Oi Gente, essa semana não apareci muito... rsrs
Mas tive um bom motivo! Rendida está em seus momentos finais e eu ando totalmente voltada para a obra, pois não quero atrasar com os episódios. Não esqueci de vocês não, tenho todas guardadas em um lugar super especial no meu coração... Amo vocês!
Ah e neste capítulo temos uma narração da Marta, ela é uma fofa neh gente?
O preço que se paga...
Dias
como os de hoje deveriam ser transformados em feriado nacional, eu sentia o ar
mais leve, a vida mais colorida e até ouvia os passarinhos cantarem com uma
maior alegria.
Ok eu estava
exagerando.
Mas
convenhamos, à prisão da Rebeca não foi um acontecimento, foi O ACONTECIMENTO.
O
mais legal era aquela sensação de paz e esperança. Paz porque finalmente não
teríamos mais que aturar aquela dissimulada na empresa, já a esperança vinha da
certeza de que agora eu e o Alexandre estávamos livres para retomar as nossas
vidas, de preferência juntos.
Depois
que a Cobreca foi levada pela viatura, Marta Dr. Tomas e eu entramos para
dentro da empresa.
-
É uma pena que eu tenha que trabalhar. – Marta comenta ainda tomada pela euforia.
– O Sr. Alexandre deveria fechar a empresa, alugar um clube e fazer um super
churrasco!
Dr.
Tomas franze o cenho e eu dou uma cotovelada na Marta.
-
É brincadeira. – ela levanta as mãos em rendição.
Reviro
os olhos e fito o Dr. Tomas.
-
Por que o senhor disse a Rebeca que ela já carregava crimes demais nas costas?
– pergunto.
Ele
pigarreia.
-
Alexandre contratou um detetive particular para investigar a vida da Rebeca
durante os anos em que ela ficou na Nova Zelândia, ele acabou descobrindo que
ela estava sendo acusada de matar três homens com quem manteve relacionamentos.
-
Ohh... – Marta e eu exclamamos em uníssono.
-
Agora além de responder pelo assassinato do Marcos, Rebeca terá mais esses
outros três para prestar contas. – Dr. Tomas continua.
-
Mas por que ela os matou? – Marta indaga.
-
Eu não sei de detalhes, mas Alexandre mencionou que ela sempre roubava uma
pequena fortuna a cada homicídio.
-
E pensar que essa louca estava convivendo conosco durante todo esse tempo. –
Marta se irrita cruzando os braços.
-
É horrível saber o quanto uma pessoa pode fazer por dinheiro. Mas agora tudo
acabou. – digo aliviada.
Todos
assentem.
-
Bom eu acho que irei subir até o andar do Alexandre, para ver como ele está. –
Dr. Tomas anuncia. – Você vem Fernanda?
Puta merda!
Eu queria muito
vê-lo...
Marta
me encara erguendo as sobrancelhas.
-
Bom... eu acho que vou... – respondo um tanto sem graça.
-
Então vamos todos. – Marta sorri, aperta o botão do elevador e as portas se
abrem.
******
Quando
chegamos ao andar do Alexandre demos de cara com ele. Sua expressão estava
péssima e pela minha vasta experiência diria que estava muito puto com alguma
coisa.
-
Rebeca já foi levada pela polícia. – Dr. Tomas informa ao Alexandre enquanto
saímos do elevador.
-
Eu sei. – ele cerra o maxilar pousando os olhos verdes em mim. – A policia não
conseguiu pegar o Murilo, ele fugiu, o delegado acaba de ligar para informar.
Minha
alegria pela prisão da Cobreca é afetada.
Puta merda!
-
E agora? A Fernanda vai ficar a mercê daquele doido? – Marta se desespera me
enlaçando pela cintura.
Alexandre
fecha as mãos em punho e fica vermelho de raiva.
-
Ele vai ser pego! O delegado disse ter uma equipe em perseguição ao carro dele.
– ele me fita e sua expressão se suaviza um pouco. – Ele não vai pegar você.
Mordo
os lábios me derretendo pela forma como ele me olha.
-
Eu sei que a polícia conseguirá pegá-lo. Tudo vai ficar bem. – o tranquilizo.
Fitamo-nos
e um dos cantos de sua boca se curva em um pequeno sorriso. Sorrio também.
No mínimo devo estar com uma cara mega boba
agora.
Dr.
Tomas pigarreia e paramos de nos encarar.
