quinta-feira, 30 de abril de 2015

Série Rendida - Novais J.



A Vitória (Parte I)

- A documentação, assim como o contrato de vendas da última negociação com os coreanos foram encaminhados para o setor jurídico, a receita deverá ser feita de acordo com as previsões e planos de crescimento e entregue antes da próxima reunião com a diretoria. Ah e o novo programa de gerenciamento já está pronto, temos que marcar a data em que começarão as supervisões de treinamento. Agora vamos aos seus recados. – Geise passa para a próxima folha de seu bloco de notas e ajeita os óculos no rosto. – Simone Albuquerque, diretora da Master, solicitou uma reunião para a semana que vem. Marta me pediu para lembrá-la do jantar marcado para hoje na casa dela e o Sr. Alexandre também deixou um recado. – ela me olha com as bochechas rosa.
Tento conter um sorriso e coloco a mão no queixo um tanto divertida.
- Hum... e o que o Sr. Alexandre disse Geise?
Ela toma uma postura altiva tentando disfarçar o constrangimento. Geise era jovem, mas extremamente competente, quando fiz a entrevista para escolha da minha secretária ela era uma das candidatas, em poucos minutos de entrevista Geise me fez ver que ela era a pessoa que eu estava procurando.
- Bem ele disse... – ela limpa a garganta. – “Querida, poderia me ligar assim que possível ou terei que marcar uma reunião para falar com você?” – Geise tira os olhos do bloco de notas e me encara. – Ah... ele estava um pouquinho exaltado pelo que pude perceber.
- É eu sei... ele nunca me chama de querida. – dou um sorriso. – Geise, ligue para a Marta e diga que não esqueci do jantar, quanto a Simone Albuquerque marque uma reunião para o fim do mês, semana que vem eu vou me casar e estarei sem condições para pensar em trabalho.
- Oh Dona Fernanda me desculpe. – Geise coloca a mão na boca. – Não me lembrei do casamento... caso contrario teria esclarecido a Simone Albuquerque a impossibilidade de marcar uma reunião para a semana que vem.
- Está tudo bem Geise. – a tranquilizo. – Ligue e explique, tente agendar para o fim do mês, não creio que ela tenha urgência. Bom... eu vou retornar a ligação do Alexandre.
Geise assente e se retira da sala, então eu pego o telefone e ligo para o meu futuro marido. A nova secretária dele é quem atende, com a licença maternidade da Marta uma secretária temporária foi posta em seu lugar. Alexandre não admitia, mas eu sabia que ele não via a hora da Marta voltar. Esperei alguns segundos na linha e em seguida a ligação foi passada para ele.
- Agora eu tenho que deixar recado com a sua secretária para conseguir falar com você! Por que a porra do seu celular só vive desligado? Pode me explicar? – ele diz irritado sem nem ao menos me cumprimentar primeiro.
- Oi para você também, o meu celular descarregou, ele não vive desligado.
- Fernanda eu entendo o seu esforço, sei que não quer decepcionar ninguém e que a pressão em cima de você depois que assumiu o cargo do Dr. Tomas está grande, mas você não acha que está exagerando? Trabalhando demais?
- Alexandre, eu sou Diretora Comercial agora, Dr. Tomas praticamente teve que brigar com metade dos acionistas para que eles me aceitassem no cargo, estou pisando em ovos há meses, existem pessoas que esperam apenas um deslize meu para partirem pra cima de mim. – retruco aborrecida.
Talvez eu estivesse realmente trabalhando demais, mas não seria para sempre, era só até ganhar a confiança dos acionistas, quero mostrar para eles que sou capaz, que o Dr. Tomas não estava errado. Poxa o nosso casamento é semana que vem e vocês não tem ideia do quanto estou esgotada. Ser ao mesmo tempo Diretora Comercial e noiva está muito difícil, é claro que Alexandre e Marta estão me ajudando, mas ainda assim a exigência é grande.
- Lindinha eu sei de tudo isso, mas não quero que você entre em colapso. Não consigo me lembrar da ultima vez que conseguimos jantar juntos na cobertura. – ele continua.
- Alexandre nós jantamos juntos na sexta passada. – eu respondo abrindo a minha caixa de email, o setor financeiro ficou de me mandar algumas planilhas.
- Essa semana você chegou tarde todos os dias. – ele faz questão de lembrar.
Solto uma respiração pesada. Realmente cheguei tarde, mas é que devido ao casamento tiraríamos três dias de lua de mel, então eu tinha que adiantar tudo o que podia e isso significava passar mais tempo na empresa..
- Eu não acredito que vamos discutir isso agora e ainda mais aqui, no meu horário de trabalho. – o censuro. – Conversamos em casa.
- Como se você nunca está lá?! – seu tom de voz agora é um pouco desesperado. – Fernanda eu nem sequer te vi hoje! Acordei pela manhã com um bilhete seu em cima da cama dizendo que teria que chegar mais cedo a empresa, conversar por telefone não é a melhor maneira de resolver a situação, mas para mim isso foi a gota d´água. – ele para um pouco e eu posso ouvir sua respiração. – Lindinha faz uma semana que a gente não transa, não quero que me ache um insensível que só pensa no próprio pau, mas eu realmente estou preocupado conosco. Eu sinto a sua falta, eu gosto da Fernanda profissional, a Diretora Comercial bem sucedida, mas eu gosto mais da outra Fernanda, a minha Lindinha, a mulher que na próxima semana será oficialmente minha esposa.
Engulo em seco me sentindo a pior pessoa do mundo, eu estou me desdobrando em duas para não decepcionar meia dúzia de engravatados que muitas vezes nem sequer reconhecem o meu esforço e em troca estou magoando uma das pessoas mais importantes pra mim.
Merda isso não sou eu!
Essa dama de ferro desligada da vida pessoal definitivamente não sou eu!
- Alexandre...
Nesse momento Geise abre a porta da sala do Dr. Tomas, digo da minha sala (eu tenho que me acostumar com isso) e entra.
- Dona Fernanda me desculpe... – diz constrangida. – Não sabia que ainda estava ao telefone.
- Pode falar Geise.
- A sua reunião com o administrativo começa em cinco minutos.
Merda!
- Ah... eu já estou indo... – dou um sorriso inseguro.
Ele assente e sai fechando a porta.
- Alexandre eu...
- Tem que ir. – ele completa com a voz triste. – Eu escutei... você tem uma reunião.
Merda eu quero me bater agora!
- Eu prometo que em casa conversamos.
- Você está se lembrando do jantar na casa da Marta não está?
- Ah claro que estou. – Porque ela me ligou! Completo mentalmente.
- Eu comprei um carrinho para o Gugu. – ele fala de um jeito bobo e aquilo balança o meu coração.
Gugu era o filho da Marta, o nosso afilhado, e hoje ele completava três meses. Na verdade o nome era Gustavo, mas Alexandre o apelidou de Gugu. Meu afilhado é a coisa mais gostosa do mundo, sua pele macia tem uma cor morena e seus cabelos são pretos e lisos, mas tão lisos que nossas mãos chegam a escorregar.
Não foi somente a minha vida profissional que mudou nestes últimos oito meses, o homem que amo também. Acho que o Gustavo veio com uma missão especial: transformar o Alexandre. Depois daquela ultrassom algo dentro dele aflorou, por incrível que possa parecer ele foi em muitas outras e ficou até o final da consulta sem sair correndo como um fugitivo. Marta adorava é claro, ela se gabava para as outras pacientes dizendo que o padrinho do filho era participativo. Mas o mais estranho mesmo foi quando o Gugu nasceu, Marta estava na maternidade e eu e o Alexandre fomos visitá-la, Gugu estava nos braços dela e não parava de chorar, ela já tinha dado o peito e ele não quis. Eu que sempre me orgulhei do meu tato com bebes o peguei no colo, mas para minha total decepção ele só chorou mais. Então eu o ofereci para o Alexandre que até aquele momento estava no canto do quarto hipnotizado olhando para o Gugu, ele ficou frio na hora, mas estendeu os braços e o pegou um pouco desajeitado. O bebe parou de chorar instantaneamente.
Isso mesmo. Babem!
Simplesmente fiquei parada feito uma pata choca me perguntando se aquele homem era o mesmo que me disse que tinha trauma com bebes. Desse dia em diante acho que Gugu e Alexandre desenvolveram algum tipo de ligação, Marta fala que o Gustavo escolheu o Alexandre como pai do coração.
- Você acha que ele vai gostar? – a voz ansiosa do Alexandre me traz de volta. – Tem até controle remoto!
Dou uma risada.
- Amor ele ainda é pequeno para brincar com essas coisas.
- Mas ele vai crescer. – rebate e eu aposto que neste momento ele tem o cenho franzido.
- Eu acho que o Gugu vai gostar. – falo suave. – Quando puder brincar, é claro. – complemento.
- Então eu posso te esperar no saguão para irmos juntos?
- Tudo bem. Até mais tarde.
- Fernanda?
- Oi.
- Eu amo você. – diz com emoção.
Ouvir aquilo traz um alivio enorme, é a sua forma de mostrar que apesar de eu estar sendo uma idiota obcecada por trabalho ele ainda consegue me amar.
- Eu também amo você. – respondo antes de desligar.

