Quando o inesperado acontece...
Além de feliz, foi uma semana
maravilhosa. Não há no mundo coisa melhor do que ter ao seu lado uma família
que te ama e o homem da sua vida. Cada dia se confirma a certeza de que ele é a
pessoa que esperei para viver o meu felizes para sempre.
- Vocês não podem mesmo ficar mais
uns dias? – pergunta mamãe em meio ao seu mar de lágrimas.
Alexandre e papai estão a alguns
metros de nós, eles conversam animados enquanto colocam as bagagens no
porta-malas do GMC Yukon Hybrid. Esses dois se aproximaram tanto nos últimos
dias, papai o trata como um filho e praticamente chamou o Alexandre para todos
os programas que ele costumava fazer comigo. Pode isso?!
Sim,
é isso mesmo que você está pensando. Eu estou com ciúmes do meu pai com o meu
namorado!
- Mãe não dá. O Alexandre não pode
ficar tanto tempo afastado da empresa. Ele acabou de fechar um contrato importante.
– explico pela trigésima primeira vez a situação para a mamãe.
Ela assoa o nariz em um lencinho e
me abraça.
- Oh filha essa casa vai virar um mausoléu
sem vocês...
Ela fala aquilo com uma tristeza tão
profunda que eu não aguento e começo a derramar lágrimas também.
- Já está tudo pronto. Podemos ir à
hora que você quiser Fernanda. – Alexandre avisa se aproximando com o meu pai.
Saio do abraço da mamãe e limpo as
lágrimas dela, depois vou até o papai e me atiro em seus braços.
- Promete que vai se cuidar de agora
em diante? – sussurro carinhosa.
- Prometo meu bem. Não se preocupe.
Eu te amo.
- Também te amo pai.
Alexandre abraça a mamãe e depois se
aproxima do papai para um aperto de mão. Papai segura em sua mão e depois o
puxa para um abraço caloroso com direito a três tapinhas nas costas.
- Estamos esperando vocês para uma
visita em São Paulo. – diz Alexandre se juntando a mim.
- Nós iremos com certeza. – papai garante
sorridente passando o braço nos ombros da mamãe.
- E o casamento? É para quando?
Puta
que pariu!
A
minha mãe tinha que soltar uma de suas pérolas.
- Mãe! – a repreendo com os dentes
cerrados.
- Querida que mal tem em perguntar?
– ela se faz de inocente.
Cerro os olhos.
- Não ligue para ela Júlia, não vi
mal nenhum na pergunta. – diz Alexandre.
Cuma?
Mamãe e papai dão ao Alexandre dois
sorrisos satisfeitos e eu o fito boquiaberta.
O que ele quis dizer com aquilo?
Será que ele quer casar?
C-O-M-I-G-O???
Para
com isso Fernanda!! Ele só quis fazer média com a sua mãe.
- Vamos? – ele pergunta sorrindo
para mim.
- Sim. - consigo dizer.
Meus pais acenam e nós entramos no
carro, Alexandre dá a partida e freia bruscamente quando um maluco entra na
frente do automóvel.
- Ivo?
- Cabelo de menina?!
- Cabelo de menina?!
Eu e o Alexandre falamos juntos. A
diferença é que o meu tom foi de surpresa e o dele de raiva.
- Ivo seu maluco! Você quer morrer?
– Fernanda fala abrindo a porta do carro e indo ao encontro dele.
Bato a mão com força no volante e reviro
os olhos.
O
que esse Mané quer?!
Tento. Juro que tento com todas as
minhas forças ficar dentro daquele maldito carro, mas abro a porta e saio me
juntando a eles. Tenho vontade de vomitar com o jeito que ele olha para a minha
Lindinha. Porque é isso que ela é desde que pós os pés pela primeira vez na
minha sala para uma entrevista de emprego MINHA.
- Poxa Nanda, você já vai embora?!
Nem tivemos tempo de conversar direito. – Ivo lamenta.
Passo o braço pela cintura da
Fernanda e encaro Ivo com uma expressão zombeteira.
