Antes da tempestade vem a calmaria...
Cheiro profundamente os cabelos
dela, estamos deitados de conchinha em sua cama. Devem ser uma três horas da
manha e sua respiração não está constante, um sinal claro de que ainda não
dormiu.
- O que está te incomodando
Fernanda? – pergunto e não ouço resposta. – Sei que você não está dormindo...
Ela se remexe na cama e então se
vira pra mim.
- Se eu falar você vai ficar
nervoso. – diz baixinho.
- Eu não vou. Prometo. – beijo meus
dedos cruzados.
Ela me dá um sorriso triste.
- É que... é que... toda vez que eu
fecho os olhos a imagem da Rebeca te beijando vem na minha cabeça.
Dou-lhe um olhar cansado e passo a
mão pelos cabelos um pouco irritado.
- Viu? Eu falei ia ficar nervoso. –
diz desviando os olhos dos meus.
- Eu não estou nervoso. – ela cerra
os olhos para mim. – Ok só um pouquinho. O fato é que eu já lhe disse tudo o
que aconteceu e você afirmou que havia acreditado em mim.
- Eu acreditei. – assegura com
sinceridade. – É essa imagem que não sai da minha cabeça.
Eu suspiro introduzindo uma mão em
seus cabelos macios.
- Você me acha uma boba não é? –
pergunta vacilante.
- Acho. – dou um sorriso. – Mas está
é uma das coisas que mais amo em você.
Consigo arrancar um sorriso dela.
- Agora vem cá. – a puxo fazendo com
que deite a cabeça em meu peito. – Está tarde. Hora de dormir.
- Estou sem sono. – teimou
emburrada.
- Vamos resolver isso. Feche os
olhos, respire devagar e tente não pensar em nada além de nós dois. – sussurro.
Descanso uma mão em suas costas e com
a outra trabalho movimentos circulares por seu couro cabeludo.
- Você faz o melhor cafuné do mundo.
- Eu sei, mas se concentre porque agora
vem a melhor parte. – fiz suspense. – Eu vou cantar pra você dormir.
- É sério isso? – ela levanta a
cabeça para me fitar com o cenho franzido.
Ajeito-a de novo para que deite em
meu peito na mesma posição que estava anteriormente.
- Sim é sério. Agora feche os olhos.
– digo com um traço de humor na voz.
Ela fica quieta apenas me esperando
começar. Fecho os olhos também e começo a cantar baixinho para ela a nossa música.
- Give me love
like her
'Cause lately I've been waking up alone
Pain splattered teardrops on my shirt
Told you I'd let them go
And I'll fight my corner
Maybe tonight I'll call ya
After my blood turns into alcohol
No I just wanna hold ya
- Eu não acredito que perdi a briga
mais esperada do milênio! – Marta fala desolada bebericando o seu café no
refeitório.
Andamos até uma mesa vaga e sentamos.
- Marta eu não me orgulho de ter metido
a mão na cara dela. Foi como se eu estivesse metendo as mãos em um monte de
merda. – confidenciei.
Marta gargalhou.
- Pode até ser, mas ela mereceu.
- Você falando assim, acabei me
lembrando do estado em que ela ficou. – ri alto colocando a mão na barriga.
Marta ri também.
- Você acredita que ela chegou à
empresa com uns óculos escuros enormes para esconder os machucados?
- Ela teve a cara de pau de vim hoje? –
perguntei parando de rir.
- Sim, com o mesmo nariz em pé de
sempre. Você sabe que está todo mundo comentando não é? – perguntou cautelosa.
- Imagino... A briga foi na casa de um
dos diretores. – digo envergonhada.
- Você e o Alexandre viraram as
celebridades instantâneas da empresa. – Marta diz com impacto.
- Meu relacionamento amoroso virou
novela das nove.
- Será que ela vai infernizar para
sempre vocês dois?
- Ontem depois da briga o Alexandre me
disse no carro que estava mexendo os pauzinhos para tirá-la da empresa. Ele só
me pediu um pouco de paciência.
- Tenho certeza que ele dará um jeito.
– ela sorri confiante.