-
Bom me mantenha informado Alexandre, eu vou estar na minha sala, qualquer coisa
é só me ligar. – Dr. Tomas se vira pra mim. – Vamos?
Eu
assinto e encaro a Marta.
-
Marta eu vou voltar para o meu apartamento, quando sairmos da empresa pegarei
minhas coisas na sua casa e...
-
Você só pode estar brincando! – Alexandre me interrompe furioso.
Ergo
as sobrancelhas.
-
Alexandre não vejo necessidade de continuar incomodando a Marta. Você mesmo
disse que o Murilo está sendo perseguido pela polícia e eu duvido que ele apareça
no meu prédio.
-
Fernanda enquanto o Murilo não estiver preso em uma cadeia de segurança máxima
você não volta para aquele apartamento. – ele me fulmina com o olhar.
Abro
a boca em O pela petulância dele e cruzo os braços.
-
Eu devo te lembrar que você não manda em mim?
Sei
que Alexandre estava preocupado e só queria me proteger, mas eu odiava quando
ele acionava o modo mandão! Por que ele não diz: “Será que você pode ficar na
casa da Marta?” ao invés de me dar ordens como se eu fosse uma criança? Ok, eu
sabia a resposta, ele gostava de exigir, de ter domínio. Dificilmente se ouvia
um “por favor” da boca dele.
-
Você não vai voltar para aquele apartamento. – me enfrenta irritado.
Abro
a boca para respondê-lo, mas Marta me interrompe.
-
Sério que vocês vão brigar por causa disso? Pelo amor de Deus. – ela revira os
olhos. – Nanda fica lá em casa até pegarem o Murilo. – ela determina e me fita
docemente. – Você não incomoda em nada, estou amando te ter por perto.
-
Eu não quero me meter, mas também acho melhor você não ficar sozinha Fernanda.
– avalia Dr. Tomas.
Ótimo três contra
um.
-
Eu fico na casa da Marta. – cedo. Alexandre ergue uma sobrancelha e sorri
cinicamente saboreando o gosto da vitoria, o que só contribui para me irritar
mais. – Mas só por mais essa noite, amanhã, Murilo preso ou não, volto para a
minha casa. – o desafio e ele cerra o maxilar. – Vamos Dr. Tomas?
-
Pode ir Dr. Tomas. – ele diz olhando diretamente para mim. – Fernanda vai ficar mais um pouquinho.
Congelo
no meu lugar.
Aquele
tom de voz significava apenas uma coisa:
Eu estava na merda.
Dr.
Tomas anda até o elevador sem contestar, era sábio demais para se meter em uma
briga que não era sua. Fernanda não escolheu um bom momento para me desafiar,
eu estava há dias sem sexo, o que já contribui para aumentar o meu humor do
cão, sem contar todo o estresse devido às armações da Rebeca e agora, para
completar, a polícia deixa o Murilo escapar.
Caralho!
Encaro
Marta na esperança de que ela se toque e entre no elevador com o Dr. Tomas.
-
O que? – ela abre os braços. – Também vou ter que sair?!
Cerro
os olhos para ela.
-
Por que eu sempre perco as melhores partes?! – ela dramatiza entrando no
elevador.
Quando
as portas se fecham e ficamos somente eu e Fernanda cruzo os braços e a encaro.
-
Está pra nascer mulher mais teimosa que você. Por que é tão difícil fazer o que
eu quero? – pergunto me aproximando dela.
Seus
olhos não desviam dos meus nem por um segundo.
-
Ajudaria se você pedisse, por favor, de vez em quando. – ela retruca ríspida.
Queria
poder ter controle sobre mim, mas não consigo impedir meu pau de endurecer
quando passo os olhos pelo corpo dela. Por que ela tem que usar esses vestidos
levemente acinturados na altura dos joelhos com decotes generosos que tiram a
minha concentração?
-
Eu não gosto quando você manda em mim. – Fernanda diz entredentes.
Minha
boca se curva em um sorriso safado e eu espalmo minha mão na barriga dela
empurrando-a contra a parede. Merda agora já era!
Meu pau está no
controle...
-
Então você não gosta que eu mande em você? – sussurro enquanto minhas mãos
viajam livre por sua cintura. – Estou lembrando de algumas ordens que lhe dava
e você não reclamava. Até gostava. – aproximo minha boca do seu pescoço e dou
uma mordida forte na pele macia.