- Pois é nós já vamos embora, aliás,
você está nos atrasando. – dou um sorriso.
- Alexandre! – Fernanda me
repreende.
- Será que poderíamos conversar a
sós Nanda? – Ivo pergunta me dando um olhar que diz “você é um intruso aqui”.
- Eu acho que não entendi direito.
Você quer conversar com a minha namorada a sós? – ergo uma sobrancelha.
- Exatamente. – responde
tranquilamente.
Como
é que é? O cabelo de menina pirou de vez?
Cerro os olhos colocando o dedo na
cara dele.
- Escuta aqui seu cabelo de...
- Escuta aqui você! É melhor tirar
esse dedo da minha cara! – ele eleva o tom de voz.
Dou um sorriso sarcástico.
- Eu vou tirar o dedo sim, porque
vou enfiar é a minha mão inteira nela seu babaca. – parto pra cima dele, mas
sou puxado pelo braço pela Fernanda.
- Alexandre para com isso! – ela me recrimina
bastante irritada. – Vocês dois parecem duas crianças! Já chega!
- Mas foi ele quem começou amor. –
digo fazendo a minha cara de inocente.
- Não importa quem começou! Entra no
carro e me espera lá.
- O que?!
- Você ouviu. – ela diz. – Vão ser
só cinco minutos.
- Não confia na namorada? – Ivo
perguntou cruzando os braços.
Eu
confio na Lindinha, é nesse cabelo de menina de satanás que eu não confio!
- Tudo bem. Cinco minutos. – digo
por fim. – Eu te espero no carro. – dou um beijo na testa dela e em troca recebo
um sorriso lindo por meu comportamento maduro.
Por
dentro estou gritando!
Caminho de volta para o carro, mas
paro e volto ficando de frente para o Ivo.
- Se você passar dos limites eu saio
daquele maldito carro, arranco esse seu cabelo de menina e entrego de doação
para uma fábrica de perucas! – o ameaço.
- E então Ivo. – o incentivo a falar
algo.
Ele olha para o carro em que o
Alexandre está e depois me encara.
- Eu sempre achei que você fosse a
mulher certa. Pode parecer maluquice, mas eu tinha certeza que íamos ficar
juntos. Achei que poderia dar a volta ao mundo porque quando eu voltasse você
estaria me esperando aqui ou em qualquer outro lugar do planeta. – ele coloca
as mãos nos bolsos e respira pesadamente. – Parece que o troglodita me passou a
perna.
Dou um sorriso.
- Ivo você foi o meu primeiro amor,
eu nunca vou te esquecer. Só que a gente
não escolhe essas coisas e eu acredito que se você gosta tanto assim de mim vai
ficar feliz com a minha felicidade.
- E eu estou, acredite. Apesar de
ser um grosseirão, idiota, mal educado e briguento ele te faz feliz. – ele
suspira e depois continua. – Posso te dar um abraço? De despedida?
Abro os braços e o acolho em um
abraço sincero. O Ivo é uma cara especial, ainda encontrará a sua felicidade.
- Se não der certo com ele,
lembre-se de que estarei aqui. Eu ainda acho que sou o melhor para você. –
sussurra.
- Eu o amo Ivo e ele me ama também.
Isso significa que se não der certo uma vez sempre vamos querer tentar de
novo... e de novo.
Ele me fita dando um sorriso triste,
mas sei que no fundo ele me compreendeu.
- Boa viagem.
- Obrigada. – me despeço.
No caminho de volta ao carro uma
coisa fica bem clara para mim. O Ivo é o tipo de homem por quem eu sempre quis
me apaixonar, ele até tem todas as dez qualidades essenciais de um Top Ten (gentil, batalhador, firme,
gostoso, integro, charmoso, engraçado, equilibrado, companheiro e amoroso.),
mas os meus gostos mudaram. O Alexandre me ensinou que não é necessário ser
perfeito para fazer ninguém feliz, só precisa ser você mesmo.
Entro no carro e coloco o cinto de
segurança.
- Tudo resolvido? – ele me pergunta
ligando o carro.
- Sim.
- Posso saber o que o cabelo de
menina queria? – tenta soar normal.
