quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Série Rendida - Novais J.


A luz no fim do túnel existe...

Marta me deu um banho quente e me emprestou um de seus pijamas.  Para ficarmos longe do olhar especulativo de sua sogra ela me levou para o quarto que seria do seu bebê.
Foi exatamente ali, sentadas no chão uma de frente para a outra que eu desabafei. Marta me ouviu em silêncio, fazendo caras e bocas para as revelações que eu havia descoberto naquela noite. No final ela estava pálida e de boca aberta.
- Temos que ligar para o Alexandre agora. – Marta fala se levantando de supetão.
Seguro no seu braço.
- Não.
Ela me encara como se eu estivesse louca.
- Como não Nanda?! O irmão psicótico dele mora no seu prédio e tentou por você a força no carro! Sem falar desse beijo nojento!
Abaixo a cabeça e lágrimas banham meu rosto.
- Eu não tenho cara para encarar o Alexandre. – declaro em um fio de voz e ela volta a se sentar no chão.
- Nanda você foi tão vítima quanto ele, tenho certeza que se você explicar que não sabia de nada, que o Murilo para você era apenas um vizinho e que aquele beijo foi a força o Alexandre vai acreditar em você meu bem... – ela pega em minha mão. – Tive uma conversa com o Sr. Alexandre hoje pela manhã, era isso que eu queria te contar no jantar que não deu certo. Ele está devastado Nanda, magoado e triste. Não sei como mas a Rebeca armou aquela cena, eu tenho certeza.
- Eu nem o escutei quando peguei a Rebeca na cobertura. – lamento.
Ela ergue as sobrancelhas.
- Qualquer mulher em seu lugar teria agido da mesma forma. Nanda foi uma situação super comprometedora...
- Mas você acreditou no Alexandre. – contesto. – Bastou conversar com ele para acreditar.
- Nanda eu estou do lado de fora da situação. – ela diz com sua doce voz característica. – Pra mim é muito mais fácil agir com a razão.
- Agora que tenho conhecimento do motivo da separação deles eu sei que o Alexandre nunca ficaria com ela. E o pior é que eles estão juntos Marta, o Murilo e a Rebeca, são cúmplices. Aposto que os dois estão armaram para me separar do Alexandre.  – dou um sorriso triste. – Depois de tudo o que ouvi da boca dele tenho certeza que o Alexandre é inocente. É claro que existem coisas que ainda não consigo entender, por exemplo, como a Cobreca entrou lá, as marcas de batom no Alexandre, o cheiro dela nele...
- Eu tenho certeza que tem uma explicação para isso, mas só ele poderá te esclarecer meu bem...
Ficamos em silêncio por um tempo. Então eu volto a falar.
- Eu sou bem pior que a Rebeca.
Marta me olha abismada.
- Nanda você ficou maluca?!
- É só a verdade Marta. – olho para algum ponto fixo a minha frente. – Sou uma pessoa horrível, quando eu morrer irei direto para o inferno sem nem passar por São Pedro.
- Fernanda! – Marta me repreende. – Eu já te disse que qualquer mulher...
- Não é só isso Marta! – a interrompo. – Eu machuquei o Alexandre da forma mais baixa possível. Ele nunca vai me perdoar...
- Ele me contou que você disse que nunca seria feliz com ele. – a encaro. – Mas você estava fora de si...
- O Alexandre não pode ter filhos Marta. – abro o jogo e ela coloca a mão na boca.
- O que?
- Ele é vasectomizado. Alexandre não queria filhos e como tinha uma vida bem movimentada teve a brilhante ideia de fazer uma vasectomia há alguns anos, ele temia que alguma das vadias com quem se divertia lhe desse o golpe da barriga.
Marta está paralisada. Respiro fundo e limpo as lágrimas do meu rosto.
- No dia em que peguei a Rebeca com ele fiquei fora de mim, depois da briga na cobertura desci para a portaria, só queria ir embora, ficar longe deles. – fecho os olhos me lembrando da cena. – Ele veio atrás de mim me implorando para que eu o escutasse, então eu disse que nunca seria feliz com ele porque ele nunca poderia me dar filhos.
Abaixo a cabeça sob o olhar da Marta.
- Nanda... – ela ofega. – Me diz que você não disse isso?!
Coloco a mão no rosto e volto a chorar.
- Eu disse em alto e bom som na frente do porteiro e dos vizinhos dele.
- Jesus!
- Ainda falei que ele e a Rebeca se mereciam porque os dois eram secos. Ela de coração e ele... – minha voz falha.
- Nanda isso não é coisa que se diz para um homem! – o tom de voz da Marta é duro. – Principalmente um homem que se diz amar. Você tratou o Alexandre como se ele fosse um touro reprodutor!
- Eu sei Marta, mas saiu poxa! Na hora eu só queria magoar ele, fazê-lo sentir a dor que eu estava sentindo...
- Isso foi infantil Fernanda! Você não é mais uma adolescente inconsequente que diz merdas porque não entende o quanto as palavras magoam. Quantos anos você acha que tem? Dezessete? Cara me desculpa, mas você precisa crescer!
Engulo em seco e seguro o choro. O que é isso? Marta incorporou a minha mãe?!


