – perguntou levando a taça de vinho aos lábios.
- Linda e romântica.
- Resposta clichê. Todos dizem a mesma coisa. – um pequeno sorriso escapou dos seus lábios.
- E você pensa diferente suponho?
O Maitre chegou com a nossa refeição quando ele estava quase respondendo, assim que fomos servidos e ficamos novamente sozinhos ele respondeu.
- Para mim Veneza é uma cidade como qualquer outra, exceto pelo fato de ser uma cidade flutuante, erguida no meio de um lago, com ruas aquáticas. 
Eu sorri.
- Você e o seu jeito de ver as coisas com lentes cinza. – censurei.
- Melhor do que usar lentes cor de rosas. – retrucou me olhando atentamente.
Peguei meu garfo e faca e comecei a comer, ele fez o mesmo. Jantamos em silêncio. Ele me jogou uma indireta e eu não poderia deixá-lo com a última palavra, estava ali para ganhar, não recuar.
- Garanto que quem usa lentes cor-de-rosa no mínimo não é frustrado com a vida. – falei como quem não quer nada levando o guardanapo a boca.
Ele me olhou magnético e cerrou o maxilar.
- Você acha que sou frustrado? – ergueu uma sobrancelha.
- Por que você não me diz?
- Sou milionário, tenho mais dinheiro do que preciso e acredite, ele compra muitas coisas. Tenho tudo que ambiciono, e faço o que eu quiser na hora que eu quiser. Ainda acha que sou frustrado?
O fitei sem saber se deveria ou não responder aquela pergunta. Decidi me arriscar.
- Pior. Acho você infeliz.
Ele suspirou pesadamente e me encarou aborrecido. Talvez não devesse ter dito aquilo, mas era verdade, uma verdade que somente agora havia percebido. Ele era infeliz e o pior é que tentava camuflar essa infelicidade com dinheiro e super ego. Isso só fortaleceu a minha vontade de ganhar, além de fazer um bem para mim faria um bem maior para ele, eu seria a chave que abriria o baú da felicidade.
E quando conseguisse mereceria até um Premio Nobel!
- Do que você está rindo? – perguntou sério.
Pisquei os olhos diversas vezes voltando para o planeta Terra.
- Nada.
Risadas de crianças invadiram o ambiente desviando a atenção do Alexandre, olhei para onde ele olhava, um casal que acabava de entrar no restaurante com dois garotinhos gêmeos, a típica família feliz de comercial de margarina sabe, o casal sentou em uma mesa juntamente com as crianças.
Alexandre ficou tenso.
- Você não gosta de crianças. – afirmei.
- Não é que eu não goste, só não as quero. – respondeu me fitando.
- Por quê? – a pergunta escapuliu sem que me desse conta.
- Eu não posso ter filhos.
Devo ter feito uma cara de pamonha, porque o Alexandre sorriu, embora não fosse uma risada carregada de humor. Desejei ser uma esponja para poder absorver rápido aquela informação ao invés de ficar sem fala.
Coloquei-me no lugar do Alexandre, se eu soubesse que nunca poderia ter filhos ficaria arrasada, talvez tenha julgado ele mal esse tempo todo, esse poderia ser o motivo dele se fechar para a vida.
- Nossa... qual é o seu problema? – perguntei o mais suave possível.
Tomara que o sentimento de pena não estivesse estampado na minha cara!
- Problema?
- É. Você disse que não pode ter filhos, então imaginei que talvez...
- Não tenho problema nenhum. – sorriu frio. – Não posso ter filhos porque fiz uma vasectomia a mais ou menos quatro anos atrás.