- Só se você me disser o porquê não
gosta dele.
Alexandre me fita irritado e eu amo
essa carranca emburrada que ele faz.
- Ele quer te comer, ou vai dizer
que você não percebeu?
- Esse seu jeito educado de explicar
as coisas é comovente. – zombo.
- Muito engraçado Fernanda.
Realmente muito engraçado. Agora é a sua vez, o que ele queria?
- Bom... ele disse que você passou a
perna nele, mas que está contente com a minha felicidade e reconhece que você
me faz feliz. – digo pulando as partes comprometedoras, já que acho capaz do
Alexandre voltar somente para deixar o Ivo com um olho roxo.
- Só isso? – me olha desconfiado. –
Ele não deu em cima de você?
- E... eu não sei bem o que você
considera dar em cima. – fico na retaguarda.
- Ok. Não precisa dizer mais nada,
ele deu em cima de você. – afirma aborrecido. – E você não ia me contar nada.
Por que será? Hum... deixa eu pensar... talvez você tenha gostado! Até abraço
deu nele.
Pronto. Ele conseguiu me irritar.
- Ivo não me desrespeitou em nenhum
momento e antes de tudo ele é meu amigo. Acho tão idiota da sua parte dizer que
gostei, quando na verdade é você quem tem uma ex-esposa circulando pela sua
empresa e te cercando!
Alexandre passa as mãos pelos
cabelos e me encara.
- Ela está lá a contragosto e acontece
que eu não dou mole para a Rebeca.
Minha boca vira um O perfeito.
- Você está dizendo que eu dei mole
para o Ivo? – pergunto ofendida.
Ele sustenta o meu olhar e depois
suspira voltando sua atenção para a estrada.
- Eu não quis dizer isso. Só não
quero que você me faça de idiota. – sua voz estava mais calma, porém com um tom
amargo.
- Se você acha que sou capaz disso
então porque está comigo?! – minha voz sai com tanta raiva que ele acaba me
fitando. – Eu não sei que tipo de trauma é esse que você tem, até porque você
nunca me diz nada. Só não admito que você se ache no direito de me julgar pelos
erros dos outros.
Cruzo os braços e viro o rosto para
a janela o ignorando completamente.
Babaca!
Sei que sou um idiota. Não precisa
se dar ao trabalho de me dizer.
Eu não queria ter brigado com ela e
muito menos ter dito o que eu disse. Eu amo tanto a Lindinha que às vezes acabo
metendo os pés pelas mãos e falando merda.
Ela me ignorou durante as três horas
de viagem e eu mereci isso. Quando estacionei de frente para o prédio dela,
Fernanda abriu a porta e saiu sem nem ao menos olhar na minha cara. Subi com
ela até o seu apartamento levando sua mala.
- Bom eu vou indo. – digo colocando
a mala em um canto da sala.
Ela assentiu.
- Obrigada. Por tudo.
- Não precisa agradecer, eu vou para
casa resolver um assunto e mais tarde passo aqui.
- Acho melhor não, eu vou dormir
cedo.
Ok.
Ela não quer me ver.
- Então amanhã cedo eu passo para te
levar para a empresa.
- Tudo bem. – ela abre a porta. – Até
amanhã.
Ando até ela parando na sua frente.
- Eu não sou muito bom nesse lance
de pedir desculpas Fernanda.
- Não estou te pedindo um pedido de
desculpas. – diz irritada.
- Eu sei, mas acho que te devo um.
Eu não devia ter dito aquilo, estava nervoso, com ciúmes e acabou saindo.
- Eu não sei o que a Rebeca fez, mas
eu não sou ela. – retruca magoada.
Pego seu rosto entre as mãos.
- Eu sei e eu nunca disse que era.
Me perdoa. – peço colando nossas testas.
- Você é tão idiota. – ela murmura
baixinho.
- Eu sou, mas eu te amo.
Depois que o Alexandre foi embora
deitei no sofá para cochilar por cinco minutos antes de desfazer a minha mala,
mas acabei dormindo praticamente a tarde toda. Estava naquele momento paranóico
de “quem sou eu?” e “onde estou?” que sempre temos quando dormimos durante
muitas horas quando o interfone começa a tocar.