Entrei na cobertura totalmente intrigado com aquele CD. Fui para o meu escritório e liguei mais uma vez para o celular da Fernanda. Desligado de novo.
Cacete!
Onde raios ela se meteu?
Ligo o meu laptop a fim de desvendar o enigma do CD. Espero impacientemente tamborilando os dedos na mesa enquanto a tela se inicia. Abro a porta do CD player pressionando o botão de abertura, coloco o CD dentro da bandeja e pressiono o botão para fechar. Espero mais alguns segundos enquanto o laptop carrega as informações contidas no CD. Aparece uma mensagem e clico em reproduzir.
 O que é isso? Uma espécie de vídeo?
Na tela aparece uma sala e uma cadeira vazia, a iluminação não é muito boa, mas dá para ver o suficiente. Um homem entra em cena e se senta na cadeira ficando de frente para a câmera.
- Marcos?!
Contraio o maxilar quando ele começa a falar.
Quem diria hein? Depois de me enxotar da sua empresa como um cão sarnento estou eu aqui lhe prestando um tipo de... favor. Se você está vendo esse vídeo é porque a vadia da sua ex-mulher não me pagou o que deve. Convenhamos que ela é uma vadia bem gostosa, mas você deve saber melhor do que ninguém, afinal já foi casado com ela.
Pauso o vídeo e dou um soco na mesa. Que merda é essa? O que a Rebeca deve ao verme do Marcos? Eu não sabia nem que eles se conheciam...
Respiro fundo e dou play. O jeito é ouvir até o final.
Você deve se lembrar da nossa briga no estacionamento, você ficou nervozinho porque eu resolvi tirar uma casquinha da Nanda. Confesso que exagerei um pouquinho, tinha bebido e fiquei enciumado quando tive a confirmação de que vocês tinham um caso. Tenho certeza que se você não tivesse atravessado o meu caminho eu e a Nanda estaríamos juntos, mas quem sou eu para competir com você?
Bom, mas voltemos a Rebeca. Depois daquela briga os seguranças me jogaram na calçada e ela me socorreu, me levou para casa e cuidou dos meus ferimentos que não foram poucos, você tem um punho forte. Eu estava espumando de ódio de você e da Nanda e a Rebeca me ofereceu uma grana para ajudá-la a separar vocês. Eu aceite, iria ganhar um bom dinheiro e em troca a Nanda ficaria livre, sem contar que você me demitiu no dia seguinte a nossa briga, então a proposta da Rebeca não poderia ter vindo em melhor hora.
Eu e a Rebeca ficamos bem íntimos... ela é aquele tipo de vagaba que sabe dar prazer a um homem. Faz tudo o que você gosta sem reclamar e ainda pede bis. Tudo ia às mil maravilhas, mas ai ela resolveu chamar o seu irmão para participar da brincadeira. Rebeca me contou sobre o triângulo amoroso de vocês, desde as armações dela para se casar até o caso dela com o Murilo.
Seu irmão se mudou para o prédio da Fernanda com o objetivo de seduzi-la enquanto a Rebeca fazia o mesmo com você, é claro que as investidas do Murilo não estavam surtindo efeito porque a Nanda não é a Rebeca, mas parece que o cupido acertou em cheio o coração do cara e ele ficou... digamos meio que  obcecado pela Fernanda.
Aqueles dois são capazes de tudo, até de matar para conseguir seus objetivos. Ouvi da Rebeca inúmeras vezes que ela preferiria ver você morto caso não ficasse com ela. Não sou um exemplo de caráter, mas existem certos limites ultrapassáveis para mim, então resolvi pular fora antes que as coisas começassem a dar errado. Pedi a Rebeca cem mil para manter minha boca fechada. Caso ela não me pagasse eu detonaria ela para você.
Resultado: a vadia não me pagou e agora você sabe de tudo.
E esse é o fim.
Ah e um conselho... eu não sei se você percebeu mas o seu irmão é meio doente. Não bate muito bem da cachola, falo isso não por você, quero mais é que você se dane, falo isso pela Nanda.
Ela não está segura, o perigo mora ao lado, ou melhor, no andar de baixo. Bem... eu gosto dela, do meu jeito torto, mas gosto. Espero que um dia ela me perdoe, se você puder passar o meu pedido de desculpas agradecerei.
Marcos se levanta da cadeira e o vídeo acaba.


