sábado, 10 de janeiro de 2015

Série Rendida - Novais J.


Acerto de Contas

Assim que entro, jogo o sobretudo no chão e apoio minhas mãos no peito do Alexandre, ele cambaleia para trás e me dá um sorriso bêbado.
- Mas que merda você faz aqui Rebeca? – pergunta com um tom de voz arrastado.
- Aposto que não é tão difícil assim para você adivinhar... – provoco colando meu corpo no dele. – Deixa eu te fazer esquecer tudo de ruim que aconteceu hoje meu amor. – sussurro ao pé do seu ouvido.
- Dá... o fora... da minha casa Rebeca.
- Não banque o difícil... Eu te quero tanto, te desejo tanto.
Minhas mãos passeiam pelo corpo dele sentido os músculos firmes como pedra, meu corpo desperta imediatamente para um desejo latente, a saudade era imensa.
Pego sua mão livre contornando minha cintura e tento beijá-lo.
- Me solta! – ele grita me empurrando para longe. – Sai da minha casa porra! Veste sua roupa e cai fora! Você achou que ganharia o que vindo aqui?
Alexandre leva a garrafa à boca e bebe alguns goles, depois me encara com raiva.
- Dá o fora Rebeca! Agora! Preciso chamar a segurança?! – ele cambaleia e a garrafa cai no chão.
Minha fúria é imensa por mais aquela rejeição, ele está bêbado e nem assim eu consigo um único movimento de carinho de sua parte. Já estava pronta para vestir o meu sobretudo e ir embora, mas ele começa a tossir descontroladamente. Ele geme e coloca a mão na barriga e vomita tudo o que havia bebido bem ali na sala.
Visto-me me aproximando dele. Não poderia deixá-lo naquele estado. O seguro apesar de sua resistência tentando firmá-lo em pé.
- Vem Baby eu vou te levar para o quarto.
- Eu não quero você aqui! – olha pra mim com os olhos verdes embriagados. – Eu te odeio Rebeca... me deixa em paz... sai da minha casa...
 Dou um sorriso triste.
- É uma pena Baby, porque pra você me tirar daqui teria que me por para fora e eu acho que você não está em condições de fazer isso...

******

Subo as escadas com o Alexandre tropeçando a cada passo, estava difícil equilibrá-lo, ele praticamente estava inconsciente. Quando chegamos ao topo andamos pelo corredor até achar ao seu quarto, entramos e o deposito na cama, ele cai de costas e apaga.
- Que tal tirarmos essa roupa Baby? – falo sozinha. Alexandre continua imóvel, pelo visto só acordará de amanhã de manhã.
Tiro seus sapatos, as meias e subo na cama montando em cima dele. Começo a desabotoar sua camisa e a retiro com um pouquinho de dificuldade, ele estava totalmente inconsciente e fazer isso sozinha dava trabalho. Abro o botão da calça e consigo arrancá-la depois de alguns puxões, não há como não admira-lo enquanto dorme o sono dos justos apenas de cueca box.
Tê-lo inconsciente, ao meu domínio, com aquele corpo perfeitamente definido e esculpido pelas mãos de Zeus, tinha que ter alguma vantagem. Deito na cama repousando minha cabeça em seu peito, ele se meche um pouquinho.
- Fernanda... – geme.
O encaro espumando de raiva, ele mantém os olhos fechados, está delirando. Nem em sonhos ele a tira da porra da cabeça.
- Estou aqui meu amor... – finjo ser ela a contragosto e beijo seu peito deixando marcas de batom.
- Não... me deixe so... sozinho... eu te amo...
- Eu não vou. – retruco beijando-o na boca.
O envolvo com o meu corpo e passo a melhor noite dos últimos dez anos.

******

Quando desperto pela manhã ele ainda dorme, resolvo então tomar um banho para me refrescar. Quando saí do banheiro vesti minha calcinha da noite anterior e abri o closet dele pegando uma de suas camisas. Desci as escadas e fui até a cozinha comer alguma coisa, passei pela sala e notei que estava perfeitamente arrumada, nenhum sinal do vômito do Alexandre. Na cozinha encontrei uma senhora de meia idade fazendo café.
- Bom dia. – cumprimento a assustando.
- Bom dia... – ela me olha de um jeito esquisito. – Pensei que fosse a Dona Fernan...
- Sou a Rebeca querida, esposo do Alexandre. – a fuzilo com o olhar.
- Esposa? Ele não me disse que tinha uma esposa? Onde está o Sr. Alexandre? – ela tenta passar por mim, mas a impeço.
- Quer mesmo saber? – a desafio irritada com seu jeito petulante. – Está no nosso quarto repousando depois da noite movimentada que tivemos. Você deve imaginar como ele é insaciável. Durante nosso período de separação ele deve ter trago uma variedade de mulheres para cá, mas agora isso acabou, nós voltamos.
Ela faz uma careta.
- O Sr. Alexandre nunca trouxe mulher nenhuma para cá, exceto a Dona Fernanda que é namorada dele. – a coisinha da ênfase a palavra namorada.
Bato a mão na mesa aborrecida.
- Não é mais! E se quiser continuar trabalhando aqui é melhor parar de falar daquela vagabunda! Agora dá o fora que eu e meu marido queremos privacidade.
- O que?!
- Isso mesmo! É surda? Eu e meu marido queremos privacidade, estou te dando o dia de folga. – começo a empurrá-la para a porta da área de serviço.
- A senhora não pode fazer isso! Quero falar com o senhor Alexandre!
- Você não vai falar com ninguém sua bocuda! Mete o pé! – grito batendo com a porta na cara dela. – Agora estamos só eu e você meu amor. – dou um sorriso.
******