O atendi no sexto toque. Era o
Matias, porteiro do meu prédio.
-
Dona Fernanda tem uma mulher aqui insistindo para falar com a senhora, até esteve
aqui umas três vezes durante o seu período de viagem. Ela se chama Rebeca,
disse ser esposa do Sr. Alexandre.
O QUE?!
Eu não acreditei no que ouvi.
1º Ela teve a audácia de vim me
procurar no meu prédio e ainda quer subir até o meu apartamento (como ela
conseguiu o meu endereço?!).
2º Qual é o problema dela?! Bebeu?
Ta chapada? Doidona?
3º Que história é essa de “esposa do
Alexandre”?!
-
Dona Fernanda a senhora ainda está aí?
A voz preocupada do Matias me tira
do além e me traz para o presente.
- Estou.
Não preciso botar o tico e o teço
para funcionar, sei o que a Cobreca quer. Destilar o seu veneno.
Penso na desvantagem e na vantagem de
deixá-la subir.
Desvantagem: terei aquela cobra
peçonhenta desfilando em meu apartamento enquanto enche a minha cabeça de
mentiras com o intuito de me afastar do Alexandre.
Vantagem: eu perderia as estribeiras
e aproveitaria a altura do meu apartamento para jogá-la do vigésimo terceiro
andar.
Desvantagem da vantagem: ela
morreria (até aí tudo ótimo...), mas eu seria presa por assassinato (aí fodeu).
-
Dona Fernanda o que devo dizer a ela?
- Diga a Cobre... a Rebeca que eu
não tenho absolutamente nada para falar com ela. Não irei recebê-la hoje, nem
amanhã, nem nunca. Diga também que se ela ficar rondando o meu prédio chamarei
a polícia.
-
Tu... tudo b... bem Dona Fernanda. Eu digo.
- Matias? – chamo antes que ele
desligue.
-
Oi Dona Fernanda.
- Pode, por favor, dar outro recado
a essa mulher?
-
Sim senhora.
- Diga que a mandei plantar capim.
Do outro lado da linha ouço Matias
tossir.
-
Ca... ca...capim?
- Sim Matias, não é isso o que as
vacas comem? – sorri.
-
Certamente senhora. – responde
em um tom de humor. – Darei o seu recado
na integra.
- Obrigada Matias. Por essa e outras
que você é o meu porteiro preferido. – digo desligando.
- Você me explicou quase tudo
Alexandre, faltou dizer o que quer de mim.
Olhei para o homem sentado no sofá na
sala da minha cobertura. Ele era o melhor, pelo menos foi isso que me disseram
quando liguei para a agência pedindo que me mandassem o melhor detetive
particular de São Paulo.
- Quero que você investigue a minha
ex-mulher.
- O que exatamente você quer saber?
– pergunta friamente.
- Quero saber em que ela andou
metida nos últimos dez anos. Quando nos separamos me encarreguei de que ela não
levasse um tostão a mais do que já havia roubado. E então, dez anos depois ela
reaparece bem de vida, aparentemente rica podendo se dar ao luxo de comprar por
meio de uma laranja ações da minha empresa.
- Talvez ela só tenha feito o
dinheiro render, pode ter investido. – ponderou.
- A Rebeca? – pergunto descrente. –
Impossível, ela gosta de gastar, torrar dinheiro.
- Você disse que depois da separação
ela saiu do Brasil e foi para a Nova Zelândia. – assenti e ele continuou. –
Digamos que eu descubra que ela andou metida em algo ilegal e que o dinheiro
que ela tenha seja de origem duvidosa. O que você vai fazer com essas
informações?
- Usar como moeda de troca. Eu a
quero fora da minha empresa e essa será a minha maneira de conseguir isso.
- Se realmente existir algo, irei
descobrir. – afirmou o detetive.
- Quanto tempo irá levar? Eu tenho
pressa.
- Um mês. Talvez até menos.