-
Ah... – ela lamenta me puxando para que meu corpo cole ao dela.
Para com isso agora
Alexandre!
Tento
recobrar o controle, mas parece que estamos grudados com uma super cola.
Caralho! Estou tão
duro... preciso transar com ela... Agora.
Mas eu não posso!
Merda!
Minha
testa encosta na dela e eu respiro fundo.
-
Me prometa que ficará na casa da Marta até pegarem o Murilo. – murmuro.
A
mão dela pousa em meu rosto numa caricia suave.
-
Por que você não me leva para sua casa e me protege? – pergunta com olhos
febris.
-
Porque provavelmente eu te jogaria na minha cama e se isso acontecer, quem irá
te proteger de mim? – respondo sem pensar.
Ela
ergue as sobrancelhas e tenta conter um sorriso pra lá de satisfeito.
-
Acho que não quero ser protegida de você.
O
aperto de minhas mãos em sua cintura se torna mais forte.
-
Eu sinto sua falta. – ela revela fazendo o meu coração acelerar. – Sinto
demais.
Busco
os olhos dela, uma de minhas mãos permanece em sua cintura enquanto a outra
acaricia seus cabelos, seu rosto e contorna o desenho de sua boca.
-
Eu te amo. – declaro apaixonado. – Amo tanto, mais tanto, que não acho justo
tirar a sua chance de encontrar mais. –
dou um sorriso triste. – Olha pra mim Fernanda. Eu sou fodido, amargurado,
marcado pela dor e sua vida comigo passará bem longe de um conto de fadas. É
isso que você quer pra você?
A
policia está no meu encalço, duas viaturas me perseguem, não posso deixá-los me
pegar. Não quero passar o resto dos meus dias em uma penitenciaria dividindo
uma cela fétida com mais vinte presos enquanto o meu meio-irmão desfruta do
luxo que deveria ser meu. Desfruta da mulher que deveria ser minha!
Não! Não! Não!
Maldita
Rebeca e sua burrice, eu a avisei que corríamos riscos! Agora ela está presa e
isso automaticamente me pós na rota! Eu vou sair dessa, vou pegar a Fernanda e
sumir no mundo... eu vou conseguir!
Entro
na Avenida Paulista e acelero mais o carro enquanto ouço o som das sirenes
atrás de mim, eles estão perto demais.
Tenho que
atrasá-los!
Abro
o porta-luvas e pego o meu revolver, tento controlar o volante com uma mão e
com a outra dou alguns tiros pela janela contra as viaturas. Ouço gritos das
pessoas e coloco a cabeça para fora da janela.
-
Vão se foder bando de merdas! – brado para uma das viaturas.
De
repente escuto um som alto de buzina, meu corpo fica em alerta. Viro-me para
frente e arregalo os olhos, um ônibus na contramão vem em minha direção. Freio
o carro tentando desviar da batida, mas a colisão é inevitável. Ela vem forte e
implacável, meu carro é arrastado e o airbag
é acionado protegendo minha cabeça e tórax do impacto contra o carro, fico
tonto e o som constante de buzina continua, ouço também gritos, muitos gritos e
um cheiro forte de gasolina.
Tento
sair do carro, mas a porta do motorista está emperrada. Forço a do passageiro e
consigo abri-la, mas antes que saia para fora daquele tormento o cheiro de
gasolina se intensifica e o estrondo de uma explosão se faz ouvir. Meu corpo
fica quente, estou em chamas... grito de dor... Não! Eu não quero morrer
assim...
Mais
uma explosão acontece e não consigo pensar em mais nada. A dor passa e eu
mergulho em uma escuridão completa e assustadora.
Abro
um sorriso largo após a pergunta dele. Alexandre não entende o motivo do meu
sorriso, deve estar se perguntando se sou louca, mas sou sim, só que por ele.
Alexandre
não acha justo tirar a minha chance de encontrar mais? Eu não preciso de chance
alguma porque já encontrei. Eu não quero conto de fadas, prefiro uma vida real
com todas as dificuldades ao lado dele. Ele é fodido, amargura, marcado pela
dor, mas por trás de tudo isso bate um coração bom, protetor e integro. Um
coração que me prendeu, um coração que eu queria muito que voltasse a bater bem
juntinho do meu em um só ritmo como antes. Mordo os lábios e o fito pronta para
dizer isso a ele, mas sou impedida pelo som do seu celular tocando. Solto uma
respiração impaciente, odeio celulares! Já é a segunda vez que este aparelhinho
do inferno interrompe um momento crucial.