******
Merda! A reunião com o administrativo durou mais do que o esperado. Eu estava atrasada meia hora! A Marta vai me matar... pior o Alexandre vai me matar! Ele odeia atrasos.
Assim que o elevador abre as portas saio para o saguão, caminho a passos largos tentando equilibrar as minhas inúmeras pastas quando uma risada me faz estacar e olhar para frente. Era o Alexandre, ele conversava com a Alicia e estava rindo. Na verdade ele soltava uma gargalhada estrondosa e aquilo me incomodou pra cacete. Eu adorava a gargalhada dele, mas ultimamente não a estava escutando muito e a culpa era minha. As horas em que eu deveria passar com ele para escutá-la eu passava na empresa.
Alice o toca no braço em um gesto intimo e eu bufo quase louca de ciúmes, desde que assumimos o nosso noivado ela se afastou dele, mas às vezes encontrávamos com ela por acaso em algum lugar ou ela vinha até a empresa, como hoje. Assim que chego perto eles percebem minha presença, Alicia me cumprimenta com dois beijinhos e Alexandre segura na minha mão.
- Vamos, estamos atrasados. – eu digo olhando diretamente para ele.
Alexandre olha no relógio e parece se assustar.
- Nossa nem havia percebido. – ele sorri. – Me distraí conversando com a Alicia.
- E sobre o que vocês conversavam? – pergunto sustentando um sorriso e olhando de um para o outro.
- Falávamos do meu pai, ele está inquieto em casa. Acho que já se arrependeu da sua aposentadoria. – Alicia responde.
- Nós sentimos muito a falta dele. – retruco sincera.
- Não mais que ele a de vocês. – ela brinca. – Fernanda eu estou te achando um pouco cansada.
- Ela está trabalhando demais Alicia. – Alexandre se queixa e eu reviro os olhos. – Quase não tem parado em casa.
Ele está certo, mas neste momento eu quero pular em seu pescoço. Esse é um assunto nosso!
- Não é bem assim... – minto.
- É exatamente assim. – Alexandre assegura e me encara.
- Fernanda você só pode estar louca, eu no seu lugar não sairia de casa. – Alicia fala com humor e olha para o Alexandre.
Eu sei que é uma brincadeira, mas não consigo levar na esportiva. Talvez porque sei que no fundo a Alicia gosta do Alexandre.
- Mas você não está no meu lugar. – as palavras saem da minha boca em um total desagrado.
- Fernanda foi uma brincadeira. – Alexandre diz desconfortável.
- Desculpa Nanda, eu não falei por mal. – Alicia me olha sem graça.
Oh meu Deus o que está acontecendo comigo? Será que estou passando por algum desses estágios malucos pré-casamento?
- Alicia eu é que me desculpo, não quis soar grossa. Deve ser o estresse... – digo envergonhada.
- Está tudo bem Nanda. – Alicia pega no meu braço em sinal de apoio. – Eu não vou mais atrasar vocês, tenham uma boa noite. – ela se despede e vai embora nos deixando sozinhos.
Não preciso olhar o Alexandre para saber que ele está me analisando neste exato momento.
- Me desculpa por isso, eu...
- Fernanda em casa conversamos. – me corta e eu o fito tentando saber se ele está com raiva de mim. – A Marta está nos esperando.
Eu assinto e ele me puxa pela mão em direção a saída.


