Acerto de Contas
Assim
que entro, jogo o sobretudo no chão e apoio minhas mãos no peito do Alexandre,
ele cambaleia para trás e me dá um sorriso bêbado.
-
Mas que merda você faz aqui Rebeca? – pergunta com um tom de voz arrastado.
-
Aposto que não é tão difícil assim para você adivinhar... – provoco colando meu
corpo no dele. – Deixa eu te fazer esquecer tudo de ruim que aconteceu hoje meu
amor. – sussurro ao pé do seu ouvido.
-
Dá... o fora... da minha casa Rebeca.
-
Não banque o difícil... Eu te quero tanto, te desejo tanto.
Minhas
mãos passeiam pelo corpo dele sentido os músculos firmes como pedra, meu corpo
desperta imediatamente para um desejo latente, a saudade era imensa.
Pego
sua mão livre contornando minha cintura e tento beijá-lo.
-
Me solta! – ele grita me empurrando para longe. – Sai da minha casa porra!
Veste sua roupa e cai fora! Você achou que ganharia o que vindo aqui?
Alexandre
leva a garrafa à boca e bebe alguns goles, depois me encara com raiva.
-
Dá o fora Rebeca! Agora! Preciso chamar a segurança?! – ele cambaleia e a
garrafa cai no chão.
Minha
fúria é imensa por mais aquela rejeição, ele está bêbado e nem assim eu consigo
um único movimento de carinho de sua parte. Já estava pronta para vestir o meu
sobretudo e ir embora, mas ele começa a tossir descontroladamente. Ele geme e
coloca a mão na barriga e vomita tudo o que havia bebido bem ali na sala.
Visto-me
me aproximando dele. Não poderia deixá-lo naquele estado. O seguro apesar de sua
resistência tentando firmá-lo em pé.
-
Vem Baby eu vou te levar para o quarto.
-
Eu não quero você aqui! – olha pra mim com os olhos verdes embriagados. – Eu te
odeio Rebeca... me deixa em paz... sai da minha casa...
Dou um sorriso triste.
-
É uma pena Baby, porque pra você me tirar daqui teria que me por para fora e eu
acho que você não está em condições de fazer isso...
******
Subo
as escadas com o Alexandre tropeçando a cada passo, estava difícil
equilibrá-lo, ele praticamente estava inconsciente. Quando chegamos ao topo
andamos pelo corredor até achar ao seu quarto, entramos e o deposito na cama,
ele cai de costas e apaga.
-
Que tal tirarmos essa roupa Baby? – falo sozinha. Alexandre continua imóvel,
pelo visto só acordará de amanhã de manhã.
Tiro
seus sapatos, as meias e subo na cama montando em cima dele. Começo a
desabotoar sua camisa e a retiro com um pouquinho de dificuldade, ele estava
totalmente inconsciente e fazer isso sozinha dava trabalho. Abro o botão da
calça e consigo arrancá-la depois de alguns puxões, não há como não admira-lo
enquanto dorme o sono dos justos apenas de cueca box.
Tê-lo
inconsciente, ao meu domínio, com aquele corpo perfeitamente definido e
esculpido pelas mãos de Zeus, tinha que ter alguma vantagem. Deito na cama
repousando minha cabeça em seu peito, ele se meche um pouquinho.
-
Fernanda... – geme.
O
encaro espumando de raiva, ele mantém os olhos fechados, está delirando. Nem em
sonhos ele a tira da porra da cabeça.
-
Estou aqui meu amor... – finjo ser ela a contragosto e beijo seu peito deixando
marcas de batom.
-
Não... me deixe so... sozinho... eu te amo...
-
Eu não vou. – retruco beijando-o na boca.
O
envolvo com o meu corpo e passo a melhor noite dos últimos dez anos.
******
Quando
desperto pela manhã ele ainda dorme, resolvo então tomar um banho para me
refrescar. Quando saí do banheiro vesti minha calcinha da noite anterior e abri
o closet dele pegando uma de suas
camisas. Desci as escadas e fui até a cozinha comer alguma coisa, passei pela
sala e notei que estava perfeitamente arrumada, nenhum sinal do vômito do
Alexandre. Na cozinha encontrei uma senhora de meia idade fazendo café.
-
Bom dia. – cumprimento a assustando.
-
Bom dia... – ela me olha de um jeito esquisito. – Pensei que fosse a Dona
Fernan...
-
Sou a Rebeca querida, esposo do Alexandre. – a fuzilo com o olhar.
-
Esposa? Ele não me disse que tinha uma esposa? Onde está o Sr. Alexandre? – ela
tenta passar por mim, mas a impeço.
-
Quer mesmo saber? – a desafio irritada com seu jeito petulante. – Está no nosso
quarto repousando depois da noite movimentada que tivemos. Você deve imaginar
como ele é insaciável. Durante nosso período de separação ele deve ter trago uma
variedade de mulheres para cá, mas agora isso acabou, nós voltamos.
Ela
faz uma careta.
-
O Sr. Alexandre nunca trouxe mulher nenhuma para cá, exceto a Dona Fernanda que
é namorada dele. – a coisinha da ênfase a palavra namorada.
Bato
a mão na mesa aborrecida.
-
Não é mais! E se quiser continuar trabalhando aqui é melhor parar de falar
daquela vagabunda! Agora dá o fora que eu e meu marido queremos privacidade.
-
O que?!
-
Isso mesmo! É surda? Eu e meu marido queremos privacidade, estou te dando o dia
de folga. – começo a empurrá-la para a porta da área de serviço.
-
A senhora não pode fazer isso! Quero falar com o senhor Alexandre!
-
Você não vai falar com ninguém sua bocuda! Mete o pé! – grito batendo com a
porta na cara dela. – Agora estamos só eu e você meu amor. – dou um sorriso.