Alexandre
poe a mão no bolso e pega o celular.
-
É o delegado Garcia. – ele diz fitando o celular, então me encara praticamente
me pedindo autorização para atender. Eu assinto e ele atende. – Oi delegado. –
Alexandre escuta alguma coisa que faz com que sua expressão se transforme de
repente, fico em alerta. – Meu Deus... mas... mas como foi isso? – ele pergunta
com a voz engasgada. – Tudo bem delegado, e-eu tomarei as providencias
necessárias. – avisa depois de ouvir a resposta. – Eu vou desligar agora.
O
celular dele cai no chão e eu o seguro pelos ombros muito preocupada.
-
Pelo amor de Deus! O que aconteceu?!
Ele
não responde, apenas me puxa para seus braços em um abraço apertado e eu deixo,
permito que ele me transforme em seu porto-seguro. É assim que eu quero que ele
me veja. É isso que eu quero ser pra ele durante toda a minha vida.
-
Fala pra mim, o que o delegado disse? – peço baixinho afagando os cabelos dele
com a minha mão.
-
Ele... ele está morto.
Afasto-me
um pouco para olhá-lo nos olhos.
-
Quem está morto? – tento manter a calma.
Alexandre
abre a boca algumas vezes, mas nenhuma palavra sai.
-
Murilo. – por fim consegue falar.
-
Oh... – coloca a mão na boca e pisco os olhos olhando para o nada. – Co-como?
-
Durante a perseguição o carro dele bateu em um ônibus que vinha na contramão.
Segundo testemunhas o ônibus estava sem freios e o motorista perdeu o controle
jogando o veículo para o lado errado da avenida. – ele para um pouco para
recuperar o fôlego e depois volta a falar. – O carro do Murilo foi arrastado por
alguns metros e explodiu junto com o ônibus.
-
Jesus...
-
Os corpos estão carbonizados. – comenta transtornado.
-
Corpos? – me espanto.
-
No ônibus além do motorista tinha alguns passageiros. – explica tristemente. –
Ninguém sobreviveu.
Controlo
um soluço com a mão, mas infelizmente o choro cai sem que eu possa impedir. Meu
Deus! Quantas pessoas inocentes pagaram pelos erros do Murilo? Por quê? Isso
não é justo...
Sei
que não deveria, mas me sinto culpada. Encaro o Alexandre e pela sua expressão
sei que ele também sente o mesmo que eu. Então eu choro mais, só que dessa vez
por ele.
Quantos fados
pesados este homem ainda terá que carregar?
-
Vem... – ele me puxa suave para o meu lugar preferido em todo o mundo: os seus
braços. Alexandre descansa o queixo em minha cabeça e afaga as minhas costas
com uma extrema delicadeza que é quase impossível sentir o seu toque.
A
notícia da morte trágica do Murilo abalou a todos. Vidas humanas foram perdidas naquele
acidente. A notícia logo se popularizou, jornais noticiaram sete vítimas no
tatal: Murilo, o motorista do ônibus e mais cinco passageiros.
É
obvio que não demorou para que toda aquela história asquerosa caísse nas garras
da imprensa marrom. O passado do Sr. Alexandre, o assassinato do Marcos e a
prisão da Rebeca viraram manchetes em questão de horas.
Nanda
e eu estávamos deitadas na cama do quarto de hospedes da minha casa assistindo
a um dos noticiários, no fim da tarde o Sr. Alexandre havia convocado a
imprensa para uma declaração, declaração está que os jornais não paravam de
reprisar, os repórteres pareciam abutres ao redor dele.
A
câmera focalizava o rosto do Sr. Alexandre e jornalistas colocaram microfones
diante dele fazendo várias perguntas.
- O que o senhor
tem a dizer sobre os escândalos desta tarde? Acha que a sua empresa perderá
muitos contratos por ter como acionista uma assassina?
- Qual foi a sua
reação quando descobriu que sua esposa tinha um caso com o seu irmão? Então foi
este o verdadeiro motivo da transferência das Organizações Mcconaughey para São
Paulo?
- Você está muito
abalado pela morte do seu irmão naquele trágico acidente?
Fernanda
se encolheu na cama com os joelhos dobrados, passei meu braço em seu ombro e ouvimos
a resposta do Sr Alexandre.