Bebo um pouco do meu café e me distraio
olhando para um ponto fixo. A história da inscrição estava rondando a minha
cabeça desde hoje pela manhã. Ainda não havia falado com o Alexandre.
- Você ficou séria de repente. – Marta
comenta me encarando.
- Lembra da inscrição para formar a
equipe que irá para a Itália?
- Sim.
- Eu me escrevi. – digo esperando sua
reação.
- Oh... E o que o Alexandre achou?
- Bem é complicado... – começo sem
graça. – Ele ainda nem sabe.
- Puta que pariu! Você não contou Fernanda?!
- Foi tudo rápido Marta, foi logo quando
cheguei de Ribeirão Bonito. Dr. Tomas me chamou dizendo que era o último dia,
não consegui falar com o Alexandre antes, lembra que te liguei e você disse que
ele estava em reunião? – ela assentiu e então continuei. – Não daria tempo de
esperá-lo terminar e eu me escrevi.
- Mas porque você não contou depois? –
pergunta confusa.
- Eu ia contar a noite, mas ele me
chamou para morar com ele.
Marta abre um sorriso enorme.
- E você aceitou?
- Ele me deu uns dias para pensar, quer
dizer para me mudar. – me corrijo ao me lembrar da fala dele. – Ele diz que me
traz a força se eu não for por vontade própria.
- Nanda eu não estou entendendo uma
coisa. Você vai para a Itália ou vai morar com ele?
- É uma oportunidade maravilhosa, mas
eu amo o Alexandre, estamos em um momento tão bom. Não quero perder isso...
Marta fica séria.
- Já passou pela sua cabeça que ele
pode acabar descobrindo sobre essa inscrição por outra boca que não seja a sua?
- Eu sei e é por isso que irei contar
hoje à noite sem falta. Ontem com o jantar e a confusão simplesmente não deu. –
respondo determinada.
- Fernanda eu acho que você vacilou...
Esse é o tipo de coisa que não se esconde.
- Eu sei Marta. – falo um pouco
desesperada. – Eu não escondi! Eu ia contar no mesmo dia, mas ele me faz um
pedido daqueles. – coloco a mão na cabeça. – Eu fiquei atordoada...
Ela me olha com compaixão.
- Eu acredito em você. Tenho certeza
que ele irá entender também. – me dirige um sorriso doce. – Mas você tem que contar
logo.
Assenti.
- Eu vou contar a noite.
- Mudando de assunto, tem como você
sair mais cedo hoje?
- Para que?
- Vou fazer umas compras para o meu
bebe e queria a opinião da madrinha dele. – diz sorridente.
- Acho que posso adiantar o meu
trabalho e sair mais cedo. – afirmo pegando na mão dela em cima da mesa.
- Obrigada. – agradece olhando ao
redor. – O dia hoje está calmo não é?
- Está. E espero que continue assim.
Ando precisando de paz.
Abria a minha caixa de e-mail todos os
dias na esperança de que o detetive me mandasse alguma novidade, eu estava
ansioso e depois do que aconteceu ontem a situação já havia chegado ao limite
máximo. Eu não era burro, sabia que a Fernanda era insegura em relação à
Rebeca. Não poderia dar espaço para que a Rebeca aprontasse uma das suas,
Fernanda era a minha vida agora.
Meu computador soa um pequeno bip e eu
praticamente dou um pulo da cadeira. Há um e-mail do detetive, que abro
instantaneamente.
Caro Alexandre McConaughey,
Desculpe a demora em mandar notícias, mas sempre gosto de dar informações
significativas aos meus clientes.
Nos últimos dez anos sua ex-esposa teve uma vida bastante movimentada em
Auckland na Nova Zelândia. Envolveu-se em três relacionamentos com homens ricos
de meia idade, o mais interessante é que não encontrei nenhum deles para
conversar sobre o assunto porque todos estão mortos infelizmente.
Consegui marcar um encontro com a filha de um dos homens com quem a
Rebeca se envolveu para uma conversa. Ela disse que tem coisas interessantes
para me contar.
No momento isso é tudo o que consegui descobrir, creio que o meu trabalho
aqui não demorará, tenho algumas linhas de raciocínio para seguir, sua
ex-esposa deixou alguns fios soltos.
