quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Série Rendida - Novais J.

Oi meninas alguns recadinhos rápidos para vocês antes de liberar dois capítulos de vez (um da Rebeca e o outro da Nanda e do Alê)...
Primeiramente desculpas pela demora, vocês sabem como ficamos quando se trata de feriadão. Hahahaha
Agora vamos a novidade sobre Rendida.
Foi criada uma página no Facebook para o conto.
Amaria ter vocês por lá!!
Para curtir a página no Facebook aqui está o endereço: 

https://www.facebook.com/www.rendidajosinovais.com.br


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Quanto mais alto o voo...

A campainha do meu apartamento estava sendo apertada sem intervalo por algum idiota que não sabia o significado da palavra esperar. Acendi a luz do meu quarto e olhei no relógio do criado-mudo, que droga já eram quase duas da manhã.
Levanto da cama com o diabo encarnado no corpo e vou abrir a porta.
- Mas o que significa isso? – pergunto pasmada.
Murilo entra de mala e cuia no meu apartamento. Ele tem o rosto detonado e o nariz torto.
- Vou ficar aqui esta noite. – fala displicente se jogando no sofá.
Bato a porta com força e coloca as mãos na cintura.
- Que merda é essa Murilo? O que aconteceu com você? Por que você saiu do seu apartamento?
- Alexandre descobriu tudo!
- Como é que é?!
Murilo leva as mãos ao cabelo.
- Ele me pegou beijando a Fernanda na porta da empresa.
Meus olhos brilham mais que estrela cadente.
- Isso é maravilhoso! – bato palminhas. – Agora ele deve estar pensando que ela é uma vadia desqualificada.
- Não ele não pensa isso Rebeca! Não sei como, mas alguém contou pra ele que estamos juntos nessa.
Dou um soco no ar.
- Como... como ele descobriu? Me explica direito essa merda Murilo!
Ele se levanta do sofá.
- Sempre tenho o costume de observar a empresa de longe, faço isso quando o expediente acaba, mas hoje a Fernanda estava lá sozinha, caia uma chuva descomunal e ela se protegia debaixo da cobertura da empresa. Estava no meu carro e ofereci uma carona, ela não aceitou, então desci para insistir. Fernanda ficou um pouco nervosinha e eu já estou irritado com esse chove não molha, forcei um beijo e o Alexandre apareceu do quinto dos infernos para atrapalhar.
- E então o que aconteceu depois?
Murilo me fulmina com o olhar.
- Ele quebrou a minha cara Rebeca! Foi isso o que aconteceu! Ficou cega?!
Reviro os olhos.
- É claro que não seu idiota. Quero saber o que rolou além da briga! Ele deve ter detonado a sonsa da Fernanda... – dou um sorriso.
- Ele começou com acusações e ela não entendia nada, tentei levá-la embora, mas o Alexandre contou tudo. – bufa impaciente andando pela sala. – Ele foi embora deixando ela em choque. Depois ela veio pra cima de mim e sacou o lance, então começou a defender o Alexandre e eu fiquei fora de mim, acabei jogando na cara dela que ele a havia traído. Ai que fodeu mesmo, Fernanda nunca tinha comentado nada disso comigo e é óbvio que ela ligou dois mais dois.
- Você é muito burro mesmo Murilo! – grito com ele. – Jogou todo o nosso plano no lixo! Aposto que a vadia foi atrás do Alexandre se explicar!
- Não! Se ele descobriu não foi por ela, eu estava em casa quando ele invadiu o apartamento atrás dela.
- Se não foi aquela puta quem foi então?
- Eu não sei Rebeca! O Marcos deve ter nos detonado para alguém!
- Alexandre comentou algo sobre o Marcos? – pergunto tenebrosa.
- Não.
- Menos mal, se ele soubesse teria comentado. Então nem tudo está perdido...
- E se ele estiver jogando conosco?
Reviro os olhos.
- Você mesmo disse que o Alexandre não tocou no nome do Marcos! Quando a policia encontrar o presunto o Alexandre será o principal suspeito. Ninguém sabe da nossa ligação com o Marcos. – dou um sorriso.
Murilo fica sério.
- Eu não sei Rebeca... Estou sentindo algo feder nessa história.
- Me poupe Murilo! Não venha estragar a minha noite com as suas paranóias. – dá de ombros.
- Eu vou ficar aqui está noite... Amanhã procuro um lugar pra ficar.
- O sofá é todo seu, mas e a Fernanda? Vai desistir?
- Depois que ela sacou que estamos no mesmo barco tentei colocá-la a força no carro, mas ela conseguiu escapar. Pegou um táxi e simplesmente sumiu, nem sequer voltou para o apartamento dela.
- O que você ia fazer com ela? – ergo uma sobrancelha.
- Não é da sua conta. – ele dá um sorriso macabro.
Fecho mais o meu robe e passo por ele.
- Fique com o sofá. Amanhã penso em como remediar a merda que você fez.
Ele segura em meu braço e me faz parar.
- Engraçado, Alexandre me pegou na cama com você e não fez nada, mas bastou me pegar beijando a Fernanda para quebrar o meu nariz. – comenta sarcasticamente.
- Porque ao invés de me amolar você não arruma um jeito de sumir com aquela vadia? – me irrito. – Se eles se reconciliarem estamos na lama.
Ele cola o corpo dele no meu, sinto o seu membro pressionar a minha barriga.
- Eu vou encontrar a Fernanda. – fala convicto.
Minha mão passeia por seu rosto machucado.
- E o que você fará? – sussurro.
- Quer que eu fale ou quer que eu mostre? – sorri torto me soltando.
O puxo pela mão e ele vem sem pestanejar.
- Me mostra.