- As Organizações
Mcconaughey não têm absolutamente nada a ver com nenhum dos escândalos que a
imprensa está noticiando. Rebeca é nossa ex-acionista, o vínculo dela com a
empresa foi quebrado após sua prisão. O motivo da transferência das
Organizações Mcconaughey para São Paulo, assim como a minha vida pessoal, não são
da conta de vocês. Sinto muito pela morte do Murilo e pela das pessoas que
estavam naquele ônibus. Estou muito triste pelas circunstancias. Agora se vocês
me dão licença, tenho alguns assuntos para resolver.
Pego
o controle e desligo a TV.
-
É por isso que odeio a imprensa! Eles são frios, não ligam para o sentimento
das pessoas. – me exalto indignada.
-
Coitado Marta, ele está sendo massacrado. – Nanda lamenta.
-
Ele sabe como lidar com esse tipo de gente, a empresa e o próprio Sr. Alexandre
tem muita credibilidade. Nada respingará nele. – me ajeito melhor na cama
ficando de frente para ela. – Como será que ele está, tipo de verdade?
-
Ah Marta... ele está péssimo. Foi uma tragédia e apesar de tudo que o Murilo
fez tenho certeza que o Alexandre não iria querer esse final. Poxa eles são
irmãos, mesmo que só por parte de mãe.
Ficamos
em silêncio e ela volta a falar.
-
Não consigo parar de pensar nas pessoas que estavam naquele ônibus. – ela fecha
os olhos e começa a chorar.
-
Ei para com isso! – a repreendo. – Você não tem culpa, muito menos o Sr.
Alexandre.
-
Foram vidas Marta... vidas perdidas...
-
Nanda foi uma fatalidade, o jornal noticiou que o ônibus estava sem freios
quando bateu no carro do Murilo durante a perseguição.
-
Eu sei. – ela responde baixinho. – Eu só queria que... que as coisas fossem
diferentes.
-
Ninguém sabe por que essas coisas ocorrem... sei lá elas só acontecem. Acho que
faz parte da vida. – dou de ombros. – Faz parte das escolhas que fazemos.
Ela
assente mais calma.
-
Nanda, o enterro do Marcos é amanhã pela manhã. Como ele não tinha familiares
próximos o primo dele resolveu enterrá-lo aqui mesmo. Você vai?
-
Vou. Podíamos comprar umas flores antes de ir. – ela sugere.
Dou
um sorriso.
-
Claro.
O
celular dela toca chamando nossa atenção, ela o pega e faz uma careta
engraçada.
-
É a minha mãe, deve ter visto os noticiários... Puta merda ela nem sabia que o
Alexandre tinha uma ex-esposa.
Levanto-me
da cama e a fito.
-
É melhor atender e acalmá-la.
Saio
do quarto para lhe dar privacidade.
Começo
a soar frio assim que atendo ao celular, o coloco no ouvido já prevendo o
escândalo que mamãe fará.
-
Oi mã...
- Filha ingrata!
– ela diz me interrompendo. – Como pode
esconder de mim e do seu pai coisas tão importantes?!
Coloco
a mão na cabeça e suspiro pesado.
-
Mãe me deixa explicar...
- Agora não
precisa! A moça que apresenta o jornal já explicou para o Brasil inteiro!
Reviro
os olhos.
-
Mamãe eu ia contar, é só que... quando visitamos vocês estávamos no inicio do
namoro e achei melhor esperar mais um pouco. Eu só não imaginava que tudo isso
fosse acontecer. – tento fazê-la entender.
- Coitado do meu
genro, uma ex-mulher assassina e um irmão doido... Como o Alexandre está filha?
Eu
não acredito que ela me ligou só para perguntar dele. Esqueci que a minha mãe é
fã número um do Alexandre.
-
Ele está abalado, triste, mas vai ficar bem... – respondo.
- Ainda bem que
aquela ex dele está presa, caso contrário eu mesma a botaria em uma camisa de
força e a jogaria em um mar! Só de pensar no perigo que minha filhotinha estava
correndo com essa louca a solta...
Não
consigo não rir.
-
Mãe eu estou bem, não se preocupe.
- E você e o
Alexandre? Também estão bem? Ele está aí com você? Posso falar com ele?
Fico
em silêncio por um tempo. Puta que pariu! Se eu falar para a mamãe que não
estamos juntos ela cairá dura no chão, mas também não quero mentir... o que eu
faço?!