Até breve.
Não sabia exatamente o que pensar
depois do e-mail, mas uma pergunta começava a martelar em minha cabeça.
Seria coincidência esses homens estarem todos mortos?
Não... a Rebeca é uma víbora, mas
matar? Ela não seria capaz.
Ou será que seria?
Algo dentro de mim queria acreditar que
ela não seria louca a esse ponto, não é pela Rebeca, mas por mim, porque pela
segunda vez na vida eu teria que me perguntar:
Com que tipo de mulher eu me casei?
Consegui adiantar o meu trabalho e
informei ao Dr. Tomas que sairia uma hora mais cedo. Peguei o elevador e subi
até o andar do Alexandre para pegar a Marta.
- Pronta?
- Sim.
- Ele está sozinho? – pergunto
apontando para a sala do Alexandre.
- Humrum. – ela sorri maldosa.
- Então eu vou... ah... falar com
ele... explicar... sobre nossa...
- Tudo bem Nanda. Eu vou te esperar no
saguão. – ela corta divertida.
- Não precisa. Não vou demorar.
- Eu acho que você vai sim. – provoca.
Ouço uma batida na porta e em seguida
Fernanda entra na minha sala.
- Oi.
- Oi. – respondo bobo.
- Estou saindo mais cedo, Marta me
chamou para acompanhá-la em algumas compras para o nosso afilhado ou afilhada.
- Afilhado... – digo aquela palavra
ainda desconfortável. – Ainda não acredito que aceitei.
Fernanda sorri.
- Agora você terá que aprender a trocar
fralda, colocar para dormir e outras coisas mais.
Levanto-me da cadeira e fico na sua
frente.
- Eu acho que vou deixar para você
essas coisas difíceis. Vou ser aquele tipo de padrinho shopping.
- Padrinho Shopping? – pergunta com um
traço de humor na voz.
- É aqueles que dão presentes até em
dia do índio. – pisco.
Ela se finge de indignada.
- Nem pensar, acha que ficarei com todo
o trabalho duro?
Olho-a febril me aproximando. Inclino
sobre ela e começo a passar a mão sobre a mesa derrubando tudo no chão.
- Por falar em duro... eu me lembrei de
uma coisa.
- Alexandre nem pensar! Estamos na
empresa, na sua sala. – censura.
- E daí? Até parece que nunca fizemos
aqui... – digo me lembrando da nossa primeira vez. – Além do mais eu sou dono da
empresa.
Meus lábios encontram os dela enquanto
a sento na mesa, suas pernas se abrem para que eu fique entre elas.
- Nós não podemos. – diz de encontro a
minha boca.
- Sim podemos. – minhas mãos percorrem
as cochas dela até a barra de sua saia puxando-a para cima. – Cacete você está
usando cinta-liga!
Ela sorri sensual e meu pau endurece
dentro da calça.
- Você está sexy Lindinha, mas eu vou
ter que te livrar disso. Tenho que foder você. Agora.
Solto da meia a alça da cinta-liga e tiro
sua calcinha. Abro a braguilha da minha
calça, puxo as pernas dela com força a empurrando sobre a mesa e penetrando
fundo dentro dela.
Gememos juntos.
Porra como ela estava molhada!
Estar dentro da Fernanda era melhor do
que qualquer coisa no mundo. Meus quadris começam a bater cada vez mais rápido
contra as coxas dela colocando-me cada vez mais fundo. Como ela era incrível...
- Ah Alexandre... mais rápido...
Meus movimentos se intensificam e
Fernanda explode em um orgasmo intenso que molha o meu pau completamente.
Minhas pernas estão bambas, dou mais algumas estocadas e me derramo dentro
dela.
- O que você faz comigo Fernanda? – são
minhas ultimas palavras antes de desabar sobre ela.
Fazer compras com a Marta era garantia
de diversão. Acabamos levando praticamente a loja inteira, eu me empolguei e
comprei muitos presentes para o meu afilhado ou afilhada. Não saber o sexo do
bebe estava me deixando maluca.