Um
mês. Um mês para tirar aquela víbora da minha vida.
- Ótimo. – digo com um sorriso.
O detetive se levanta do meu sofá,
tira do bolso da camisa um cartão e me entrega.
- Aqui tem o meu endereço de e-mail.
É por onde manteremos contato a partir de agora.
- Obrigado. – agradeço pegando o
cartão.
Demos um aperto de mão e em seguida
ele saiu do meu apartamento. Aquilo teria que dar certo, era a minha única
chance. Eu pretendo dar um rumo diferente para a minha vida e com a Rebeca por
perto isso será impossível.
Ah
Rebeca você não perde por esperar...
Alexandre ligou dizendo que em menos
de dez minutos passaria aqui para me pegar.
Puta
que pariu eu estava nervosa! Parecia até o meu primeiro dia na empresa.
Mas aquele não era um dia comum,
pela primeira vez eu entrarei lá com o Alexandre e todos saberão que estamos
juntos. Me vesti com esmero para enfrentar isso, queria que ele sentisse
orgulho de mim. Coloquei um vestido azul-marinho justo com comprimento acima do
joelho, ele tinha um corte sofisticado que caiu como uma luva no meu corpo.
Calcei sandálias de salto e prendi os cabelos em um rabo de cavalo deixando uma
franja na lateral. Passei uma maquiagem leve e finalizei com um batom rosa.
Quando o Alexandre chegou para me
buscar eu já estava linda e loira o esperando na porta do meu prédio. Ele saiu
do carro passando um olhar aprovador em mim e assobiou.
- Eu acho que sou um homem de sorte.
– sorriu para mim.
Ele estava impecável em um terno
preto, os cabelos ainda molhados do banho estavam penteados de um jeito sexy e
o seu perfume já invadiu há muito o meu nariz provocando um aceleramento no meu
coração e uma umidade na minha calcinha.
Desejei
que ele falasse sacanagem no meu ouvido e me fodesse, forte, duro, aqui e
agora... Ops aqui não! Estamos no meio da rua. Controle-se Fernanda!
- Eu gosto quando você me olha
assim. – ele se inclina para sussurrar no meu ouvido.
- Assim como? – ofego sentido os
pelos da minha nuca se arrepiar.
- É um olhar que me pede para
levantar o seu vestido, descer a sua calcinha e enterrar o meu pau em você... é
isso que você quer não é? – ele fala isso olhando fundo nos meus olhos.
De repente parece que acabo de
participar da Corrida de São Silvestre, minha respiração fica falha e a
sensação é que capotarei com tudo no chão.
- Por que você diz essas coisas... –
choramingo sentindo meus joelhos virarem geléia.
- Porque eu gosto de te fazer ficar
molhada.
Enfartando
em 3... 2... 1...
Ele me beija. E não é um beijo, é O
BEIJO.
Nossas línguas fazem nossas bocas de
arena e brigam entre si selvagemente. As mãos dele descem até a metade de
minhas coxas e depois sobem devagarzinho sob o meu vestido. Ele sente minhas
curvas. Todas elas. Meus braços contornam seu pescoço e ele aprofunda o nosso
beijo, me obrigando a dar tudo de mim. E eu dou.
Quando ele se afasta estou ofegante.
Pareço um jogador de futebol que jogou noventa minutos.
- Esse é o meu bom dia para você. –
ele diz com aquele sorriso fodidamente bonito na boca.
Faço a linha muda e não respondo,
apenas me concentro para não morrer e ir visitar São Pedro mais cedo.
Ele abre a porta do carro pra mim e
eu entro afundando no banco.
Cadê
os paramédicos quando a gente precisa?! Alguém liga 192, por favor.
******
Alexandre parou o carro na frente da
empresa e entregou as chaves para o manobrista. Observei a estrutura de
concreto e vidro fume com um friozinho na barriga.
- Se você quiser, eu posso entrar
depois. – disse insegura.
Talvez ele ache cedo para mostrar
que estamos juntos, não quero que ele se sinta pressionado.
Olhei em seu rosto e ele estava
sério.