Toco a campainha da casa da Marta e espero, aproveito para observar mais um pouco a Fernanda, eu estava preocupado com ela. Seu rosto tinha uma expressão cansada e os ombros estavam caídos, poderia apostar que ela havia perdido uns dois quilos. Desde que assumiu a Diretoria Comercial da empresa no lugar do Dr. Tomas Fernanda vem se afundando no trabalho cada vez mais, no inicio achei normal, mas com o tempo ela foi ficando obcecada e com a aproximação do casamento a coisa só piorou. Eu reconhecia a sua luta para dar conta de tudo, Fernanda estava se desdobrando, às vezes parecia ser duas em uma, mas a verdade é que aquilo não estava funcionando. Principalmente para nós. Porra como eu sentia a falta dela, não só do sexo, mas dela em si, das nossas conversas, das nossas risadas e até mesmo das nossas brigas infindáveis.
- Até que fim vocês chegaram! – Marta aclama assim que abre a porta. – Pensei que não fossem vim mais!
- A Fernanda atrasou um pouquinho. – esclareço dando um beijo em seu rosto e passando por ela, Fernanda vem logo atrás.
- Então ela continua trabalhando demais. – Marta lança um olhar acusador para Fernanda.
- Pronto! Agora todo mundo resolveu implicar comigo. – Fernanda se irrita e senta no sofá visivelmente cansada.
- Nanda ninguém está implicando, nós só estamos preocupados. – Marta senta ao seu lado.
- Cadê o Gugu? – pergunto mudando de assunto, mais tarde conversaria com a Fernanda. – Eu trouxe um presente! – balanço a sacola que trago na mão.
- Está no quarto com o Sérgio. – Marta sorri. – Vá até lá, aproveite e os traga, o jantar será servido.
Assinto e dou uma ultima olhada na Fernanda, ela tem a cabeça apoiada no encosto do sofá e os olhos fechados, parece esgotada.



