sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Série Rendida - Novais J.




Happy Birthday Fernanda (Parte I)


Cada parte de mim se aqueceu e se iluminou com aquele abraço capaz de atravessar o meu corpo e chegar às profundezas de minha alma. Foi exatamente naquele instante que percebi que por mais que tentasse, eu nunca conseguiria tirar o Alexandre da minha vida, ele era parte de mim. 
Fomos nos afastando devagar, nenhum dos dois queria quebrar aquele momento, nossos rostos ficaram próximos e nos encaramos até que ele se levantou me levando junto. Alexandre passou a mão pelos cabelos e voltou a ser o mesmo de sempre, nem parecia o mesmo homem que há poucos minutos atrás estava perdido. No entanto para a minha total surpresa e felicidade ele voltou a me abraçar, só que agora pressionando seu corpo ao meu de um modo bem sensual. 
- Droga! Por que quando te abraço a vontade é de não te largar nunca mais? 
- Você largou. 
- E foi à segunda coisa mais difícil que já fiz na vida. – sussurra no meu ouvido. 
Respiro fundo e me afasto para que possa olhá-lo nos olhos. 
  - Qual é a primeira? – murmuro. 
- Me controlar para não te beijar toda vez que te vejo. – ele acaba com a distância entre nos e me segura pela nuca. – Me controlar para não ir até a sua casa e me enterrar dentro de você de uma forma tão profunda que me imploraria para nunca mais sair. – ele encosta a testa na minha e prende o meu olhar no dele. 
- Por que você está me dizendo essas coisas? – pergunto com uma pontada no peito. 
Alexandre fecha os olhos torturado e usa o nariz dele para brincar com o meu de um modo tão doce que derrete o meu coração. 
- Eu não sei... 
Eu murcho. 
Ele me fala coisas lindas, enche o meu coração de confetes e depois diz simplesmente “eu não sei”? 
Afasto-me não conseguindo disfarçar a decepção no meu rosto. 
- Eu tenho que ir. 
Quero sair dali o mais rápido possível. Viro-me, mas ele fecha a mão no meu pulso e me obriga a encarar aqueles olhos perigosamente lindos. 
- Me deixa ir. – imploro antes que eu desabe. 
Alexandre me olha na dúvida, por fim acaba me soltando e eu sigo em frente. Uma parte dele me quer, mas outra o impede de se doar por inteiro. Quando sabemos precisamente o que queremos, é impossível se contentar com o mínimo. Quero exatamente o que ele falou que nunca poderia me dar. 
Tudo.





Umberto, um dos advogados da empresa, analisava a mais de meia hora a documentação que a Rebeca havia me mostrado ontem. Marquei uma reunião com ele logo cedo, antes mesmo que os outros funcionários chegassem. Precisava resolver o quanto antes aquela merda.
- E então? – pergunto ansioso.
Umberto acomoda melhor seus finos óculos no rosto e me fita.
- Antes da viagem a Veneza a empresa para ganhamos capital de investimento procurou alguns investidores. Muitos apareceram e uma das investidoras foi Melane Mendes Dias, se não me engano vocês até jantaram juntos para tratar sobre isso.
- Sim jantamos.
Jantar este que não prestei nenhuma atenção, achei até que não conseguiria fechar o negócio visto que minha cabeça não parava de pensar na Fernanda durante todo o jantar, naquele dia depois de nossa discussão no saguão ela havia saído com aquele infeliz que trabalha aqui... Marcos se não me engano.
Depois de dois dias Melane ou Mel como ela preferia ser chamada, voltou a me procurar decidida a fechar o negócio.
- Os documentos são legítimos Alexandre. – Umberto voltou a falar. – Melane Mendes Dias vendeu suas ações para a Rebeca. Agora ela detém uma parte do capital da empresa. Sinto muito.
- Caralho! – esbravejo me levantando. – Me diz que eu posso fazer alguma coisa quanto a isso?
- Você pode. Compre-as de volta da Rebeca.
- Ela não vai vender. – bufei.

- Eu não sei o que está acontecendo, mas posso ver claramente que essa mulher está usando a empresa para lhe atingir. Acabamos de fechar contrato com os italianos para abrir a nova filial, o que menos precisamos agora é de um escândalo. Resolva isso o mais discreto possível. – aconselhou.
- Você está certo. – ponderei. – Eu vou fingir que a engoli aqui dentro e quando menos a Rebeca esperar estará sendo jogada na rua.
- Como você vai fazer isso? – inquiriu curioso contendo um sorriso.
- Ainda não sei, mas darei um jeito.
- Eu já disse que quero morrer seu amigo?
Umberto sorriu cúmplice e eu sorri de volta.