- Obrigada pela carona. – agradeço
quando ela para o carro na porta do meu prédio.
- Obrigada por ter ido comigo e pelos
presentes. – agradece.
- Até amanhã. – me despeço dando um
beijo em seu rosto e saindo do carro.
- Nanda. – ela me chama. – A inscrição.
Não se esqueça de falar com ele.
Dou um sorriso e a encaro.
- Eu não vou para a Itália Marta. Eu
vou morar com o Alexandre.
- É isso o que você realmente quer? –
pergunta erguendo uma sobrancelha.
- É isso o que irá me fazer realmente
feliz.
******
Coloco a chave do meu apartamento na
fechadura quando ouço alguém me chamar. Viro-me para dar de cara com o meu novo
vizinho de prédio.
- Oi Murilo.
- Você chegou cedo hoje. – comenta.
Franzo o cenho.
- Não sabia que você prestava atenção
nos meus horários.
- Calma não ando te vigiando não. – se
defende sorrindo abertamente. – É só que você sempre chega mais tarde.
- Eu não quis soar grossa. – me
desculpo um tanto sem graça. – Mas o que você faz aqui neste andar?
O sorriso dele aumenta.
- Queria te entregar isso.
Ele estende um pequeno vaso com flores de
tonalidade rosa. Pego o vaso sem conseguir identificar a espécie.
- São azaléias. – ele diz. Acho que a
minha confusão foi visível. – Eram as flores preferidas da minha mãe, estava
passando hoje a tarde na porta de uma floricultura e resolvi comprar uma muda,
então eu pensei: por que não comprar
outra para a minha vizinha preferida? – sorri.
- Ah... obrigada Murilo. Foi um gesto
muito gentil. – digo admirando as flores.
- Já ouviu a história por trás das
azaléias? – chama minha atenção.
Faço um movimento de negação com a
cabeça e ele continua.
- Segundo uma lenda chinesa havia um
imperador destemido que alcançava vitórias fantásticas em guerras. Apesar
disso, ele não era feliz. Isto porque
ele não tinha o amor de uma mulher que só conseguia vislumbrar nos seus sonhos.
Certo dia, quando estava regressando de mais uma batalha, um vendedor lhe
ofereceu uma bela planta com flores maravilhosas. Deslumbrado pela beleza das
flores, o Imperador não demorou a plantá-las no seu jardim. Pouco tempo depois
disso, o Imperador finalmente encontrou a mulher que via nos seus sonhos.
Lembrando da indicação do vendedor, o imperador e a sua amada bebiam todos os
dias um chá feito com as pétalas dessa flor. E a cada dia eles ficavam mais
apaixonados.
- Que lindo.
Ele me encara e fico paralisada.
- Também acho.
O clima fica estranho e ele dá um passo
em minha direção invadindo o meu espaço pessoal. Murilo tira uma flor da planta
e em seguida a coloca em meu cabelo. O toque dele resulta em um calafrio por
todo o meu corpo.
Limpo a garganta e dou um passo para
trás esbarrando na porta do meu apartamento.
- Ah... eu tenho que entrar. Meu...
ah... namorado deve estar chegando. – sim eu tenho um namorado e você precisa
saber disso. Um namorado ciumento que seria capaz de quebrar esse vaso na sua
cabeça.
Ele coloca as mãos nos bolsos da calça
e sorri de lado.
- Até mais Fernanda.
- Até.
Ele caminha até o elevador e eu solto a
respiração que nem sabia que havia prendido.
Puta merda!
Isso foi estranho...
6 comentários:
Meu Deus do Céu... Como tem homens deliciosos nesta série...
Mas a Fernanda tem que ficar alerta se não a cobra disfarçado de gato dá o bote.... E que gato *-*
E falando de gato e o Jon dos lançados pelo amor??
O Murilo é gostoso mesmo *.* hahahaha
Olha sobre Laçados eu deixei um comunicado no blog! Tentarei postar um capítulo semana que vem...
Fernanda Fernanda não dá mole para o Murilo fica esperta, , mesmo que ele seja um gato prefiro o Alexandre ★★♡♡♡
Verdade Regina, ela tem que ficar esperta!
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