- Vamos Fernanda! – Marta me sacode e eu abro os olhos assustada. – O que está acontecendo?
- Como assim? – a encaro me ajeitando melhor no sofá.
- Vocês discutiram? – ela ergue uma sobrancelha.
- Oh Marta e você acha que ando com tempo para discutir? – pergunto com uma expressão derrotada. – Ele está chateado com essa minha rotina maluca.
- E com razão não é? Fernanda eu entendo tudo o que você está fazendo, mas me responde somente uma coisa? Está valendo o sacrifício?
- No campo profissional sim. – dou de ombros.
- E no pessoal?
- Não. – abaixo a cabeça. – Eu sinto a falta dele, mas não vai ser assim para sempre é só até os acionistas pararem de me pressionar, eu não quero vacilar Marta, eles só estão esperando um errinho meu para...
- Fernanda eu sei disso, mas tem que haver uma forma de você continuar o seu trabalho sem prejudicar sua vida pessoal. Poxa vocês se casam na semana que vem! Querida eu vou lhe dizer uma coisa, casamento exige muito das duas partes é praticamente um segundo emprego, precisa de atenção, administração, paciência e tempo.
Coloco a cabeça entre as mãos para me acalmar após as palavras da Marta, ela estava coberta de razão.
- Você já descobriu para onde ele foi mês passado? – pergunta Marta após um tempo.
- Não. Estou esperando ele falar algo, mas também não posso reclamar, mal fico em casa. – respondo com uma expressão neutra.
No mês passado Alexandre viajou, segundo ele a Universidade Federal do Amazonas o havia convidado para palestrar em um evento sobre Empreendedorismo e Gestão de Negócios, ele disse ainda que aproveitaria a viajem para se encontrar com alguns empresários amazonenses, se não me engano Alexandre ficou fora cerca de vinte dias. O problema é que mentira tem perna curta, há alguns dias abri sem querer uma correspondência dele que estava junto com as minhas e olha só a ironia, era um convite da Universidade Federal do Amazonas para o evento que ele já havia participado só que o mesmo estava com a data marcada para a semana que vem.
É claro que eu o confrontei, perguntei o porquê de ele estar recebendo um convite para uma palestra quando ele já havia participado da mesma no mês passado e ele veio com uma desculpa sem pé e nem cabeça de que houve um erro na data dos convites de alguns dos palestrantes convidados, ele até brincou dizendo que o correio deve ter feito o caminho mais longo de entrega, pois o convite além de errado chegou atrasado.
Você engoliu? Pois é, eu também não. Contei para a Marta o que havia acontecido e ela disse que só teria uma maneira de descobrir a verdade. Ligamos para a Universidade e o que eu já suspeitava se confirmou: Alexandre mentiu. Não houve palestra alguma no mês passado, a palestra seria este mês.
- Nanda você tem sangue de barata, eu no seu lugar já teria confrontado o Sérgio! – Marta fica indignada.
- Marta o Alexandre nunca mentiu para mim, essa foi a primeira vez. Então algum motivo ele deve ter tido e eu tenho certeza que cedo ou tarde ela vai me contar. Por mais que eu fique intrigada, no fundo algo me diz que ele nunca faria nada para me magoar.
- Mas não estou dizendo que ele fez algo de errado. – Marta intervém. – O Alexandre ama você e depois de tudo que passaram duvido que ele fosse louco de fazer algo que colocasse a relação de vocês em risco, mas o fato é que ele mentiu e está escondendo algo.
- Eu acho que talvez seja alguma surpresa de casamento. – pondero. – Pode ser isso não pode? – pergunto esperançosa.
- É verdade, pode ser que seja isso. – Marta sorri e se levanta. – Vamos continuar o papo na cozinha? Tenho que por a mesa.
- Ok, eu te ajudo.