Estou com uma cara de tacho, Marta sabe como fazer você se sentir o cocô do cavalo do bandido.
- Eu vou trazer um colchão, um cobertor e um travesseiro. – ela diz se levantando. – Eu te colocaria no quarto de hospedes se não fosse a minha sogra.
- Tudo bem. – digo abatida. – Aqui está ótimo.
Ela respira fundo e parece se acalmar.
- Nanda descansa. Foi um dia difícil, cheio de estresse. Amanhã de cabeça fria a gente pensa no que fazer.
- Marta, obrigada.
Ela assente e sai do quarto.


Eu me perguntava quando teria paz. Quando eu poderia viver a minha vida sem que o meu passado voltasse para me atormentar. A realidade é que podemos fugir dos problemas, mas não para sempre.
Foi exatamente isso que fiz há dez anos, não enfrentei os problemas, fugi achando que eles nunca voltariam. Se eu tivesse feito a coisa certa nada disso estaria acontecendo agora.
Na época eu tinha tudo nas mãos para por o Murilo e a Rebeca na cadeia, as provas dos desfalques, o flagrante que dei nos dois, as confissões do canalha do meu irmão. Mas eu amava a Rebeca, pelo menos era isso que eu achava na época, hoje eu sei o grande abismo que existe entre uma paixão e um amor verdadeiro.
Tirei o Murilo da empresa e o obriguei a passar a sua parte para mim, ele não teve escolha, era isso ou a cadeia. Da Rebeca simplesmente me separei sem que ela tivesse direito a nenhum vintém. Não teria mais como eu continuar no Rio depois de tudo, não conseguia olhar ninguém nos olhos, então eu e as Organizações McConaughey nos mudamos para São Paulo em definitivo.
Eu conheço o Murilo, para ele isso é um jogo e a Fernanda é o troféu do vencedor. Não posso deixá-la fazer parte disso, o problema do Murilo é comigo. Marcos está certo, ele é doente. Não só ele, a Rebeca também.
Um frio gelado percorre a minha espinha quando lembro que deixei a Fernanda sozinha com ele na frente da empresa.
Caralho!
O celular dela só da fora de área e ela não havia chegado em casa. E se... Deus não!
Não... não... não...
Tudo menos isso.
Saio do escritório em disparada e pego as chaves do carro.
Se o Murilo machucar a Fernanda eu nem sei o que sou capaz de fazer.