******

Durante a semana tomei algumas providencias. Montei uma verdadeira guarda no meu andar, para entrar no meu escritório Rebeca teria que passar por uma montanha de seguranças. Quando tragicamente a encontrava pelos corredores da empresa a ignorava, nem sequer respondia quando me dirigia à palavra. Uma hora ela iria se cansar, pelo menos era o que eu esperava.
Ainda não havia pensado em nada para colocá-la para fora daqui. Ultimamente só duas coisas vinham ocupando meus pensamentos não dando espaço para mais nada. Uma era a empresa e a outra a Fernanda. Simplesmente não consigo não sorrir quando penso nela, Fernanda é a pessoa capaz de trazer o maior dos sorrisos para minha boca. Arrependo-me de tê-la deixado, não precisei nem por o pé para fora de sua casa naquele dia para começar a me arrepender.
Pego em minha gaveta a delicada caixa da joalheria Bvlgari e a abro, analiso o colar pela milionésima vez desde que o comprei em Veneza. Quando o vi na vitrine ele me lembrou dela instantaneamente, a joia mais alegre e cheia de vida que já vi. O fato é que amanhã mais do que nunca eu gostaria de estar com ela. Era seu aniversário.
O colar era colorido contendo quatro tipos de pedras diferentes: diamantes, esmeraldas e safiras nas cores azul e rosa. Fecho a caixa, pego o telefone e disco o ramal da Marta.
- Pois não Sr. Alexandre. – atende prontamente.
- Chame um dos entregadores da empresa e mande-o vim até a minha sala.
- Sim senhor.

******

Estourei o meu expediente hoje, tive três reuniões só na parte da tarde. Teríamos um coquetel amanhã à noite com todos os funcionários da empresa e mais alguns outros convidados a pedido do meu sócio italiano Lorenzo Buttelli que chegaria de madrugada no Brasil. Ele quis fazer uma comemoração devido a nossa parceria e eu não pude dizer não.
Cheguei ao estacionamento e desligava o alarme do carro quando a última voz que eu queria ouvir hoje me chamou.
- Alexandre.
Virei-me controlando a irritação.
- Você já se infiltrou na minha empresa e agora o que vai ser Rebeca? Perseguição?
- Eu só queria saber por que não recebi um convite para o Coquetel, já que sou uma acionista?
- Por que você não pergunta a quem ficou encarregado de distribuí-los?
- Eu tenho certeza que tem dedo seu nisso!
Dei um passo em sua direção e a fitei com fúria.
- Você é a merda de uma acionista e eu sou o dono da empresa. Percebe a diferença? - a encarei por alguns instantes e depois me virei abrindo a porta do meu carro.
- Engraçado, você dizia que me amava e não esperou nem a tinta das assinaturas secar nos papéis da separação para abaixar as calças e sair fodendo!
Tentei ignorar aquele comentário, juro que tentei, mas não consegui. Como ela ousa me criticar quando abriu as pernas para aquele filho da puta quando ainda era minha esposa?!
- Felizmente descobri que você não era a única mulher que tinha uma boceta, só lamentei ter descoberto isso um pouco tarde! – rebati.
A raiva dela foi crescendo e eu sorri cinicamente. Entrei no carro, mas antes que batesse a porta ela voltou a falar.
- Aposto que a que você anda comendo atualmente é bem cara, a ponto de te fazer comprar uma joia Bvlgari. – insinuou.
Rebeca não poderia ter me deixado mais surpreso.
- Como você...
- Eu vou indo. – me cortou com um sorriso irritante na boca. – Boa Noite Baby. Ah e eu vou estar naquele coquetel amanhã, nem que eu tenha que pular o muro.
- Isso é o que vamos ver.
Pensei em obrigá-la a me explicar como sabia da joia, mas não o fiz. Era isso que aquela cobra queria, me tirar do eixo e eu não devia satisfações do que fazia a ela.

Precisava tirar aquela praga da minha vida o quanto antes!