-
Ah... nós estamos... bem. – falo na corda bamba. – E ele não está comigo, eu
estou na casa de uma amiga.
- Que pena filha,
fala para ele que sinto muito por tudo. E que eu e o seu pai o amamos como a um
filho, ele já faz parte da nossa família.
Fico
emocionada.
-
Eu falo sim mãe... e o papai? Como ele está?
- Dormindo. Ele não
sabe de nada, contarei amanhã com calma. Não quero assustá-lo por causa do
infarto.
-
Eu sei... é melhor assim.
- Nanda agora vou
desligar, só liguei mesmo para lhe dar uma bronca, saber como você está e
lembrá-la que ainda tem mãe, ah e para falar com o Alexandre... Mas não pense
que não iremos ter uma conversa séria depois! Filha você viu a entrevista que o
Alexandre deu? Que genro mais lindo você foi me arrumar!
Caio
na risada.
-
Mãe para com isso!
- Meus netos serão
lindos. Imagina um garotinho com a cara dele? – ela diz
sonhadora me fazendo parar de rir.
Estava
aí mais uma coisa que eu teria que conversar com ela, mas não seria agora.
Teria que ser pessoalmente.
-
Mãe mande um beijo para o papai. Amo vocês. – mudo de assunto.
- Também te amo meu
bem. Boa noite. – ela diz antes de desligar.
Após
o banho deitei na cama apenas de boxer. Eu estava cansado, mas não conseguia
dormir. Imagens da minha infância com o Murilo não paravam de rondar a minha
cabeça. Era para termos sido parceiros, amigos, família.
Agora
ele estava... morto.
Ainda
não consigo digerir isso. Não vou negar que chorei durante o banho. Houve um
tempo em que o amei muito, mas depois só consegui odiá-lo. Agora... agora eu
não sei mais o que sinto. Será que eu deveria tê-lo procurado nos últimos dez
anos? E se eu tivesse procurado, teria feito alguma diferença? O destino dele
poderia ser diferente?
Tantas
perguntas sem respostas...
Darei
ao Murilo um enterro decente, assim que o IML liberar o corpo eu o levarei para
o Rio de Janeiro e o enterrarei ao lado da nossa mãe. Era o que ela iria
querer.
Mas
por que ele me odiava tanto? O que eu havia feito de tão ruim a ele? Será que
ele nunca me amou como irmão? Será que ele se arrependeu de algo que fez? Será sentiu
a minha falta no tempo que ficamos longe?
Ele
era meu único parente vivo, agora eu estava sozinho no mundo. Embora já me
sentisse assim antes.
Eu não queria ficar
sozinho.
Todos
ouviam com atenção as palavras do padre, me surpreendi com a quantidade de
pessoas da empresa que vieram ao enterro do Marcos. O caixão estava fechado,
não havia a menor possibilidade de ser aberto devido ao estado do corpo. Marta
e eu vestíamos vestidos pretos, estávamos lado a lado segurando cada uma um
ramalhete de flores. Alexandre havia chegado a pouco acompanhado do Dr. Tomas e
da Alicia, eu não conseguia parar de olhá-lo, vestido em um terno azul escuro
ele estava simplesmente lindo.
Quando
o caixão foi colocado na vala e os coveiros jogaram terra por cima, o padre
disse suas ultimas palavras:
-
Da mesma forma como somos viajantes aqueles que convivem conosco também o são.
Quando alguém parte antes de nós não devemos nos entregar a tristeza profunda
porque os mortos descansam e nada sentem. Eles dormem e estão esperando o dia
da ressurreição do Senhor. A mesma coisa acontecerá conosco. Nós também
dormiremos. Que o nosso irmão Marcos encontre a paz eterna, que os seus pecados
sejam perdoados por Deus e por aqueles que ele afligiu. Irmãos e irmãs se
perdoamos somos perdoados, o perdão é libertador e a falta dele é como uma
pedra amarrada na perna de alguém, que a arrasta para o fundo do mar. Que Deus vos
abençoe.
-
Amém. – dissemos.
Marta
e eu nos aproximamos do primo do Marcos para dar os pêsames, as pessoas já
começavam a se retirar do cemitério. Quando o trabalho dos coveiros foi
concluído poucas pessoas restavam ali. Marta colocou suas flores na sepultura e
me fitou.
-
Odeio enterros. – suspirou. – Vamos?
-
Você me espera no carro? Eu gostaria de fazer uma oração antes de ir.