Como uma maça na cozinha e termino de fazer o café. Coloco o liquido preto em uma xícara para o Alexandre, ele deve acordar com uma ressaca e vai precisar de algo forte.
Volto para a sala e me preparo para subir as escadas quando o Alexandre aparece no meu campo de visão. Ele esta no topo da escada, uma das mãos segura o corrimão e a outra é passada no cabelo repetidas vezes. Sua cara não é nada boa, ele está descalço vestindo uma calça de moletom perigosamente baixa por cima da cueca box.
- Hum... o belo adormecido resolveu despertar. – brinco e só então ele percebe que não está sozinho.
- Mas que porra você está fazendo aqui Rebeca? – ele grita tão alto que acho que pode ser ouvido da Avenida Paulista.
- Bom no momento eu iria levar o café para você. – respondo erguendo o copo. – E ontem à noite caso você não esteja se lembrando passamos a noite relembrando os velhos tempos.
Abro um largo sorriso com a expressão de horror que ele faz. Alexandre coloca a mão na cabeça e desce as escadas devagar, ele me encara assim que ficamos próximos.
- Como você entrou aqui dentro? – ele me pega pelo braço e eu derrubo a xícara no chão.
- Pela porta. Você não se lembra? – faço beicinho.
- Não me lembro de muita coisa, mas tenho certeza que não toquei um dedo em você! – estoura.
Disfarço a minha irritação e sorrio para ele.
- Oh meu amor você não usou só os dedos, usou essa boca maravilhosa, esses braços fortes e esse pau gostoso. – tento acariciá-lo intimamente, mas ele segura minha mão com força.
- Dá o fora. – range me empurrando.
- O que será que a Fernanda vai achar quando descobrir o nosso segredinho?
- Não aconteceu nada Rebeca! Para de fingir! Eu estava bêbado, não louco!
- Como você pode ter tanta certeza assim Alexandre?! – grito com ele. – Encare os fatos! Transamos e ponto!
- Tenho certeza porque eu preferiria morrer a encostar em você. – responde com uma voz baixa.
Eu paraliso diante da sua afirmação.
- Tudo culpa daquela vaga...
Ele avança em mim e me agarra pelos braços, sou sacolejada a cada frase.
- Para Rebeca! Para com isso. Entende de uma vez por todas que o problema não é e nunca foi a Fernanda. O problema é você! Eu não quero você, meu corpo não te deseja. Só de imaginar que você passou a noite inteira se esfregando em mim enquanto eu estava inconsciente sinto vontade de vomitar. Só de sentir o seu cheiro na minha pele minha vontade é de arrancá-la e deixá-la na carne viva. Eu nem me lembro mais como é estar com você, fiz questão de apagar cada lembrança. Quando você vai se tocar que por mais que você insista e me persiga para mim você sempre será a vagabunda que mentiu, traiu, roubou e dormiu com o meu irmão?!
Quando para de falar ele me solta e me dá as costas. Abraço meu próprio corpo aos prantos me sentindo a pior das mulheres.
- Você achou mesmo que eu iria esquecer tudo e me atirar nos seus braços? – ele pergunta se virando com um sorriso cínico na boca. – Tenho que reconhecer que o seu plano realmente foi muito bom, descobriu sobre a inscrição, me envenenou contra a Fernanda, sabia que íamos acabar brigando, então apareceu aqui para dar o bote. Você só se esqueceu de um pequeno detalhe que faz toda a diferença: Eu amo a Fernanda com cada célula do meu corpo. Amo de um jeito único e incalculavel.
Meu mundo caiu, desmoronou aos meus pés e naquele momento eu soube que nunca o teria de volta. O tinha perdida por um tempo chamado sempre. Mas não iria bancar a ex humilhada. Chega!
- Agora sou eu quem não te quer mais. – digo limpando as lágrimas. – Você vai se arrepender de cada palavra que me disse hoje. Vou te tirar tudo. – aviso com um olhar mortal.
- Eu quero você e suas ameaças de merda fora da minha casa em cinco minutos. – retruca não se importando. – Se vista e dê o fora! Eu acho bom você não estar aqui quando eu passar de novo por esta sala.
Alexandre me dá as costas e some pelo corredor. Fecho os olhos deixando as últimas lágrimas que eu derramaria por ele caírem.

******

Já subia as escadas para me vestir e cair fora daquela cobertura quando o interfone tocou, pensei em ignorar, mas algo me disse para atender.
- Alô. – atendo impaciente.
- Sr Alexandre, por favor. É da portaria. – a voz não era a mesma do porteiro com quem eu tinha feito o negócio para facilitar minha entrada. Então achei melhor mentir.
- Ele está ocupado. É a empregada dele falando, ligue mais tarde. Tchau.
- Espera! – chama antes que eu desligue. – É que tem uma moça aqui pedindo permissão para subir. O outro porteiro já cumpriu o turno e foi embora e eu sou novo no emprego, não sei se devo permitir a entrada dela.
- Como ela se chama?
- Fernanda.
Passo a língua pelos lábios que neste momento estão abertos em um sorriso diabólico.
- Mande-a subir, por favor. – é hora do show bebê.
- Ok. – desliga.

Hum... isso vai ser tão interessante...

4 comentários:

Unknown disse...

Misericordia vou matar essa bruxaaaaa, aí que dó da Fernanda.....

Josi Novais disse...

Próximo capítulo será emocionantemente triste :(

Unknown disse...

Eu vou chorar:'(

Josi Novais disse...

Acho que vai sim :(

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