- Ei eu quero entrar com você. Nós
não temos nada a esconder de ninguém. Quero que todos saibam a sorte que eu
tenho de ter ao meu lado a mulher mais bonita, charmosa, inteligente, meiga e
gostosa do mundo.
Eu coro e ele sorri para mim.
Alexandre pega na minha mão com a sua e entrelaça seus dedos nos meus.
E é exatamente assim que entramos no
saguão.
******
- O que foi aquela cena Fernanda!
Você e o Sr Alexandre de mãos dadas entrando na empresa! – Marta fala eufórica.
Estamos no refeitório tomando café
na nossa mesa de sempre.
- A gente está namorando. – revelo
com um sorriso que não cabe em mim.
- Para tudo! Não acredito! – ela
mostra um sorriso do mesmo tamanho do meu.
- A ficha não caiu para mim também.
– confesso.
- Fico muito feliz por vocês. Espero
que agora ele se torne um chefe melhor. – sorriu. – E a ex-mulher dele? Você
precisava ter visto a cara dela quando vocês entraram na empresa, pensei que
ela fosse fazer cosplay de Dona Redonda e explodir de tanta raiva.
- Você acredita que a vaca teve a
coragem de ir até o meu prédio? – comentei me lembrando da situação.
- Mentira! – Marta coloca a mão na
boca. – Ela subiu até o seu apartamento?
- É claro que não! Não permiti. Imagina
se deixarei aquela naja adentrar no meu sagrado lar.
- Você contou para o Alexandre?
- Não.
- Como não?! – Marta espantou-se.
- Marta é isso que ela quer. Que o
Alexandre vá tirar satisfações com ela. E também não quero que ele resolva os
meus problemas, faço questão de cuidar pessoalmente da Rebeca. Minha mão está
coçando para encher a cara dela de sopapo.
Marta gargalhou.
- Nanda eu tenho um convite para te
fazer. – falou depois de um tempo.
- O que é? – perguntei curiosa.
- Eu sei que não começamos de um
jeito legal. Acabei ficando com o seu emprego, mas de um modo ou de outro
acabamos nos aproximando.
Peguei em suas mãos sobre a mesa.
Não vou mentir que no inicio não ia
com a cara dela devido ao troca-troca que o Alexandre fez, mas com o tempo e a
convivência descobri que a Marta era muito legal e no fim acabamos virando
amigas.
- Marta esquece isso, não foi sua
culpa. O Alexandre que me demitiu e eu estou feliz trabalhando com o Dr. Tomas.
– sorri afetuosa e ela sorriu de volta.
- Depois do meu marido você foi a
segunda pessoa que contei sobre a minha gravidez e como esse é o nosso primeiro
filho, o Sérgio me deixou escolher os padrinhos. Eu escolhi você.
-E-eu?
- Você quer ser a madrinha do meu
bebe?
Puta
que pariu!
Estou recebendo a confiança de uma
mãe para cuidar do seu filho como se fosse meu. Poxa vida isso é especial
demais!
Fora
que ser madrinha é o meu sonho gente! Meu primeiro afilhado!
- É claro que eu quero! – levanto da
cadeira e a incentivo a fazer o mesmo, nos abraçamos calorosamente. – Você já
escolheu o padrinho? – pergunto depois de passada a euforia.
- Bom normalmente se chama o
companheiro da pessoa, no caso o seu companheiro...
Meu queixo vai parar no chão.
- Você está pensando em chamar o...
- Sr. Alexandre. – ela completa.
- Oh... Marta eu não sei se ele irá
topar... ele meio que tem um trauma com... bebes. – explico me lembrando do
episódio com o meu priminho Benjamim.
- O que?! Um homem daquele tamanho
tem trauma com bebes?! – eu assenti sem graça e ela desatou a rir. – Sabe, a
última vez que ouvi algo assim o cara acabou casado e com cinco filhos. – disse
rindo mais.
- Ai Marta para de palhaçada. –
irrito-me.
- É sério! Você está olhando para
uma prova viva disso bem aqui na sua frente.
- Não entendi. – franzo o cenho.