A expressão que vi no rosto da Fernanda nunca vou esquecer, ela me olhava como se eu tivesse acabado de revelar um assassinato.
- Por... Por quê? – gaguejou.
- Não é obvio. – respondi tomando mais um pouco do meu vinho.
- Não.
- É um método contraceptivo.
- Se você queria evitar uma gravidez não precisava recorrer a isso. – indignou-se. – Há outras formas caso você não saiba!
- Não sou fã de camisinhas e vamos concordar que a maioria dos outros métodos fica a cargo das mulheres, eu não iria correr esse risco.
- Como assim? – perguntou inocentemente.
A ingenuidade nos olhos dela quase me convenceu, mas eu não me deixaria enganar. Já havia cometido esse erro uma vez e paguei caro e ainda estava pagando.
- Eu não gosto de surpresas Fernanda. Suponhamos que “acidentalmente” algumas pílulas fossem esquecidas de serem tomadas. – expliquei gesticulando as aspas.
- Eu não estou acreditando no tamanho da sua idiotice. – resmungou.
- Por que o choque Fernanda? – perguntei seco. – As pessoas são capazes de tudo por dinheiro. A decisão foi minha e não admito que você se ache no direito de me julgar.
- Eu não estou te julgando. – defendeu-se. – Eu só acho que algumas decisões devem ser pensadas antes de serem feitas. E se você mudar de ideia?
- Eu não vou mudar. – falei seco.
- Mas e se mudar? – insistiu.
- Por que eu mudaria? – a desafiei a responder.
Paramos e nos encaramos, eu estava aborrecido. Puto comigo mesmo para dizer a verdade, por que diabos fui contar aquilo a ela? Era um assunto meu.
- Eu não sei. – falou nervosa. – Mas pode acontecer, é normal. Todo mundo muda de ideia pelo menos uma vez na vida sobre algum assunto. Por que você não mudaria?
- Eu não vou mudar Fernanda. – falei seguro.
Travamos mais uma de nossas batalhas silenciosas, por um momento pareceu que havia outro assunto encoberto, não só a minha vasectomia. 
- A comida vai esfriar. – mudei de assunto observando que ela mal havia tocado na comida.
- Perdi a fome. – retrucou colocando o guardanapo em cima da mesa.
- Neste caso vou pedir a conta. – disse fazendo sinal para o Maitre.
Saímos do restaurante em silêncio e permanecemos assim quando entramos no elevador ao chegarmos no hotel. Paramos no seu andar e eu a acompanhei até a porta do seu quarto, sabia que ela não me convidaria para entrar, a irritação ainda podia ser vista em seus olhos.
- Boa noite. – disse abrindo a porta e entrando.
Segurei em seu braço e a obriguei a me encarar.
- Por que é tão difícil para você aceitar que existem pessoas que não ambicionam as mesmas coisas que você?
Ela tomou uma respiração profunda e nada respondeu.
- Resolveu fazer voto de silencio agora? – insisti chegando mais perto.
- Pensei que você gostasse. Assim pelo menos fica livre do meu julgamento. – respondeu irônica.
- Tem razão. Eu gosto de você calada, de preferência nua e embaixo de mim. – falei rouco a segurando pelos quadris de um modo íntimo e pressionando-a contra minha virilidade.
- Vou entrar. – disse saindo do meu contato. – Boa noite.
Não a impedi, nem mesmo quando ela fechou a porta na minha cara, o que aconteceu hoje só me deu mais certeza de que o que eu tinha em mente era o certo a fazer. Eu não era homem para mulheres como ela, talvez tenha sido um dia em um passado distante, mas não era mais. Fernanda merecia alguém que quisesse o mesmo que ela: casamento, uma casa de cerca branca, filhos, corações e flores...
Entrei no elevador com vontade de bater a porta dela e tomá-la nos braços, mas me contive. Apertei o botão para o ultimo andar e fui direto para a minha suíte presidencial.


Não sei dizer qual foi o impacto que a noticia do Alexandre teve sobre mim, o que sei é que ela me deixou bem irritada, talvez por ser mais uma das formas dele avisar até onde podíamos chegar, ou melhor, onde nunca chegaríamos.
Por mais que eu pensasse e olha que pensei pra caramba não conseguia entender muita coisa, cismei que tinha algo mais nessa história, só não sabia o que. A sensação é que estava diante da Caixa de Pandora e seja lá o que tinha dentro dela não era nada bom.
O observei mais atentamente, hoje seria ele quem comandaria o dia de reuniões no Congresso. Alexandre subiu no palco e começou a discutir os seus pontos de vista em um italiano impecável, tentei ao máximo refrear, mas as lembranças vieram. Ele tinha dito “Mi manchi” em meu ouvido há dois dias, traduzindo para o nosso português aquilo queria dizer um “sinto a sua falta”. Se eu já não estivesse tão apaixonada com toda certeza me apaixonaria naquela noite, escutar italiano ao pé do ouvido é golpe baixo.
Fala sério! Até a palavra paçoca dita em italiano fica sexy.
Como se pressentindo que eu pensava nele Alexandre lançou-me um olhar pensativo, eu o admirava, ele falava de seus negócios com comprovado conhecimento e sinceridade, comandava tudo com mãos de ferro, era um líder nato.
Pensei no que ele me disse ontem, de que era difícil para mim aceitar que existem pessoas que não ambicionavam as mesmas coisas que eu. Mas isso não era verdade, batalhar pelo que queremos é saudável, eu lutaria e se não conseguisse viraria a página. Ok admito que sairia com o coração estilhaçado, o que é comum nesses casos, mas sobreviveria.
Apeguei-me a esperança de que ele gostava de mim, ele demonstrava isso em pequenos gestos quase imperceptíveis. Como da vez que fiquei doente e ele passou a noite comigo, ou quando me olhou com orgulho quando o Dr. Tomas me elogiou na reunião de pauta da empresa, sem falar daquela vez que os ingressos para a peça do humorístico Sai de Baixo que eu queria muito ir se esgotaram e de uma hora para outra o porteiro do meu prédio me presenteou com um alegando que tinha ganho em um sorteio, mas como não gostava de teatro resolveu dar. Sempre soube que tinha sido o Alexandre, eu tinha comentado que queria muito ir, mas não achava mais ingressos. A expressão dele no dia seguinte enquanto eu morria de rir contado as peripécias da Turma do Arouche nunca vou esquecer, é como se me ver feliz fizesse bem para ele.
Durante a noite bolei algumas estratégias, o único momento em que o Alexandre abaixava a guarda era no sexo. Nessas horas ele ficava mais vulnerável, quase um gatinho, não pude deixar de sorrir com a comparação.
Alexandre que se prepare porque minha vitória estava tão perto quanto a sua derrota!