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O cerco está se fechando

Marta tinha um vizinho médico, ela o chamou e ele veio imediatamente. Corpo mole e dolorido, dor de cabeça, frio, visão desfocada... bem esse era um belo resumo do meu estado. É obvio que eu não poderia ter escolhido um pior momento para ficar doente, não quando eu precisava tanto falar com o Alexandre. O médico me examinou e disse o que eu já sabia, devido à chuva que tomei ontem eu estava com uma gripe forte. Ele receitou alguns remédios e disse que se eu tomasse nos horários certos a noite já estaria melhor.
- Minha sogra já foi embora. – Marta disse com um sorriso aberto assim que o médico saiu. – Que tal você se mudar para o quarto de hospedes? Ficará mais confortável lá.
Olhei em volta, eu gosto do quarto do bebe da Marta. Apesar de ter poucos móveis e a decoração estar apenas começando já é muito aconchegante.
- Eu gosto daqui.
Ela me olha carinhosamente.
- No quarto de hospedes você ficará melhor Nanda, sem contar que lá tem uma cama. Com que cara irei olhar para o senhor Alexandre quando ele vier aqui e te ver deitada em um colchão?
Fiquei triste quando ela mencionou o Alexandre.
- Você acha que ele vai vim?
Ela me dá um olhar decidido.
- Ele vem, nem que seja arrastado.
Fico cabisbaixa.
- Eu tinha tudo o que sempre sonhei, batalhei para conseguir o amor dele, passei por muita coisa e quando finalmente consegui joguei tudo fora. Que tipo de maluca eu sou?
Ela me encara e pega na minha mão.
- Não vai adiantar se lamentar agora Nanda. O que está feito está feito, infelizmente o que você disse também. Use esse momento para você evoluir, crescer interiormente. Você deve isso a você mesma.
Respirei fundo e olhei para ela de cabeça erguida.
- Você sempre tem razão. Chega de fazer do seu ombro o meu muro das lamentações, eu preciso agir. Eu preciso ter de volta aquele homem.
- Isso garota! – Marta me dá um beijo no rosto. – Agora eu tenho que ir, você não vai ficar sozinha, minha emprega está ai e daqui a pouco trará alguma coisa para você comer. Qualquer coisa pode me ligar, volto no meu horário de almoço para te ver.
- Marta será que você poderia passar na minha casa e trazer algumas roupas para mim?
Ela sorri.
- É claro que sim. Já ia mesmo te pedir as chaves.
- Você pode trazer o meu CD do Ed Sheeran também? Acho que o deixei em cima do criado-mudo.
Ela pisca para mim.
- Eu trago, pode deixar. Você acha que consegue andar até o quarto de hospedes? É no final do corredor.
- Com um pouco de ajuda acho que consigo sim.
Ela se aproxima e me ajuda a levantar do colchão. Marta segura em minha cintura e me leva até o quarto de hospedes.