Paro na porta do quarto e observo Sérgio embalar o meu afilhado nos braços, ele chora copiosamente e Sérgio o troca de posição para obter sucesso em sua missão, mas não adianta, Gugu não para de berrar.
- Sérgio que vergonha! Quando você vai aprender as manhas? – me aproximo com um sorriso presunçoso no rosto. – Passa o meu afilhado para cá. – exijo estendendo os braços.
- Falou a Super Nany, da última vez que você trocou a fralda dele a parte de trás estava na frente e vice-versa. – ele me zoa e eu cerro os olhos.
- Isso só aconteceu porque você me azucrinava enquanto eu a colocava. – me defendo colocando a sacola com o presente em um sofá pequeno. – Agora me dá o Gugu.
Sérgio revira os olhos me passando o bebe, eu o ajeito em meus braços e ele me fita com aqueles olhinhos cor de chocolate.
- E aí garotão! Seu padrinho trouxe um carrinho de controle remoto pra você! – digo animado e o choro dele vai se tornando mais fraco a cada instante era sempre assim, eu o pegava e ele parava de chorar.
- Alexandre ele só tem três meses. – Sérgio gargalha. – Você é muito sem noção!
Cerro o maxilar.
- Eu acho que alguém aqui morre de ciúmes de você Gugu. – provoco. - Só porque eu sei fazer você parar de chorar.
- Há-Há-há muito engraçado Alexandre. – Sérgio bufa.
- Você será flamenguista não é campeão? – brinco com o Gugu e ele me dá um sorriso banguelo.
- São-paulino. – Sérgio range os dentes. – Ele será são-paulino como o pai.
- Vai falar dindo antes de papai. – eu aperto o narizinho do Gugu.
- Nunca! – Sérgio se irrita. – Quer parar de por ideias na cabeça do meu filho?
- Olha campeão o papai ficou bravo! – dou uma risada aconchegando o Gugu em meus braços.
- Ainda bem que ele não entende porcaria nenhuma do que você fala, caso contrário eu estaria perdido. – Sérgio reprova. – Vou para a sala ver se Marta quer alguma ajuda com o jantar, você traz o Gustavo.
- Daqui a pouco vamos, não é garotão? – brinco mais uma vez só para vê-lo sorrir pra mim.
Sérgio sai do quarto nos deixando sozinhos, eu não entendo a ligação que tenho com o Gustavo, só sei que quando o tenho em meus braços sinto um amor enorme. Foi assim desde a primeira vez em que o peguei, ele chorava e então Fernanda o entregou para mim e como em um passe de mágica seu choro cessou instantaneamente.
Sinto-me amado todas as vezes que o pequeno Gustavo olha ou me dirige um sorriso, nesses momentos não consigo pensar em mais nada. É uma explosão de sensações bem aqui dentro do meu peito, quero amá-lo, protegê-lo e cuidá-lo, ele é tão frágil e indefeso.
*******
Os jantares na casa da Marta tinham como marca registrada a diversão. Sérgio não perdia a oportunidade de comentar o quanto eu tinha tato para cuidar do Gustavo, nunca admitiria isso em voz alta, mas realmente eu não levava o menor jeito, o mais importante é que Gugu não se importava se eu sabia ou não trocar fraldas, ele me adorava e ponto. Sempre que o Gustavo fazia um mês de vida nós reuníamos para um jantar, foi assim desde o primeiro mês e acabou virando rotina, eu sempre levava presentes, presentes estes que o Sérgio fazia questão de dizer que eram inapropriados para a idade do filho. No primeiro mês dei uma bola de futebol, no segundo uma piscina de bolinhas em formato de dinossauro e hoje trouxe um carrinho de controle remoto, Marta sempre me defendia das zoações do marido dizendo que Gugu poderia brincar assim que crescesse. Após o nascimento do Gustavo me aproximei muito do Sérgio, ele era um cara legal e extremamente calmo, além de engraçado, às vezes até saíamos juntos para assistir a alguns jogos de futebol nos estádios ou tomar cerveja em algum barzinho, acho que posso dizer que nos tornamos amigos.
Depois do jantar fomos para a sala tomar café, Fernanda se sentou no sofá com o Gugu nos braços e eu a secava como um bobo, ela nasceu para ser mãe, acho que essa característica já veio em seu DNA. Um filho nosso seria uma mistura interessante, nós dois temos gênios fortes, dei um sorriso com o pensamento.
Após ler o artigo do Lucas sobre reversão de vasectomia, há alguns meses atrás, fiquei com mais dúvidas, Lucas acabou cumprindo sua promessa e veio a São Paulo com a família, ele se hospedou na cobertura e tivemos uma conversa sobre o assunto, achei que todo aquele interesse da minha parte era apenas curiosidade, mas não, era algo muito maior. Acompanhei de perto a gravidez da Marta, fui há mais algumas consultas e o fascínio só aumentava, quando o Gustavo nasceu e eu o peguei nos braços pela primeira vez foi que consegui entender o que o meu coração dizia.
Eu tenho algo de bom para oferecer e o melhor... eu quero oferecer.
Matematicamente minhas chances eram boas, mesmo quatro anos após minha vasectomia eu tinha noventa por cento de chances de ter sucesso na reversão e Fernanda setenta por cento de chances de engravidar. Lucas disse que se eu esperasse mais, não poderia ter tanto sucesso.
Foi aí que me decidi.
Há um mês fiz a cirurgia e recuperei minha fertilidade, Fernanda não sabe de absolutamente nada, no inicio eu não quis contar para não gerar expectativas, poderia dar tudo certo, como também poderia não dar. Caso a reversão não ocorresse como o esperado eu estava disposto a tentar ter um filho de outra forma, quem sabe uma inseminação artificial ou adoção, mas deu certo e agora eu procurava a melhor forma de contar a Lindinha.
- Ah eu fiz pudim! – Marta fala de repente na sala e eu volto do transe em que me encontrava. – Vou buscar na cozinha. – ela se vira para mim. – Pode me acompanhar para ajudar a trazer os pratos e talheres?
- Pode deixar que eu vou amor. – Sérgio se oferece.
- Não querido fique com a Nanda e o Gugu. – ela recusa. – O Sr. Alexandre vai.
Ela anda na frente e eu a acompanho, Marta entra na cozinha e abre a geladeira tirando um pudim que pela cara estava muito bom.
- Quando você vai contar a Nanda sobre a casa? Espero que seja logo porque eu não vou aguentar manter segredo por muito tempo. – Marta dispara colocando o pudim sobre a mesa e abrindo o armário para tirar alguns pratos e talheres.
Eu havia comprado uma casa para morarmos assim que nos casássemos, como eu queria fazer surpresa pedi a Marta para me ajudar na decoração.
- Marta, por favor, você prometeu que não ia falar nada. – me desespero com medo dela abrir a boca e estragar a surpresa.
- Eu sei que prometi, mas às vezes fico com medo de soltar sem querer, é que a casa ficou tão linda e eu estou tão animada!
- Ela vai saber na nossa lua de mel. – dou um sorriso. – Eu vou levá-la para lá.
- Ai que bonitinho. – Marta se aproxima de mim e aperta minhas bochechas me irritando profundamente.
Quantos anos ela acha que tenho?
- Marta para com isso eu não sou criança! – me irrito e me afasto dela indo para o lado oposto da cozinha.
- Desculpa! – ela dá uma gargalhada. – É que acho tão fofo tudo o que você está fazendo. – ela fica emocionada. – Não preciso nem consultar uma bola de cristal para saber que vocês serão felizes.
Acompanho o sorriso que ela acaba de me oferecer.
- Nem eu.