Acordei com dois sons irritantes: despertador e telefone tocando. Espalmei a mão no criado mudo e acabei derrubando o despertador, levantei da cama no automático e vesti o robe seguindo para a sala para atender ao telefone que não parava de tocar.
Oh Deus quem liga para a casa de alguém às 5h da manhã?!
- Alô. – atendo com voz grogue.
- Parabéns para você! Nesta data querida! Muita felicidade! Muitos anos de vida!
Um verdadeiro coral cantava do outro lado da linha, eram muitas vozes e eu reconheci todas, principalmente uma em especial.
- Mãe!
- Meu bem, queria tanto estar aí para te dar aquele abraço, mas infelizmente não posso. Você sabe que seu pai está cada dia mais ranzinza e não quer que eu saia de perto dele de jeito maneira.
- Mãe tudo bem, entendo perfeitamente. – falei rindo.
Na verdade era a minha mãe que não desgrudava do meu pai, ela parecia um chiclete, não sei como ele aguentava aquele grude a trinta e cinco anos.
Ok eu sabia, eles se amavam.
- Estão todos aqui, seus tios e tias, seus primos e seu pai. Estamos com tantas saudades, há um ano você não vem até Ribeirão Bonito nos visitar. Saia de São Paulo um pouco Nanda!
- Mãe também tenho saudades, nas minhas próximas férias eu irei! – prometi sorridente.
- E então, já arrumou um namorado? – perguntou ansiosa.
Ah não! Ela ia mesmo voltar com esse papo?
Lembrei ser essa a razão por ter ficado um ano sem ver a minha família: a pressão que a minha mãe fazia para que eu arrumasse um marido. Depois que passei dos 24 anos essa pressão só aumentou, ela achava que uma mulher sem marido era fadada a infelicidade.
- Não mãe. Tenho trabalhado tanto que...
- Fernanda! – me cortou. – Você já tem vinte e seis anos, na sua idade eu já estava casada e com você a tiracolo. Oh meu Deus! Será a minha sina morrer sem netos? – começou a choramingar.
Revirei os olhos.
- Mãe menos!
- Do que adianta você ser bonita se está encalhada como um navio velho?
- Mãe eu não estou encalhada! – irritei-me.
- Está sim! Você nunca nos apresentou um namorado meu bem, suas tias acham até que você é lésbica!
Ai Cristo! Eu devo ter jogado pedra na cruz e gritado com um megafone bem alto o nome de Barrabás.
- Mãe eu não sou lésbica! – bufei. – Obrigada por ter ligado, mas agora tenho que me arrumar para o trabalho. Pior que ter uma filha encalhada é ter uma filha desempregada.
- Nanda não fique chateada com a mamãe, só quero o seu bem e a sua felicidade.
- Eu sou feliz! – afirmei já perdendo a paciência.
- Pode ser agora, mas e daqui a alguns anos? Eu e o seu pai não estaremos aqui para sempre meu amor, tenho medo de que você fique sozinha, sem uma família...
Caio de costas no sofá e fecho os olhos me segurando para não gritar com ela.
- Mãe eu realmente tenho que ir, mande um beijo para o papai. Amo vocês. Tchau. – desligo.
Que belo jeito de começar o meu dia!
Se suas amigas te chamam de encalhada tudo bem, agora quando a sua própria mãe te chama bate um desespero. Tudo bem, eu jamais apresentei um namorado a minha família, mas é que nunca encontrei alguém que realmente valesse à pena. Por um lado a minha mãe estava certa (tirando o drama), daqui a alguns anos o peso da solidão acabará pesando sobre os meus ombros.
Antes pelo menos eu tinha o Alexandre.
Durante a semana não o vi. Já a ex dele perambulava pela empresa como se fosse dona. Agora ela era acionista, Marta havia me contado e é claro que liguei ser esse o motivo por encontrá-lo tão transtornado.
Tenho curiosidade de saber como seria o Alexandre casado e chefe de família, eu nunca o imaginei neste tipo de papel. Uma pena que aquela mocréia tenha estragado ele e indiretamente acabou estragando a minha vida também.
A campainha tocou me assustando, levantei do sofá e fui até a porta, reconheci o rapaz que estava parado à soleira, era um dos entregadores da empresa.
- Oi.
- Bom dia. A senhora pode assinar aqui, por favor? – pediu estendendo um papel de confirmação de recebimento.
Assinei e em seguida entreguei a ele de volta.
- Isso é para a senhora. – disse entregando uma sacola de cor preta.
- Obrigada.
Assim que o rapaz saiu fechei a porta e me sentei no sofá. As borboletas que habitavam no meu estomago começaram a se manifestar, enfiei a mão dentro da sacola e acabei tirando um pedaço de papel dobrado:

A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la, mas quem consegue descobre tudo. Eu descobri você...
Feliz Aniversário.