Cheguei à empresa com uma hora de atraso, demorei a pegar no sono, mas quando peguei dormir como uma pedra. Infelizmente tive pesadelos à noite inteira envolvendo o Murilo, a Rebeca e a Fernanda. Quando cheguei ao meu andar Marta já estava, me aproximei de sua mesa e ela me pareceu um pouco nervosa.
- Bom dia Marta. Como ela está?
- A Nanda amanheceu gripada e com uma febre alta devido a chuva que pegou ontem. Não veio para a empresa.
Minha decepção não podia ter sido maior.
- Você a levou a um médico? Eu posso chamar um para ir até a sua casa e...
- Eu chamei um médico. – ela me interrompe. – Ele já a examinou e passou alguns remédios.
Solto o ar dos meus pulmões.
- Marta como está a minha agenda hoje? Preciso ir a delegacia ainda pela manhã.
Ela me olha um tanto preocupada.
- Eu acho que o senhor não irá precisar.
Franzo o cenho.
- Como assim?
- A polícia está lá dentro. – ela aponta para a minha sala. – Eles chegaram há meia hora a sua procura, achei melhor deixá-los entrar e esperar. Fiz mal?
Pisco os olhos algumas vezes.
- Não Marta, está tudo bem. Eles disseram do que se trata?
- Não senhor.
Minha nuca começa a esquentar, quando isso acontece é sinal de algo errado. Encaro a Marta.
- Eu vou falar com eles. – digo caminhando até a minha sala.
******