Assim que Alexandre abre a porta da cobertura eu entro e me jogo no sofá, Yellow vem correndo e pula no meu colo. Ele está maior e bem gordo, apesar de não ser mais um filhote a fofura não o abandona.
- Ei o que foi? – pergunto a ele com voz doce. – Parece triste.
- Pelo visto não é só eu que sinto a sua falta. – Alexandre fala passando por mim, ele para e faz um carinho na cabeça do Yellow. – O bola de pelos também.
Ergo a cabeça para encará-lo e nossos olhos se encontram, Alexandre solta um suspiro e então volta a andar, ele sobe as escadas de dois em dois degraus e vai para o quarto me deixando sozinha com o Yellow.
- Eu tenho sido uma pessoa péssima com vocês não é? – indago encarando o bichano. – Você acha que eu devo ir lá em cima falar com ele? – Yellow mia me fazendo rir. – Isso foi um sim?
Coloco Yellow no sofá e coço a barriga dele por alguns segundos, depois subo as escadas e vou atrás do Alexandre. Abro a porta do nosso quarto e o encontro desabotoando os botões da camisa na frente do espelho, sento na cama e o observo em silencio, Alexandre tira a camisa me presenteando com a melhor visão do meu dia e eu mordo o canto da minha boca.
- Eu sei que tenho sido uma idiota me matando de trabalhar e deixando a gente de lado. Eu só estou tentando fazer o melhor, mas acabo me esquecendo que por mais que eu tente nunca vou conseguir ser cem por cento em tudo. – começo chamando a atenção dele que me olha através do espelho. – Me perdoa?
Alexandre se vira e caminha até a cama sentando bem pertinho de mim, ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e me estuda.
- Eu não quero competir com o seu trabalho, pelo contrario eu tenho muito orgulho do que você vem desenvolvendo na empresa. – ele chega mais perto e segura na minha nuca. – Mas eu preciso que você ajuste as coisas Fernanda, que você tenha um tempo para você, para nós.
- Eu vou ajustar. – beijo meus dedos cruzados. – Prometo.
- Eu sinto a sua falta. – ele beija a minha testa demoradamente. Sua mão entra na minha saia social e aperta minha coxa. – Está muito cansada?
- Pra que? – gemo quando ele morde a minha orelha.
- Para dar um jeito no meu problema. – responde me provocando com lambidas no pescoço, minhas mãos deslizam por suas costas sentindo os músculos sólidos. – As coisas aqui embaixo andam bem duras ultimamente.
Como se para provar, Alexandre me pega pela cintura e me traz para seu colo, coloco uma perna de cada lado do seu corpo sentindo sua ereção oscular meu sexo, ele aperta os meus seios com as mãos e eu gemo em resposta. A Alicia tinha razão, eu só podia estar louca passando horas na empresa e me privando dessa delicia que tenho em casa.
Matem-me, por favor!
- Lembra aquele filme que assistimos juntos não faz muito tempo? – mais que raios de perguntas é essa? Eu estou transbordando de excitação e ele vem me falar de filme?
- Qual? – murmuro em transe, pois suas mãos continuam a esmagar meus seios em uma tortura alucinante.
- Aquele que o protagonista é um bombeiro. – sua voz sai rouca.
Hum... agora me lembrei. Eu chorei muito, o que não é novidade em filmes de romances. O nome deste a que Alexandre se referia era À Prova de Fogo, o bombeiro em questão é um marido ausente e depois de sete anos de união o relacionamento está chegando ao fim. O seu pai pede então que ele inicie uma experiência de 40 dias, denominada “O desafio do amor”, na tentativa de salvar o casamento.
- Eu me lembro do filme. – afirmo enlaçando seu pescoço com os braços.
- Então... você disse que praticamente todas as mulheres tem fantasias com bombeiros.
- Hunrum... isso é um fato.
Alexandre me tira do seu colo e me coloca de volta na cama, ergo as sobrancelhas surpresas.
- Eu não quero a minha futura mulher tendo fantasias com outros homens. – ele se levanta e o olho boquiaberta. O que é isso? Crise de ciúmes logo agora?
Ele caminha até o closet e saí de lá com uma grande sacola preta nas mãos.
- O que está acontecendo?
Ele chega perto de mim e eu perco o rumo com o seu peitoral exposto.
- Você fica aqui e me espera. – ele diz com um sorriso que nunca presenciei em seus lábios e depois some para dentro do banheiro fechando a porta atrás de si.
Cruzo os braços totalmente atônita. Alguém pode me explicar que merda está acontecendo?
 Primeiro ele vem com um papo de filme bem na hora do nosso amasso, depois fala de fantasias com bombeiros e agora some para dentro do banheiro me deixando sozinha.
Me apoio na parede e tiro as sandálias de salto, quando meus pés tocam o chão o alivio é instantâneo, ando pelo quarto de um lado para o outro esperando que meu futuro marido saia de dentro do banheiro, mas até agora nada. Caminho até a porta decidida a arrombá-la se for necessário, mas ela se abre antes que eu chegue.
Oh. Meu. Deus.
Meu forninho caiu!
Alexandre está vestido de bombeiro e que bombeiro...
Ele veste um blusão anti-chamas totalmente aberto expondo seu tórax e sua barriga tanquinho, a calça bege com cinto vermelho aperta suas pernas com tamanha perfeição que me deixa salivando e as botas dão uma finalização especial ao visual.
Imaginem... Não! Não imaginem!
Eu quero essa imagem só para mim.
Puta que pariu ele está sexy demais...
Bendito filme!
Ele caminha até onde estou e coloca um sorriso safado na boca que molha minha calcinha em questão de segundos.
- Foi aqui que chamaram um bombeiro? – pergunta me puxando para ele.
Certamente!
- F... foi. – balbucio tomando fôlego.
- Onde é o incêndio? – seu olhar desce para meus seios que sobem e descem sob a blusa.
Oh... tem um acontecendo neste exato momento bem no meio das minhas pernas.
Penso e minhas bochechas ficam rosa.
- E com o que você vai apagar o incêndio? – a pergunta escapa da minha boca e ele me fita com os olhos desdenhosos.
- Com a minha mangueira.
- Oh... e ela é muito grande?
Os olhos dele se escureceram com a pergunta, então ele me vira de costas com rapidez, minhas costas batem em seu peito, meu bumbum se choca com a sua ereção. Alexandre envolve minha cintura com seu braço e sua boca roça em meu pescoço.
- Ela é enorme. – sua voz ofega e minhas pernas ficam bambas. – Eu estou louco para fazer você sentir a potência dela.
Oh Deus!
Alexandre me vira pra ele e puxa minha blusa de dentro da saia, ele desabotoa os botões revelando meu sutiã meia taça com estampa de oncinha e em instantes a blusa é passada pelos meus ombros indo de encontro ao chão. Com os olhos fixos nos meus ele abre o fecho do meu sutiã e os meus seios ficam livres, eles estão pesados, inchados clamando pelo toque dele.
Alexandre poe meu mamilo na boca chupando com força, gemo enterrando a minha mão em seus cabelos e clamando desesperada, seus dentes prendem o bico causando um prazer alucinado no meu corpo, ele passa para o outro seio dando a mesma atenção e eu tenho que me segurar nele para não desabar.
- Me diz. – ele exige chupando a base do meu seio, me marcando como sua.
- O... que?
- Que você quer meu pau aqui... – sua mão entra na minha saia e sobe até encontrar a minha calcinha, ele a afasta para o lado e introduz dois dedos em mim. – Caralho! Que bocetinha mais molhada...
- Me foda Alexandre! – grito, ou melhor, imploro. – Me foda, por favor!
 Ele se afasta e tira o blusão o atirando longe, suas mãos apressadas desafivelam o cinto e abrem o botão da calça e em seguida descem o zíper, Alexandre abaixa a calça junto com a cueca até o meio das pernas e seu membro salta para fora duro, grande e potente. Ele me puxa pelo braço ferozmente e levanta minha saia até a cintura, com um simples puxão minha calcinha é rasgada em dois pedaços.
- Vou enterrar o meu pau nessa bocetinha viciante do caralho! – ele ruge erguendo minhas pernas do chão e as passando em volta do seu quadril.
O abraço pelo pescoço e deslizo para dentro dele, Alexandre caminha pelo quarto e minhas costas batem na parede, então ele começa a estocar duro dentro de mim, me penetrando profundamente.
- Ah meu bombeirão! – grito rebolando no seu pau.
Suas mãos cravaram em minha bunda e sua boca chupa meu pescoço arrepiando cada pelinho do meu corpo. Não demoro a gozar, Alexandre parece me rasgar por dentro, empurrando meu útero a cada movimento de vai-e-vem.
- Ah Alexandre! – convulsiono perante o orgasmo, nunca gozei tanto em minha vida, agora eu entendo o que era uma ejaculação feminina.
Alexandre não cessa com seus movimentos rápidos e precisos, o tesão chega a ser concreto, ele mergulha dentro de mim me fodendo duro, alargando as paredes do meu sexo, exigindo seu espaço. Sua boca encontra a minha e ele chupa o meu lábio inferior antes de enroscar sua língua fervente na minha, o beijo se aprofunda molhado, salivante e eu o sento no fundo da minha garganta.
Meu corpo se circunda e eu gemo baixinho, Alexandre aprofunda as estocadas ora rápido, ora lento e eu gozo mais uma vez. Meu mundo gira e eu tenho que interromper o beijo para tomar fôlego, mordo meus lábios inchados e fecho os olhos sentindo-o todo, completo. Alexandre enterra a cabeça nos meus seios enquanto o seu corpo treme, ele estava perto, bem perto. Mexo os meus quadris em movimentos giratórios e ele solta uma série de palavrões, suas estocadas passaram a ser refreadas, em um espaço de tempo maior, mas continuam duras me fazendo pular, até que ele para de se mover e enterrado em mim goza, seu jato quente me submerge em um mar de sensações indescritíveis.
- Fernanda... – meu nome escapa de sua boca como uma prece.
Crio forças e o encaro, minhas pernas se soltam do seu quadril e meus pés tocam o chão.
- Oi.
- Eu quero ser tudo pra você, quero que só fantasie comigo, que só pense em mim...
Um sorriso surge nos meus lábios, ele havia ficado com ciúmes do bombeiro do filme!
- Você sempre foi tudo pra mim, eu posso até achar outros homens bonitos, o que é normal, mas eles são drasticamente humilhados quando os comparo a você, porque para mim só existe você.
Ele me olha enfeitiçado.
- Ouvir isso fez um bem enorme para o meu ego, ele estava bem machucado já que nos últimos dias eu estava sendo trocado por reuniões e papeladas. – implica de bom humor e eu cerro os olhos para ele.
- Não fiz por mal. – faço beicinho. – Eu só queria...
Ele coloca o indicador em meus lábios.
- Eu sei, está tudo bem. – sorri. – Mas não vou admitir que você volte a trabalhar como vinha fazendo.
- Depois de você me mostrar o que eu estava perdendo isso está totalmente fora de cogitação! – brinco e ele sorri depositando beijinhos na minha bochecha.