Minhas mãos ficaram frias e o papel parecia ter criado vida própria porque começou a balançar, depois percebi que eram minhas mãos que tremiam igual vara verde. Meus olhos encheram-se de lágrimas e coloquei a mão na boca para conter um soluço.
Oh Alexandre por que você faz isso?! Eu não preciso de mais motivos para me apaixonar por você! Que droga!
Estava inerte tentando entender o que aquela pequena frase queria dizer quando percebi que na sacola ainda tinha alguma coisa, coloquei a mão ali dentro e tirei uma caixa preta com o logo da Bvlgari.
Ai meu Deus! Isso não está acontecendo!
Abri a caixa desesperada e...
- PUTA QUE PARIU!
Era um colar lindo. Bem colorido e... Puta merda! Alguém me diz que essas pedras não são diamantes, esmeraldas e safiras. Pelo amor de Deus, ele ficou maluco?! Isso deve ter custado mais que um dos estádios superfaturados da copa!
Meus olhos estavam vidrados em cada detalhe daquela preciosidade, o colar era simplesmente perfeito e eu tinha amado. A tragédia é que não poderia ficar com ele, não tinha cabimento, aquele não era um presente de aniversário comum como uma roupa, um sapato ou sei lá, um daqueles objetos super bizarros que alguém sem noção acaba te dando.
Aquele era um colar carérrimo. Imagine-me usando uma peça daquelas, gente eu nem ao menos tenho lugar para usar isso e o maior dos motivos é que simplesmente ele não tem porque me presentear com uma coisa cara dessas, não temos nada. Não mais.
Eu tinha que devolver e acredite, por dentro estava chorando. Poderia dar uma de cara-de-pau e ficar com o colar, mas não seria certo. Não era o que o dinheiro dele poderia comprar que eu estava interessada. Justamente o contrario, o que eu queria dinheiro nenhum no mundo poderia me dar. Fechei a caixa a colocando-a de volta na sacola. O pedaço de papel contendo a frase resolvi ficar, foi a coisa mais doce que já li.
Iria tomar um banho, vestir um dos meus terninhos e ir para a empresa.
Eu tinha um presente para devolver.

******

Resolvi falar com o Alexandre mais tarde, primeiro iria para o andar do Dr. Tomas resolver algumas coisas pendentes que havia deixado ontem. Assim que abri a porta levei um baita de um susto, praticamente a empresa inteira estava ali. Eles jogaram confetes, gritavam muito e começaram a cantar.

Parabéns!
Parabéns!
Cante novamente que a gente pede bis!
É big, é big!
É big, é big, é big!
É hora, é hora!
É hora, é hora, é hora!
Rá ti bum
Fernanda! Fernanda! Fernanda!