Ela
dá um sorriso e assente me deixando sozinha. Rezo um Pai Nosso e três Avemarias
pela alma do Marcos, quando termino sinto o cheiro inconfundível do Alexandre, sei
que Le está atrás de mim. Viro-me e o encaro.
-
Oi. – dou um sorriso tímido.
Ele
tem a expressão séria e olha para a sepultura do Marcos.
-
No final do vídeo que o Marcos me mandou ele pedia perdão a você pelas coisas
que ele fez.
Franzo
o cenho.
-
Eu não ouvi essa parte quando você mostrou o vídeo para a Rebeca.
Ele
me fita surpreso.
-
Você estava na sala do Dr. Tomas?
-
É eu estava... vi e ouvir tudo. – afirmo e ele fica um pouco desconfortável.
-
Bem eu cortei algumas partes do vídeo, só deixei as que interessavam ao meu
plano. – ele explica. – Por isso você não escutou o pedido de perdão.
Eu
me abaixo colocando o meu ramalhete na sepultura do Marcos e depois me ergo
ficando de frente para ele.
-
Sabe, eu o perdoo. Apesar de não ter sido com a melhores das intenções, Marcos
fez aquele vídeo e esclareceu tudo para você. Se isso não tivesse acontecido
nem sei qual seria o desfecho desta história. E é como o padre disse, devemos
perdoar para sermos perdoados. E o pior é que na maioria das vezes só
entendemos a importância disso quando precisamos do perdão de alguém. – dou a
ele um olhar significativo.
Alexandre
me encara sério e entende que eu estava me referindo aquela coisa horrível que
havia dito a ele, sobre o fato dele não poder me dar filhos, ele ergue a mão e
toca a minha face.
-
Eu já te perdoei. – diz com a voz suave me fazendo sorrir como a muito tempo eu
não sorria.
-
A minha mãe me ligou ontem. – torço as mãos um pouco nervosa, ele continua a
acariciar o meu rosto. – Ela soube de tudo pelos noticiários, me pediu para
dizer que sente muito e que ela e papai te amam como a um filho.
Ele
sorri de um jeito tímido, um golpe certeiro no meu coração.
-
Obrigado. Eu gosto muito dos seus pais, eles são... maravilhosos.
-
É eles são. – aquiesço o olhando muito boba.
-
Eles sabem que não estamos mais juntos? – pergunta e eu fico sem graça.
-
Não... ainda não contei.
-
Por quê?
Penso
um pouco antes de responder.
-
Porque eu acho que precisamos conversar direito sobre isso. – sinto que ele
fica perturbado.
-
Nós já conversamos.
-
Não. – contraponho. – Você tomou uma decisão, isso não é conversar.
Ele
desvia os olhos dos meus.
-
Eu vou estar te esperando hoje à noite na minha casa. – aviso. – Agora que tudo
acabou não há mais porque eu continuar na casa da Marta.
-
Eu viajo hoje à noite para o Rio de Janeiro. – ele fala acabando com os meus
planos.
-
Viaja? Como assim?
-
Eu vou levar o corpo do Murilo para lá, quero enterrá-lo ao lado da nossa mãe.
O IML deve liberar o corpo hoje à tarde.
-
Quando você volta?
-
Na segunda.
-
Eu espero. – sussurro.
-
Alexandre, papai está te esperando para irmos. – Alice chega se juntando a nós.
– Interrompi alguma coisa? – pergunta percebendo o clima.
Mordo
os lábios louca para dizer um SIM bem grande e redondo, mas me controlo.
-
Eu só estava dizendo a Fernanda que viajo hoje à noite para o Rio. – Alexandre
diz olhando para mim.
-
Ah claro o enterro do Murilo. Tem certeza que não quer que eu vá com você? –
Alice coloca a mão no braço dele.
Abro
a boca em O. Eu não acredito que ela já tinha se oferecido para ir!
Alexandre
me olha cauteloso.
-
Não Alice eu quero ir sozinho.
-
Bom se mudar de ideia... Eu estarei aqui.
-
Eu não vou mudar. – ele é taxativo.
-
É eu vou indo. – os interrompo me corroendo de ciúmes. – A Marta está me
esperando no carro. – falo irritada.
-
Também já vamos. – Alexandre diz e caminhamos os três para fora do cemitério.
Do
lado de fora do cemitério deixo Alicia com o Dr. Tomas dentro do meu carro e
acompanho Fernanda até o carro da Marta.