Quando entrei na minha sala três homens me esperavam sentados no sofá. Um estava vestido socialmente e os outros dois com a farda da policia civil.
Quando me aproximei eles se levantaram.
- Bom dia. Alexandre McConaughey. – me apresentei estendendo a mão para eles.
- Bom dia. Sou o delegado Garcia. – o homem de terno tomou a frente apertando a minha mão. – E estes são os policiais Moura e Assunção. – aponta para os homens a sua direita e esquerda respectivamente.
Após o cumprimento sentei em uma poltrona e eles no sofá.
- Deve estar se perguntando o motivo da nossa visita Sr. McConaughey? – pergunta o delegado.
Dou um sorriso lento.
- Realmente estou um pouco curioso.
- Conheceu Marcos Alencar?
Contrario o maxilar e minha nuca esquenta mais.
- Ele trabalhou para mim, mas foi demitido.
- Qual o motivo da demissão?
Encaro o delegado e o sinto me observar, sei que ele está me testando.
- Tivemos um desentendimento.
- Parece que vocês brigaram no estacionamento de um clube durante um coquetel da sua empresa. – o delegado comenta.
- Sim nós brigamos. – respondo por fim já irritado com esse lenga-lenga.
- Antes de qualquer coisa gostaríamos de te dizer que tivemos acesso as câmeras de monitoramento do estacionamento Sr. McConaughey. O senhor confirma que disse a Marcos Alencar as seguintes palavras “Eu vou te matar! Vou acabar com você!” naquela noite?
Franzo o cenho.
- Se o senhor diz que teve acesso as imagens por que está me perguntando?
- Quero uma confirmação. – dá de ombros.
Coço a barba e afronto os três homens.
- Se você pega um cara passando a mão na sua mulher e a obrigando a fazer algo que não quer qual seria a sua reação? – indago ao delegado.
- Imagino muitas Sr. McConaughey, mas não são as minhas reações que estão em questão e sim as suas. – ergue uma sobrancelha.
Respiro fundo.
- Sim eu disse isso ao Marcos depois de encher a cara dele de porrada.
O delegado se levanta e eu e os outros dois homens fazemos o mesmo.
- Parece que terá que nos acompanhar até a delegacia Sr. McConaughey.
- Não vai me explicar o que está acontecendo delegado?
- Encontramos ontem no inicio da manhã o corpo de Marcos Alencar em uma lago próximo a uma estrada deserta.
Engulo em seco.
- Parece surpreso Sr. McConaughey. – o delegado me analisa.
- E como era para eu estar? – averiguo desconfiado. – O senhor não está achando que fui eu...
- A justiça não é feita de achismos Sr. McConaughey, trabalhamos com fatos. Só estou fazendo o meu trabalho que é o de achar o assassino deste crime bárbaro. Agora queira me acompanhar...
Fico tenso e acompanho o delegado para fora da minha sala.
******
Assim que Marta me vê saindo da sala com o delegado ela me puxa para um canto da sala.
- Sr. Alexandre o que está acontecendo? – olha desconfiada para os homens da lei.
- Eu vou ter que ir até a delegacia Marta. Encontraram o corpo do Marcos em um lago.
Ela fica branca e coloca a mão na boca.
- Meu Deus... como foi isso?!
Corro as mãos pelos cabelos.
- Eu não sei. Talvez o delegado me explique melhor na delegacia.
- Mas por que vieram atrás do senhor? – ela franze o cenho.
- Parece que eu sou suspeito.
- QUE ABSURDO! VOCÊ NÃO MATOU NINGUÉM!!!! – Marta grita chamando a atenção do delegado e dos dois policiais.
Fulmino-a com o olhar e coloco a mão na boca dela.
- Marta fala baixo! – digo entredentes. – Você quer me complicar?!
Tiro a mão da boca dela em seguida.
- Desculpa! – ela cochicha agora. – Mas isso é um absurdo! Meu Deus do céu o Marcos morto?! Você tem ideia de quem pode ter sido?
- Para toda a merda que vem acontecendo em minha vida sempre tem dois responsáveis. – digo puto.
- Meu Deus... você acha que foram eles?
- Talvez. Marcos sabia demais você não acha?
- Claro o CD! Você contou isso ao delegado?
- Não, mas teremos muito tempo na delegacia. Eu tenho que ir Marta, preciso que você ligue para o Umberto, meu advogado, e peça para ele me encontrar na 15ª DP.
- Ligarei imediatamente. Dê noticias, por favor.
- Assim que eu puder.
******
- Onde você estava no sábado a noite? – o delegado me pergunta.
Chegamos a delegacia a meia hora, Umberto ainda não havia aparecido. Ajeito-me melhor na cadeira de frente para a mesa do Delegado Garcia.
- Está perguntando se tenho um álibi? – ergo uma sobrancelha.
- Estou. Você tem?
Coço a barba um pouco desconfortável. Sábado foi o dia em que a Fernanda pegou a Rebeca no meu apartamento. Depois da nossa briga fiquei tão destruído que fiquei o dia inteiro em casa.
- Eu estava no meu apartamento.
- Sozinho?
- Sim.
- Assim que encontramos o corpo e o identificamos começamos a investigar. Interrogamos algumas pessoas das redondezas e parece que achamos uma testemunha.  Segunda essa pessoa que não será identificada ela viu quando um carro preto na madrugada de sábado para domingo parou em frente ao lago, um homem encapuzado desceu e arrastou um saco para a água, assim que o saco afundou ele entrou no carro e foi embora.
- A pessoa não viu a placa?
- Estava tampada. – o delegado me estuda.
- Eu não matei o Marcos delegado. – digo por fim em uma respiração profunda.
- Ninguém aqui está dizendo isso Sr. McConaughey, estamos apenas lhe fazendo algumas perguntas. – o delegado retruca recostando-se na cadeira.
Ele me encara por um tempo em uma paciência irritante.
- Sabe Sr. McConaughey conseguimos identificar qual o modelo do carro também, foi um Gmc Yukon Hybrid. Esse não é o mesmo modelo do seu carro? – insinua.
Ergo as sobrancelhas surpreso. Agora eu tinha absoluta certeza: queriam me incriminar.
Senti minha paciência se esgotar, por sorte o Umberto chegou.
- Olá a todos. – cumprimentou antes de se sentar a cadeira ao meu lado. – Sou Umberto Cerrara, advogado do Sr. Alexandre McConaughey. Qual é o problema em questão delegado?
O delegado Garcia me encara enquanto responde ao Umberto.
- Encontramos o corpo de um ex-funcionário do seu cliente domingo pela manhã em um lago, ainda não sabemos a causa da morte. O corpo foi para a perícia. O Sr. McConaughey protagonizou uma briga bastante acalorada com a vítima em um estacionamento de um clube, com direito a agressões físicas e ameaças de morte.
Tiro de dentro do bolso do meu paletó o CD que recebi ontem o colocando em cima da mesa do delegado.
- Eu acho que a sua lista de suspeitos vai aumentar delegado. – dou um sorriso petulante. – Mas antes de te deixar ver esse CD eu gostaria de te contar a minha história. Espero que esteja com tempo.
- Sou todo ouvidos Sr. McConaughey.