Uma verdadeira avalanche de pessoas veio me abraçar, dentre eles, Dr. Tomas, Marta e Marcos.
Ai não! O Marcos não!
Ainda estava puta com o que ele tinha feito. Recebi o seu abraço com um sorriso amarelo e ignorei seu sussurro em meu ouvido dizendo que o meu presente me daria mais tarde.
Ele realmente havia perdido a noção! Alguém por favor, traga um chá de simancol para ele!
Passei os olhos na sala à procura do Alexandre, mas ele não estava. Fui até o meio da sala onde um bolo grande de três andares estava me esperando para ser cortado, não pude deixar de notar as velas em formato do número 26 no último andar do bolo.
Ai que ótimo agora todo mundo sabe a minha idade!
Soprei-as ao som de “Parabéns para Você” e tirei mais fotos que celebridade na festa do Oscar, minha bochecha já estava dolorida de tanto sorrir para fotos. Depois que os ânimos se acalmaram e todos já haviam comido do bolo, o assunto foi o coquetel que aconteceria a noite em um clube de São Paulo. O evento queria confraternizar à tão sonhada parceria, a ideia foi do Sr. Buttelli, que viria da Itália especialmente para isso.
Quando a maioria das pessoas já haviam voltado para os seus trabalhos e eu fiquei sozinha em um canto da sala o Marcos teve a infeliz ideia de se aproximar.
- Nanda, estive pensando em passar na sua casa para te levar ao coquetel. O que acha?
- Não se preocupe, eu já contratei um taxi para me levar.
- Qual é Nanda?! – objetou se aproximando demais para o meu gosto. – Aceita a minha carona.
Lembrei da minha professora de yoga dizendo que nos momentos de estresse era só contar até dez. Um... dois... três...
Porra aquilo não estava funcionando!
- Marcos eu vou ser mais explicita, eu não quero ir com você!
- Ainda é por causa do...
- É. – o cortei.
Ele me olhou parecendo arrependido, mas isso não amoleceu o meu coração. Na minha frente ainda estava o idiota que me empurrou em uma parede e colocou a língua na minha boca contra a minha vontade.
- Que tal um jantar na minha casa para me redimir? – perguntou fazendo a típica cara de cão sem dono.
Sorri sarcasticamente.
- Que tal daqui a um trilhão de anos?
Afastei-me, mas ele segurou firme em meu braço. O fulminei com o olhar perante a petulância.
- É claro que você não vai querer sair comigo quando pode fisgar um peixe muito maior.
Abri a boca em formato de O e cerrei os olhos.
- Escuta aqui seu idiota...
- Escuta aqui você. – me cortou. – Acha que vai virar primeira dama? No máximo ele vai te usar e depois jogar fora.
Fechei a mão pronta para dar um soco de UFC na cara dele quando o Dr. Tomas se aproximou.
- Algum problema por aqui?
Marcos e eu nos encaramos.
- Nenhum. – por fim respondeu. – Até mais Nanda. – disse saindo.
- Está tudo bem mesmo Fernanda? Tive a impressão que estavam discutindo. – inquiriu preocupado.
 - Não foi nada demais. – suspirei tentando me acalmar. – Será que eu poderia sair por um instante? Vai ser rápido.
Ele sorriu como sempre amistoso.
- Claro. Hoje é o seu aniversário, você pode tudo.
- Obrigada. – sorri.