******

- Sr. Alexandre ela ainda não chegou. – Matias, o porteiro, me dá a mesma resposta da última vez.
Percorro as mãos pelos cabelos desesperado.
Por Deus Fernanda.... Esteja bem...
- E o Murilo? – pergunto cerrando o maxilar. – Ele está?
- Bem... aqui no prédio moram dois Murilos Sr. Alexandre.
- Os dois se mudaram recentemente? – ergo uma sobrancelha.
- Não, apenas um.
- E ele está ou não?
Matias sorri.
- Está sim. – ele pega o telefone. – Quer que eu o anuncie?
Pego na mão dele o obrigando a por o telefone no gancho.
- Só quero o número do apartamento.
- Mas Sr. Alexandre não posso deixá-lo subir sem ser anunciado, é política do prédio.
- Que se foda a política do prédio Matias. – falo entre dentes. – Agora fala a porra do número do apartamento!
******
Toquei a campainha insistentemente por alguns segundos, Murilo abriu a porta e tomou um susto quando me viu. Ele tentou fechá-la, mas com a mão esquerda forcei a minha entrada.
A porta foi escancarada e eu adentrei.
- Onde ela está?! – grito o prensando na parede mais próxima.
O rosto dele não está nada bom. O olho esquerdo mal consegue ser aberto e o nariz está torto, ou melhor, quebrado.
- Ela quem? – ele fala com dificuldade.
Aperto o pescoço dele mais um pouquinho com o meu braço.
- Estou sem paciência para brincadeiras Murilo! Cadê a Fernanda?!
- Eu n... não sei...
Aperto mais forte, seu rosto fica vermelho.
- Eu estou falando a verdade! – sua voz sai fraca. – Ela pegou um taxi depois que você foi embora, não sei para onde foi.
Cerro os olhos para ele.
Será que fala a verdade?
- Me solta cara! – ele choraminga. – Não consigo respirar...
O solto e ele cai no chão massageando o pescoço.
Preciso encontrá-la.
- Você não vai ficar com ela maninho... – ele diz e eu o encaro.
- Eu não quero que ela fique comigo, eu quero que ela fique segura e se para isso acontecer eu tiver que manter você e a Rebeca longe dela é o que eu farei!
Ele parece se chocar quando menciono a Rebeca. Dou um sorriso frio.
- Eu já sei de tudo. – declaro em alto e bom som.
- De tudo o que?
- Das suas armações com a Rebeca. – decido não citar como fiquei sabendo, aquela carta na manga poderia me servir em algum momento. – Deixa a Fernanda longe dos seus joguinhos, o seu problema é comigo. Seja homem pelo menos uma vez!
Ele se levanta com um sorrisinho irritante.
- Garanto que sou muito mais homem que você, pelo menos a Rebeca nunca reclamou.
Abro um sorriso.
- Você acha mesmo que eu ainda me importo com isso?! Acha que o fato da minha ex-mulher ter aberto as pernas para você continua me tirando noites de sono? – pergunto sarcástico. – Talvez eu tenha é que te agradecer Murilo, afinal você só me mostrou a grande vagabunda que a Rebeca sempre foi.
Ele me encara com ódio.
- Você nunca deixará de ser uma pedra no meu sapato.
- Durante todos esses anos sempre achei que o seu problema era a inveja, mas não é. Você nunca teve motivos para invejar ninguém, sempre fez o maior sucesso com as mulheres, é inteligente, perspicaz. Durante a minha adolescência inteira eu quis ser igual você. – falo aquilo com um gosto amargo na boca. – Você não é invejoso, você é doente e para o meu azar você é obcecado pela minha vida. Ainda bem que a nossa mãe não está aqui para ver no que você se tornou.
Ele me olha com frieza, sinto que minhas palavras não surtiram nenhum efeito sobre ele.
Dou-lhe as costas pronto para sair dali, mas a voz dele me detém.
- Eu juro que vou refletir sobre o que você falou quando eu estiver escutando os gemidos da sua namorada enquanto eu a como. – solta uma gargalhada.
Não quis somente matá-lo, deveria ter algum outro nome para nomear o que eu gostaria de fazer com ele. Mas eu somente dei-lhe as costas e fui embora.
Eu tinha fé que aquilo iria se resolver de uma forma que eu não precisaria me rebaixar ao nível dele.
Porque eu não era como o Murilo.
Minha prioridade era encontrar a Fernanda e depois procurar a policia. Dessa vez eu não teria misericórdia em colocar nenhum deles na cadeia.