Acordo sentindo cócegas na barriga, abro os olhos e Fernanda está distribuindo beijos suaves no meu abdômen, enrolo minha mão no seu cabelo e a puxo para cima, percebo que já acordou a um tempo, ela veste uma blusa minha e seus cabelos estão molhados cheirando a shampoo.
- Hum... que belo jeito de despertar, acho que vou querer isso todos os dias. – minha mão aperta a bunda dela.
- Não se anime! – ela tira minha mão e eu franzo o cenho. – Eu tenho algo muito importante para fazer agora.
Minha expressão se fecha, ela tinha me prometido ontem que não ia voltar a trabalhar como uma louca! Apoio minhas mãos no colchão e me sento com a expressão nada boa.
- E o que é tão importante assim? – cruzo os braços.
- O seu café da manhã. – ela diz entre risadas e eu me sinto um bobo por duvidar que ela faltaria com a palavra. – Eu mesma vou preparar e trazer aqui... na cama.
Dou um sorriso de canto.
- Que tal você ser o meu café da manhã?
Ela bate no meu braço.
- Seu tarado!
Solto uma gargalhada e ela se levanta, a vejo vestir um shortinho e minha ereção matinal entra em cena, ela está sexy com a minha camisa e esse short.
 - Eu volto logo com o seu café. – ela pisca pra mim e me dá as costas me fazendo vibrar com a visão da sua bunda.
- Não se iluda Lindinha, mesmo que você traga um banquete, ainda será você que vou querer comer. – provoco e ela se vira com um sorriso lindo no rosto.
- Depravado! – ela pega uma almofada da poltrona e atira em mim antes de sair pela porta.