- O coquetel está confirmado Buttelli. – respondo ao meu sócio italiano pelo telefone.
Ouço uma leve batida na porta e coloco a mão no bocal do telefone.
– Entre. – grito para quem quer que seja lá fora, depois volto a falar com o Buttelli ao telefone.
A porta se abre e Fernanda aparece, dou um sorriso pela grata surpresa e realmente me esqueço de respirar.
- McConaughey? – ouço Buttelli me chamar com seu sotaque italiano.
- Desculpe. – respondo atordoado olhando para o rosto neutro da Fernanda. – Será que posso te ligar mais tarde para continuarmos?
- Va bene, va bene. – responde e então desligo.
Olho-a e ela está linda como sempre.
- Desculpe. A Marta não estava lá fora e então resolvi bater, não queria ter atrapalhado sua ligação.
- Não atrapalhou, não era nada importante. Por que você não senta? – indiquei a cadeira.
Fernanda se sentou.
- Bem eu vim só para te devolver isso.
Ela colocou uma sacola preta em cima da minha mesa que reconheci imediatamente.
- Você não gostou? – pergunto com um misto de decepção.
- Não é isso. – negou com a cabeça. – Eu amei, mas não posso ficar.
- Por quê? – irrito-me.
- Não tem razão para você me presentear com uma coisa tão cara. Onde você estava com a cabeça? Ficou maluco?! – cruzou os braços.
- Fernanda eu tenho dinheiro...
- Não é só pelo dinheiro! – ela se levanta e começa a andar pela sala, depois para me fitando. – Alexandre nós não temos mais nada, não posso cogitar aceitar algo de homem que...
- Mas já tivemos! – a corto. – E esse é o meu presente de aniversário para você. Eu não acredito que não vai aceitar!
- Eu não vou. – falou decidida.
Tirei a caixa da sacola e me levantei me aproximando dela.
- Se você não ficar com a joia ela será destruída.
Ela me olha surpresa.
- Você não teria coragem.
- Teria. Seria um pecado que outra mulher a usasse. Assim que a vi na vitrine eu... – dou um sorriso e a olho nos olhos. – Eu soube que ela se parecia com você. Bela, alegre, cheia de vida. A joia é sua. Você não precisa nunca usá-la se não quiser, mas eu quero que fique com ela.
Fernanda olhou para a caixa e a sentir vacilar.
- Ou você fica, ou mando destruí-la. – fui taxativo.
- Isso é chantagem. – protestou.
- Entenda como quiser. – sorri torto.
- Eu fico com uma condição.
- Qual?
- Que no seu aniversário você receba o meu presente. – ergue uma sobrancelha.
Reviro os olhos.
- E então? – pressiona.
- Tudo bem. – cedo.
Ela dá um sorriso gigante e pega a caixa de minhas mãos.
- Obrigada, eu adorei. Mesmo que nunca o use, guardarei para sempre. Qual é a data do seu aniversário?
- 15 de Maio.
- Mas já passou! Nessa época estávamos juntos e você não me disse nada. Como pode?!
- Nunca liguei muito para esse tipo de coisa. – dei de ombros.
- Nós poderíamos ter comemorado! Eu poderia ter feito um jantar, comprado um presente... – ela continuou a falar.
- Mas nós comemoramos. – digo chamando sua atenção. – Aliás, a noite inteira. – completo com malicia dando um sorriso cínico.
As bochechas dela ficam rosadas demonstrando que entendeu muito bem a minha insinuação. Fito-a seriamente e ela desvia o olhar do meu, o silencio se prolongou e de repente minha vontade é de empurrá-la contra a parede e beijá-la.
- E... eu acho melhor eu ir. – diz incomodada.
Ela dá alguns passos para frente e então fecho minha mão em seu braço puxando-a para mim. A visível confusão em seu rosto só me excita ainda mais, sinto a respiração ficar difícil e a pulsação acelerar.
- Será que eu posso te dar um abraço de feliz aniversário? – pergunto rouco de excitação.
- Eu acho que você já me deu coisas demais hoje. – brinca me fazendo rir.
- Vem cá.
 Envolvo meus braços em volta dela e a puxo para um abraço. Seu rosto se aconchega em meu ombro e de repente tudo se sincroniza como se fossemos um.
Coração com coração.
Eu e ela.
Nós.
Afasto-me um pouco para encará-la fixamente, levo minha mão aos seus lábios e os acaricio.
- O que você quer de mim Alexandre? – pergunta febril.
- Eu queria poder te deixar em paz, te esquecer, não te desejar como desejo, não sonhar com você todas as noites, mas eu não consigo. – desabafo agarrando sua nuca. – Eu tentei durante as ultimas semanas e... falhei.
Seus olhos ficam úmidos e ela me fita com dor.
- Então por que você me deixou? Por que você jogou o que tínhamos pela janela como se não significasse nada?
- Porque eu sou um idiota. Fernanda... – paro tomando coragem para dizer o que tentei negar o tempo todo. – Tudo o que eu quero é você de volta pra mim.
Ela me olha confusa e me empurra para trás com raiva. Eu não poderia ter ficado mais surpreso. Não era bem essa reação que eu esperava.
- Você acha que pode simplesmente me dá um chute e depois vim querendo voltar?  E as coisas que você me disse? O modo como você me fez sentir? – ela parecia magoada e com razão.
- Fernanda...
- Eu tenho que ir Alexandre. – me cortou andando em direção a porta.
- Eu disse que te quero de volta. – repeti.
Ela parou, mas não se virou.
- Eu ouvi. Eu é que não sei se ainda quero a mesma coisa.
Ela sai e fecha a porta me deixando sozinho e confuso.
Como assim ela não quer a mesma coisa?
Se ela acha que essa conversa terminou está redondamente enganada.
Eu a trarei de volta pra mim.

8 comentários:

vi_meu_mundo disse...

Oooh como o Alexander é fofo... Um completo idiota mas fofo, só que não será fácil para ele conquistar a Fernanda com a Rebeca por perto

Josi Novais disse...

Boa observação...
Eu diria ser quase impossível eles ficarem juntos com a Rebeca por perto. :(

Unknown disse...

Então faz a Rebecca desaparecer kkkk aquela chata. ...

Josi Novais disse...

Na hora certa ela vai!
hahaha

vi_meu_mundo disse...

Quando você ira postar o próximo capítulo de rendinhas e Laçados pelo Amor???

Josi Novais disse...

Rendida acho que sexta e Laçados postei hoje! ;)

Unknown disse...

Amando demais,que estória maravilhosa ...

Josi Novais disse...

Barbara obrigada.
Estou amando ter você por aqui!

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