******

No elevador eu só pensava na Fernanda. Ela tinha evaporado e eu já havia passado do estágio do desespero, foi quando o meu celular tocou no bolso da calça.
Olhei no visor e era a Marta.
A Marta!
Puta que pariu! Por que não liguei para a Marta logo?! Ela é amiga da Fernanda...
Deus por favor... que seja notícias dela...
- Marta me diz que ela está com você? – pergunto desesperado assim que atendo.
- Sim ela está.
O ar sai dos meus pulmões.
- Graças a Deus. Ela está machucada? Ferida?
- Calma... ela está bem. Chegou ensopada pela chuva, com medo e desnorteada, agora ela está dormindo. Sr. Alexandre ela me contou o que aconteceu, a Nanda não sabia de nada... ela...
- Eu sei Marta.
- Sabe? – ela parece surpresa.
- Sei. Eu recebi um DVD do Marcos contando que o Murilo e a Rebeca são cúmplices. Murilo se mudou para o prédio da Fernanda para tentar dar o bote.
- E como o Marcos sabe disso? E por que ele te mandou um DVD?
- Parece que o Marcos estava tendo um caso com a Rebeca e fazia parte das armações, mas então ele decidiu cair fora, pediu dinheiro para a Rebeca em troca do silêncio e como ela não deu ele abriu o bico.
- Sr. Alexandre isso está ficando perigoso... – Marta fala temerosa.
Contraio o maxilar.
- Eu sei Marta e é por isso que eu quero que a Fernanda fique aí até que eu resolva tudo. Agora que sei que ela está segura vou falar com a polícia amanhã, tem que haver alguma forma de parar aqueles dois.
- É claro que ela pode ficar aqui. – Marta concorda. – Ainda mais depois que o seu irmão tentou colocá-la a força no carro dele.
- Miserável! – esbravejo socando a parede do elevador. – Se a policia não fizer alguma coisa eu mesmo faço! – tento me acalmar. – Marta eu queria vê-la...
Ela fica em silêncio por um tempo.
- Sr. Alexandre... é que já passa da meia-noite. – fala um pouco sem graça.
- Eu sei Marta... me desculpa... é que eu fiquei com tanto medo de ter acontecido algo. Eu não saberia o que fazer se eu não pudesse mais olhar para o rosto dela, mesmo ela me odiando.
- Ela não odeia você... ela...
- Não importa Marta. – a interrompo. – Eu só quero mantê-la segura. Boa noite e obrigado. Cuida dela por mim...
- Boa noite Sr. Alexandre. Cuidarei sim.
Quando Marta desliga encosto as costas na parede e deslizo até o chão.