Caí na cama quinze size da suíte presidencial exausto, nem me preocupei em tirar o terno, depois do congresso me reunir com alguns empresários italianos, a parceria para abrir uma filial na Itália estava bem próxima de se concretizar.
Já era quase meia-noite quando peguei o meu celular e mandei um SMS para a Fernanda.

Acordada?

A resposta chegou em menos de um minuto.

Tentando dormir.

Olhei para a sacola ao meu lado na cama com o logotipo de uma grife italiana famosa e digitei mais uma mensagem.

Comprei um presente para você.

Meu celular vibrou com sua resposta.

Ai meu Deus! O que é? ;)

Curvei a boca em um sorriso, mulher e curiosidade era quase um sinônimo.

Amanhã à noite. No meu quarto. As 23h.

Mais uma resposta.

Mistério me excita.

Imaginei sua boceta banhada com aquela lubrificação natural e meu pau endureceu. Amanhã será uma grande noite.

Eu já estou.

Saí da cama tirei a roupa e fui tomar um banho, tive que dar um jeito no meu pau antes. Eu não conseguiria dormir enquanto ele não voltasse para o seu estado normal. Desde que comecei a me relacionar com a Fernanda praticamente voltei à adolescência, aquela fase do “cinco contra um” que todo garoto na puberdade passa.
 Imaginei a Fernanda em um lugar onde ela nunca esteve, no meu apartamento deitada nua em minha cama e comecei a me masturbar. Nunca levei mulher nenhuma lá, era o meu santuário. Um espaço só meu. A Fernanda foi à única que tive vontade de foder lá, mas esse era um dos limites inquebráveis. Levar alguém ao meu apartamento significava dividir intimidades, se tornar mais intimo, e isso estava fora de questão.
Sentir o cheiro da Fernanda vindo da minha cama enquanto eu me deitasse para dormir estava mais fora de questão ainda!
Voltei para a minha fantasia erótica e acelerei os movimentos da minha mão no meu pau, fechei os olhos e me vi fodendo ela de quatro, entrando e saindo daquela boceta com movimentos fortes e precisos. Peguei seus seios, um em cada mão e acelerei as investidas invadindo-a, obrigando-a receber tudo de mim. O jato quente veio rápido caindo no chão do banheiro, meu corpo tremeu e soltei o ar preso nos pulmões, meus batimentos cardíacos foram se estabilizando e então pude terminar o meu banho em paz.
Saí do banheiro com uma toalha em volta da cintura e o meu celular piscava, tinha uma nova mensagem da Fernanda.

Queria você aqui para me ajudar a dormir. Boa noite. :)

Digitei uma resposta e enviei.

Eu queria você aqui para não te deixar dormir a noite inteira. Boa noite.

A viagem a Veneza já estava na metade, seriam mais quatro dias aqui. Quatro dias ainda podendo tê-la...
Quando Fernanda entrou no meu escritório para a sua entrevista de emprego eu a desejei, quis tê-la. Tentei ao máximo encontrar outra pessoa para o cargo, mas não teve jeito ela era a melhor. Contratei-a jurando que conseguiria me controlar, foi um tormento durante cinco meses. Centenas de banhos frios, diversas ponhetas na intenção dela e fodas com várias mulheres.
Não aliviei para ela também, Fernanda tinha que pagar de alguma forma pelo que estava me fazendo passar, transformei a vida dela num inferno. Fui o pior dos chefes, na verdade sempre fui o pior dos chefes, mas ela teve uma dose extra.
Pensei durante muito tempo antes tomar a atitude de trancá-la comigo na minha sala, eu sabia que ela não era indiferente a mim, chegava a sentir sua respiração cortante toda vez que estava por perto. Fiquei horas pensando o tipo de mulher que ela era na cama e quando finalmente a fodi não me decepcionei.
O que teria acontecido se eu tivesse conhecido a Fernanda antes de toda aquela merda acontecer na minha vida? Ela se surpreenderia se conhecesse o Alexandre de dez anos atrás.
Por mais incrível que possa parecer eu já fui um Top Ten...

6 comentários:

Anônimo disse...

Estou amando a história.

Unknown disse...

Quando sai o próximo capítulo?

vi_meu_mundo disse...

aaaaaaaaaaaaaah você não pode deixar suas leitoras curiosas deste jeito. (riso).
Você é uma ótima escritora e me surpreende cada história.
Bom agora conhecendo a vida do Alexandre e vendo neste ponto ele não é tão mal.. só um pouco >.<

Josi Novais disse...

Ownnt *----*
Fiquei tão feliz com esses comentários gente!
Regina a parte 3 sai até o final da semana.
Quero agradecer a vocês pelo carinho porque é dele que tiro inspiração... Amo <3
O que posso dizer é que muitas coisas irão acontecer nessa história, fiquem ligadas!
Também estou apaixonada pelo Alexandre e a Fernanda...
Obrigada (de novo) estou muito feliz!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Queroo mais!!!

Josi Novais disse...

Vai ter!!!
Graças a vocês!!! <3

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