- Meu pai antes de casar vivia
dizendo isso para a minha mãe e hoje ele é pai de cinco filhos.
******
Depois do café com a Marta voltei
para o meu trabalho. Estava absorta digitando alguns contratos quando um rapaz
apareceu com um buquê enorme de rosas vermelhas na mão.
- Em que posso ajudar? – pergunto olhando
para o rapaz que tinha o rosto encoberto pelas rosas.
- Eu procuro pela senhorita
Fernanda. – disse meio atrapalhado.
- Sou eu.
- São para você. – ele me oferece o
buquê.
- Pra mim? – indago surpresa me
levantando da mesa para pegar as flores.
Ele assente e depois sai me deixando
com o buquê na mão. Sinto o cheiro maravilhoso de rosas se espalhar pela sala e
meu coração bate forte no peito. Procuro por um cartão ou algo assim no meio
das flores e encontro um envelope pequeno na cor branca.
Sento em minha cadeira e tiro de
dentro do envelope um cartão escrito à mão.
Puta
merda! Eu conheço aquela letra...
Acho
isso muito brega, mas para colocar um sorriso nesse seu rosto bonito tudo vale
à pena.
P.S.:
Depois do expediente iremos para a minha casa e eu vou comer sua boceta.
Engulo em seco e dou um sorriso.
Para
tudo e chama a NASA!
Ele me deu flores. Ele me deu
flores! ELE ME DEU FLORES!!!!!!!
Está certo que ele poderia ter
evitado aquela última frase indecente, mas tudo bem.
Pego o meu celular e mando uma
mensagem de texto para ele.
Amei
as flores são lindas. Obrigada. :)
Quando
você vai parar de ser um romântico vulgar e ser apenas romântico?
Eu
te amo...
Ele responde.
Pensei
que você gostasse. Pelo menos é essa a impressão que eu tenho quando o meu pau
devora sua boceta.
Tenho
uma reunião agora depois nos falamos.
Também
te amo.
Dou um sorriso e deixo o meu celular
em cima da mesa indo procurar um vaso para colocar as minhas flores.
******
No meio da tarde o Dr. Tomas me chama
em sua sala.
- Sente-se Fernanda. – eu me sento
em uma cadeira e ele tira os óculos me dando toda a sua atenção. – Você é uma
das minhas funcionárias mais competentes, não consigo imaginá-la para sempre
como minha secretária. É por isso que não posso deixá-la perder uma
oportunidade como essa.
- Eu não estou entendendo Dr. Tomas.
- As inscrições para formar a equipe
que irá trabalhar na Itália na nova filial da empresa durante seis meses
terminam hoje. Você deve se lembrar, no coquetel há algumas semanas atrás o Buttelli
conversou pessoalmente com você.
- Sim eu me lembro. Mas as
inscrições já abriram? Assim tão rápido? – me surpreendi.
- Os italianos estão com pressa,
querem abrir o quanto antes as portas da nova empresa, perder tempo é perder
dinheiro.
- Eu... nem sei se quero ir... eu...
- São só seis meses Fernanda. Se
você estiver insegura por causa do Alexandre converse com ele primeiro, mas
faça isso logo. Hoje é o último dia.
Sim eu tinha que falar com o
Alexandre primeiro, ouvir a opinião dele. Estamos juntos agora e a ideia de
ficar longe dele não me agrada nem um pouco.
- Depois das inscrições os nomes
passarão por uma seleção e mesmo que você seja chamada poderá desistir se
quiser e ceder a vaga para outra pessoa. As inscrições estão ocorrendo na sala
da diretoria passe lá.
- Entendi. Obrigada Dr. Tomas.
Assim que saí da sala do Dr. Tomas
liguei para o Alexandre, mas só dava caixa postal. Liguei então para a Marta e
ela me informou que ele estava em reunião. Pedi para ela me ligar assim que a
reunião terminasse. Eu precisava falar com ele antes de fazer a minha inscrição.
******
Faltava apenas quinze minutos para
as seis da tarde e até o momento Marta não havia me ligado. Não vou negar que
se eu for escolhida para fazer parte da equipe que irá para a Itália será uma
grande chance para a minha carreira, mas tenho também outros sonhos além da
ascensão profissional e o Alexandre está incluso neles.