Quando acordei pela manhã não consegui me levantar, sentia muito... muito frio. Mal estava respirando, meu nariz estava entupido e minha cabeça latejava.
É muita merda para um ser humano só!
Ouço uma batida na porta e logo em seguida Marta entra. Ela está devidamente vestida para trabalhar.
- Bom dia. – diz sorridente.
Abro mais os olhos tentando focalizá-la. Puta merda! Ate minha visão está turva. Coloco as mãos nas têmporas massageando-as e tento me sentar.
- Bom dia. – resmungo.
- Nanda o que você tem? – Marta se aproxima sentando no coxão e colocando a mão na minha cabeça. – Jesus! Você está ardendo em febre!
- Eu estou bem. – minto e dou um sorriso lento. – Eu tenho que me levantar e falar com o Alexandre, me empresta uma roupa...
- Nem pensar! - ela me joga contra o coxão. – Você está com uma febre alta e não há força neste mundo que te tire deste quarto!
- Marta eu tenho que falar com ele... me explicar e me desculpar! – teimo.
- Eu vou trazê-lo aqui.
Meus olhos queimam devido às lágrimas.
- Ele não vai querer vim.
- É claro que vai Nanda!
- Não... não vai... ele me odeia...
- Eu liguei pra ele ontem à noite.
- O que?!
- Eu não me aguentei e liguei para explicar o que aconteceu, mas ele já sabia.
- Sabia? – pergunto espantada. – Como?
Marta me conta uma história de um vídeo que o Marcos fez para o Alexandre. No tal vídeo o Marcos esclarecia a armação do Murilo e da Rebeca.
- Parece que o Marcos estava dando uns catas na Cobreca e resolveu pular fora das armações, acho que ele pediu dinheiro para ela e como não recebeu nada mandou um vídeo para o Sr. Alexandre. – Marta continua o relato.
- Eu não sei se devo matar o Marcos ou agradecê-lo. – digo por fim.
- Ele queria vim te ver. – ela comenta depois de um tempo com um sorrisinho cúmplice.
- Queria? – meu coração dá um salto.
- Umhum. – ela assente. – Estava todo preocupado, aflito e me pediu para você ficar aqui enquanto ele resolve tudo.
De repente fico triste.
- Acho que ele não vai mais querer saber de mim. Não depois do que eu disse. – encaro Marta. – Você ontem tinha toda a razão... eu fui infantil.
Ela dá um sorriso e chega pertinho de mim.
- Sabe que ontem antes de dormir eu me lembrei de uma coisa que aconteceu comigo. – encosto minha cabeça no seu ombro e ela continua. – Quando adolescente eu brigava muito com o meu pai e em uma dessas brigas, eu disse a ele que o odiava e que não o consideraria mais como pai. Eu era espevitada e ele queria me por freios. Foi a típica fase de rebeldia. Mais tarde naquele dia minha mãe veio conversar comigo, ela me disse que o fato de se estar certo ou errado não te dá o direito de ser cruel com ninguém, achei aquela frase fodástica, mas tempos depois descobri que ela não era bem da minha mãe, ela era de Shakespeare.
Marta ri e eu faço o mesmo.
- Mas o que aconteceu entre você e o seu pai?
- Ah eu chorei no colo dele pedindo desculpas e ele me perdoou. Depois fomos tomar sorvete.
Marta se afasta um pouco e me encara.
- Sabe Nanda todo mundo já falou algo cruel para alguém pelo menos uma vez na vida. O importante é se perdoar por ter sido tão atroz e pedir perdão ao magoado. Ah e não repetir também é importante – ressalva.
- Você acha que ele vai me perdoar?
Ela fica pensativa.
- Eu não sei Nanda... mas acho que você terá que trabalhar para isso.

6 comentários:

Unknown disse...

Como diz o titulo sempre a uma luz no fim do túnel. Torcendo sempre pra banda e o Alexandre. Bjos..

vi_meu_mundo disse...

Pelo menos o mar agora está maos calma. Torcendo para felicidades de fernanda e Alexandre

Unknown disse...

Alívio que eles descobriram a verdade. ..Mais ainda tem a morte do Marcos acho que ainda vai vim tempestade por aí..torcendo por eles

vi_meu_mundo disse...

Ansiosa para o próximo capítulo

Anônimo disse...

Quando sai o próximo?? Estou ansiosa

Josi Novais disse...

Gente volteiiiiiiiii!!!
Continuem torcendo por esses dois, eles irão precisar!
Acabei de postar dois capítulos de vez!!! Beijos...

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