Desço as escadas saltitante, não há limites para ser feliz quando se tem ao lado alguém como o Alexandre.
Como ele consegue ser tão perfeito?
Tomo a direção da cozinha quando a campainha toca, olho para a roupa que estou vestida em dúvida se devo atender a porta assim ou não, a blusa do Alexandre me cobre até o meio das pernas e por baixo visto um short, não estou descomposta afinal. Como o porteiro não interfonou imagino que deva ser alguém intimo ou talvez alguma entrega, passo a mão pelos cabelos molhados ainda do banho e atendo a porta.
- Bom dia Dona Fernanda. – o porteiro me saúda. – Deixaram isso aqui lá na portaria endereçado a senhora.
Ele tem uma expressão desconfortável e eu entendo o porquê quando meus olhos desviam do seu rosto para o que ele tem nas mãos: uma coroa de flores. As flores estas que estão pintadas de preto e há ainda uma faixa branca enorme contornando a coroa com os dizeres: Saudades Eternas.
Engulo em seco com aquela visão macabra e meu corpo se arrepia.
- O mais estranho é que falaram ser um presente de casamento. – o porteiro fala constrangido e eu seguro no batente da porta para não cair.
Respiro fundo buscando o ar, não consigo desviar os olhos daquela coroa cheia de flores negras, abraço meu próprio corpo para me proteger, sinto meu rosto molhado e então percebo que estou chorando. Choro por medo, aquilo significa morte. A felicidade que sentia agora a pouco evapora como fumaça e eu me desespero.
- ALEXANDREEE! – grito com todas as minhas forças.
Eu preciso dele depressa.
Preciso dos seus braços em volta de mim.
Meu porto seguro.
Meu tudo.

2 comentários:

vi_meu_mundo disse...

Tomará que a surpresa da Rebeca seja somente isto.

vi_meu_mundo disse...

Quando sairá o próximo capítulo Josi?

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