Pego o telefone e volto a ligar para
a Marta.
-
Fernanda a reunião ainda não terminou.
– ela diz assim que falo que sou eu. – Acredito
que em meia hora estará terminando.
- Obrigada Marta. – desligo.
Puta merda a sala da diretoria fecha
as seis em ponto. Eu não posso esperar mais. Tenho que tomar a decisão agora.
Em todo o caso só estou fazendo uma
inscrição, não quer dizer que irei. Posso fazer só para garantir a vaga e nesse
meio tempo pensar melhor sobre o assunto.
Ando pelo corredor chegando à sala
da diretoria, farei a inscrição e conversarei com o Alexandre hoje mesmo sobre
isso.
A reunião havia acabado por volta
das seis e quarenta, Fernanda já me esperava no saguão um tanto ansiosa. Peguei
na mão dela e saímos da empresa, o manobrista me entregou as chaves do carro e
eu dirigi direto para a minha cobertura.
Assim que entramos ela se sentou no
sofá e eu tirei o blazer. Olhei para ela sem conseguir deixar de sorrir.
- Eu queria conversar com você. –
falei sentando-me no sofá.
- Eu também. O Dr. Tomas...
- Me deixa falar primeiro. – pedi a
interrompendo. Precisava resolver aquilo o quanto antes, passei a última noite e
hoje, o dia inteiro, pensando sobre o assunto. – O que você acha dessa
cobertura?
Ela franze o cenho e olha em volta.
- É linda.
- Então você gosta? – pergunto
deixando transparecer a minha animação
- Você quer a minha opinião sobre a
decoração? – ela sorri.
- Sim.
- Eu acho um pouco impessoal, sem
vida. Mas é a sua casa. Seus gostos... eu não estou entendendo onde você quer
chegar....
- Você não gosta. – constatei a
interrompendo.
- Alexandre ela é linda. O fato é
que eu gosto de cores, de vida, porque sou assim. Cada um tem o seu jeito, e
esse é o seu. – ela abre os braços mostrando o ambiente. – É a sua casa, não
minha.
- Mas eu quero que seja sua também.
– digo chegando mais perto dela.
- Hã?
Respiro um pouco antes de explicar.
- Fernanda passar a ultima semana com
você, 24 horas por dia, me fez perceber o quanto meus dias podem se tornar
melhores, cheios de vida e de cores... Você me faz sentir assim quando está
comigo e eu quero sentir isso todos os dias de agora em diante.
Ela me olha ainda sem entender, vou
ter que ser mais claro e objetivo.
Vamos
Alexandre, você consegue.
- Eu quero que você venha morar
aqui. Comigo. Nós dois. Juntos.
Ela se levantou sem fôlego e eu fiz
o mesmo. Fernanda passa as mãos no vestido e depois cruza os braços com uma
expressão confusa.
Ela
estava nervosa.
- Eu... não... sei nem o que dizer.
Cheguei perto. Muito perto. Peguei
em sua cintura e a puxei para mim, brinquei um pouco com a franja que estava
solta do rabo de cavalo e depois sorri.
- É só dizer que aceita e me fazer o
homem mais feliz do mundo.
Fernanda não diz nada e eu começo a
ficar nervoso. Não era bem essa a reação que eu esperava.
- E então Lindinha? Diz alguma coisa...
– dou um sorriso vacilante. – Você aceita vim morar comigo?
3 comentários:
Acho que a Nanda estava esperando um pedido de casamento, mas se fosse eu diria sim do mesmo jeito. . Estou muito curiosa para saber dos próximos capítulos já que está na reta final. .torcendo por eles♥♥♥.
Sim Regina você acertou em cheio... Ela quer casar...
Não vou comentar mais porque o próximo capítulo começará com a Nanda e ela explicará a opinião dela sobre esse acontecimento inesperado! *--*
Já estou com saudades desses dois lindos!
Eu tbm♡♡♡♥♥♥:O:-(
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