-
A Alicia é tão... amiga. – ela diz
aquilo com uma ponta de sarcasmo.
Dou
um sorriso porque sei que ela está com ciúmes.
-
Ela é uma pessoa legal.
-
Ela gosta de você. – Fernanda afirma um pouco irritada.
-
Você está com ciúmes da Alicia? – pergunto contendo um sorriso zombeteiro.
Ela
para de andar e coloca as mãos na cintura.
-
Eu? É claro que não. – diz ofendida. – Onde já se viu?
-
Está na sua cara. – provoco.
Ela
ri sarcástica e volta a andar.
-
Você é um babaca.
-
E você ciumenta. – retruco acompanhando seus passos.
Ela
bufa e eu dou um sorriso torto.
Alexandre
abre a porta do carro da Marta para mim e eu afundo do banco mal olhando na
cara dele, ele fecha a porta e se apóia na janela cumprimentando a Marta. Assim
que vai embora, Marta liga o carro o colocando em movimento.
Durante
o caminho ela meio que me olha de soslaio.
-
Já brigaram não é?
Cruzo
os braços fazendo beicinho.
-
Você acredita que ele disse que eu tenho ciúmes da Alicia!
-
Querida e ele disse alguma mentira?
Cerro
os olhos para ela.
-
Alexandre viaja hoje a noite para o Rio, ele quer enterrar o corpo do Murilo ao
lado da mãe e você acredita que a Alicia se ofereceu para ir com ele?! – falo
indignada.
-
E ele?
-
Ele não seria louco de aceitar. – respondo P da vida.
Marta
cai na risada.
-
Quando ele volta?
-
Segunda. – respondo mais calma. – Eu quero muito conversar com ele. Não aguento
mais essa situação.
Marta
fica séria de repente.
-
Nanda você já pensou que ele pode estar certo?
-
Como assim? – pergunto confusa.
-
Que vocês querem tipos de relacionamentos diferentes. Você quer uma família no
futuro. Ele só quer você.
Mordo
o meu dedo e olho pela janela.
-
Eu queria uma família com ele, mas se não é o que o Alexandre quer o que eu
posso fazer? Marta eu só tenho duas opções: Ficar sozinha e infeliz pelo resto
da vida porque o homem que eu amo não quer ter filhos ou ficar com ele e ser
feliz.
Ela
pega minha mão que repousava em meu colo.
-
Sabe Nanda, um filho não vem para completar felicidade de casal nenhum, é uma
responsabilidade muito grande para uma criança. Um filho vem para adicionar,
trazer uma nova riqueza. Então eu acredito que vocês dois, mesmo sem filhos
possam sim ser tão felizes quanto um casal que tem. Você só precisa convencê-lo
disso.
-
Só não sei como... na verdade eu sei! – falo de repente. – Só que acho muita
loucura.
-
Faz assim, você me conta. – ela pondera. – Se for muita, mais muita loucura eu
te falo para desistir e pensar em outra coisa.
Me
animo.
-
Eu precisaria da sua ajuda.
-
Você já sabe que já a tem.
-
Tudo ocorreria na segunda quando ele voltasse do Rio. Seria na empresa. Na sala
dele, onde tudo entre a gente começou e seria a noite!
Ela
me olha eufórica e freia o carro bruscamente nos fazendo ir para frente e
depois para trás.
Marta no volante,
perigo constante.
-
Nanda já gostei disso! Agora me conta logo ou eu vou por um ovo azul!
Caio
na gargalhada e ela também.
Respiro
fundo criando coragem.
-
Prometa que não vai rir. – peço.
Ela
cruza os dedos e os beija em juramento.
-
Prometo tudo o que você quiser, agora desembucha.
6 comentários:
Meu Jesus q capitulo. Aguardando anciosA pelo próximo. E triste pq não vai mas ter a Fernanda e o Alexandre bjos...
Amei ansiosa pelo próximo capítulo. ..
Gostei destes capítulo. Só que fiquei triste pela morte do Murilo ;( e o sofrimento do Alexandre.
Vai ser engraçado relembrar onde tudo começou, só que com a Fernanda no poder kk
Gente só queria dizer que é muito bom escrever para pessoas como vocês... Cara as vezes me perguntam de onde minha inspiração vem e hoje eu sei a resposta. Vem de vocês... Essa explosão de sentimentos que Rendida causa só me traz mais vontade e ideias.
Amo muito tudo isso!
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