******
Como
uma maça na cozinha e termino de fazer o café. Coloco o liquido preto em uma
xícara para o Alexandre, ele deve acordar com uma ressaca e vai precisar de
algo forte.
Volto
para a sala e me preparo para subir as escadas quando o Alexandre aparece no
meu campo de visão. Ele esta no topo da escada, uma das mãos segura o corrimão
e a outra é passada no cabelo repetidas vezes. Sua cara não é nada boa, ele
está descalço vestindo uma calça de moletom perigosamente baixa por cima da
cueca box.
-
Hum... o belo adormecido resolveu despertar. – brinco e só então ele percebe
que não está sozinho.
-
Mas que porra você está fazendo aqui Rebeca? – ele grita tão alto que acho que
pode ser ouvido da Avenida Paulista.
-
Bom no momento eu iria levar o café para você. – respondo erguendo o copo. – E
ontem à noite caso você não esteja se lembrando passamos a noite relembrando os
velhos tempos.
Abro
um largo sorriso com a expressão de horror que ele faz. Alexandre coloca a mão
na cabeça e desce as escadas devagar, ele me encara assim que ficamos próximos.
-
Como você entrou aqui dentro? – ele me pega pelo braço e eu derrubo a xícara no
chão.
-
Pela porta. Você não se lembra? – faço beicinho.
-
Não me lembro de muita coisa, mas tenho certeza que não toquei um dedo em você!
– estoura.
Disfarço
a minha irritação e sorrio para ele.
-
Oh meu amor você não usou só os dedos, usou essa boca maravilhosa, esses braços
fortes e esse pau gostoso. – tento acariciá-lo intimamente, mas ele segura
minha mão com força.
-
Dá o fora. – range me empurrando.
-
O que será que a Fernanda vai achar quando descobrir o nosso segredinho?
-
Não aconteceu nada Rebeca! Para de fingir! Eu estava bêbado, não louco!
-
Como você pode ter tanta certeza assim Alexandre?! – grito com ele. – Encare os
fatos! Transamos e ponto!
-
Tenho certeza porque eu preferiria morrer a encostar em você. – responde com
uma voz baixa.
Eu
paraliso diante da sua afirmação.
-
Tudo culpa daquela vaga...
Ele
avança em mim e me agarra pelos braços, sou sacolejada a cada frase.
-
Para Rebeca! Para com isso. Entende de uma vez por todas que o problema não é e
nunca foi a Fernanda. O problema é você! Eu não quero você, meu corpo não te
deseja. Só de imaginar que você passou a noite inteira se esfregando em mim
enquanto eu estava inconsciente sinto vontade de vomitar. Só de sentir o seu
cheiro na minha pele minha vontade é de arrancá-la e deixá-la na carne viva. Eu
nem me lembro mais como é estar com você, fiz questão de apagar cada lembrança.
Quando você vai se tocar que por mais que você insista e me persiga para mim
você sempre será a vagabunda que mentiu, traiu, roubou e dormiu com o meu
irmão?!
Quando
para de falar ele me solta e me dá as costas. Abraço meu próprio corpo aos
prantos me sentindo a pior das mulheres.
-
Você achou mesmo que eu iria esquecer tudo e me atirar nos seus braços? – ele
pergunta se virando com um sorriso cínico na boca. – Tenho que reconhecer que o
seu plano realmente foi muito bom, descobriu sobre a inscrição, me envenenou
contra a Fernanda, sabia que íamos acabar brigando, então apareceu aqui para
dar o bote. Você só se esqueceu de um pequeno detalhe que faz toda a diferença:
Eu amo a Fernanda com cada célula do meu corpo. Amo de um jeito único e
incalculavel.
Meu
mundo caiu, desmoronou aos meus pés e naquele momento eu soube que nunca o
teria de volta. O tinha perdida por um tempo chamado sempre. Mas não iria
bancar a ex humilhada. Chega!
-
Agora sou eu quem não te quer mais. – digo limpando as lágrimas. – Você vai se
arrepender de cada palavra que me disse hoje. Vou te tirar tudo. – aviso com um
olhar mortal.
-
Eu quero você e suas ameaças de merda fora da minha casa em cinco minutos. –
retruca não se importando. – Se vista e dê o fora! Eu acho bom você não estar
aqui quando eu passar de novo por esta sala.
Alexandre
me dá as costas e some pelo corredor. Fecho os olhos deixando as últimas
lágrimas que eu derramaria por ele caírem.
******
Já
subia as escadas para me vestir e cair fora daquela cobertura quando o
interfone tocou, pensei em ignorar, mas algo me disse para atender.
-
Alô. – atendo impaciente.
- Sr Alexandre, por
favor. É da portaria. – a voz não era a mesma do porteiro
com quem eu tinha feito o negócio para facilitar minha entrada. Então achei
melhor mentir.
-
Ele está ocupado. É a empregada dele falando, ligue mais tarde. Tchau.
- Espera!
– chama antes que eu desligue. – É que
tem uma moça aqui pedindo permissão para subir. O outro porteiro já cumpriu o
turno e foi embora e eu sou novo no emprego, não sei se devo permitir a entrada
dela.
-
Como ela se chama?
- Fernanda.
Passo
a língua pelos lábios que neste momento estão abertos em um sorriso diabólico.
-
Mande-a subir, por favor. – é hora do show bebê.
- Ok.
– desliga.
Hum... isso vai ser
tão interessante...
4 comentários:
Misericordia vou matar essa bruxaaaaa, aí que dó da Fernanda.....
Próximo capítulo será emocionantemente triste :(
Eu vou chorar:'(
Acho que vai sim :(
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