O relógio marcava uma da tarde, me remexi na cama entediada. Não aguentava mais ficar deitada, já me sentia um pouco melhor, mas meu corpo ainda estava fraco.
Ouço uma batida na porta e logo em seguida ela é aberta. Marta entra trazendo uma mala cinza que reconheço bem.
- Estou vindo do seu apartamento, o Sergio me levou. Trouxe de tudo um pouco. – ela coloca a mala em um canto do quarto.
Quando me encara vejo que sua expressão não é das melhores.
- Obrigada. Você viu o Murilo lá?
- Não. – ela responde sentando na cama. – Trouxe o CD do Ed. Vou trazer o meu SOM para cá, assim você poderá escutar.
Abro um sorriso.
- Valeu Marta.
Ela me dá um sorriso que não chega aos seus olhos.
- Nanda aconteceu uma coisa.
- O que? Foi com o Alexandre?! – meu corpo gela de imediato.
- Não... quer dizer... mais ou menos...
- Marta você está me deixando nervosa. Fala logo!
- O Marcos está morto.
- Morto? – minha voz sai tremula.
Ela assente e eu estou em um estado alarmante de choque.
- E tem mais. – ela me olha preocupada sem saber se deve me contar ou não.
- Mais? – ofego em um fio de voz.
- A polícia teve na empresa hoje pela manhã e levou o Alexandre para dar explicações.
Agora que capoto de vez!
- O Alexandre?! Por que Marta? Ele não tem nada a ver com isso?! – seguro nos ombros dela e começo a chocalhá-la.
- Nanda eu não sei! O senhor Alexandre não disse muito, mas parece que encontraram o corpo em um lago.
Levanto da cama em um supetão.
- Para onde levaram ele Marta?! Eu preciso ir até lá!
Abro a minha mala e procuro uma roupa. Marta me segura pelos ombros e me obriga a encará-la.
- Nanda não complica as coisas! O advogado foi para lá também... tenho certeza que o senhor Alexandre vai esclarecer tudo!
- E se prenderem ele Marta? – ofego.
- Não podem fazer isso... não sem provas. – ela me puxa para um abraço. – Ele prometeu dar notícias assim que puder.
- Foi ela Marta. – digo com a voz tomada pelo ódio. – Foi a Rebeca. Ela deve ter dado um fim no Marcos para que ele não contasse nada ao Alexandre.
- O senhor Alexandre acha que foi ela e o Murilo. – Marta comenta e eu a encaro.
- Meu Deus... estou com medo Marta... se eles mataram o Marcos, o que não podem fazer contra o Alexandre?
- Não vai acontecer nada. – Marta fala segura me levando de volta para a cama. – Deita e se acalma. O senhor Alexandre tem o CD que liga aqueles dois malucos ao Marcos.
- Eu preciso vê-lo Marta...
- Ele deve me ligar quando sair da delegacia Nanda. Fica calma.



- Então você acha que sua ex-mulher com a ajuda do seu irmão matou a vítima. – o delegado me pergunta depois de ouvir a minha história e o CD.
- Tenho certeza. – digo seguro.
- E acha também que ambos querem te incriminar?
- Sim.
Ele coça o queixo.
- É uma história e tanto, mas quem me garante que você não obrigou a vítima a fazer esse vídeo antes de matá-la?
Olho para o delegado incrédulo. Umberto percebe que estou a ponto de cometer uma loucura e resolve tomar conta da situação.
- Delegado o meu cliente é inocente, está sendo vítima de uma armação. Está na cara quem são os verdadeiros culpados. Além do mais não existe provas que ligam o Alexandre ao assassinato.
- Temos o carro e as ameaças desferidas a vítima.
Reviro os olhos já irritado. Começo a entender o porquê da justiça ser cega.
- Leve o meu carro para a perícia senhor delegado. – digo irônico. – Quem sabe não encontra as provas definitivas para me por na cadeia.
- Quer me ensinar a fazer o meu trabalho Sr. McConaughey? – o delegado me pergunta bastante irritado.
- O senhor está a mais de três horas praticamente me obrigando a assumir um crime que eu não cometi mesmo depois de tudo o que lhe contei!  – me exalto.
- Alexandre se acalma... – Umberto segura em meu braço e cochicha no meu ouvido.
Respiro fundo para me acalmar.
- Vamos fazer a pericia no seu carro Sr. McConaughey e chamaremos a senhora Rebeca e o senhor Murilo para dar explicações. – o delegado fala, mas minha cabeça trabalha rápido em outra coisa.
- Quando foi mesmo que supostamente ocorreu o assassinato?
- Sábado a noite. – responde o delegado.
- Recebi o CD na segunda a noite, o Marcos já estava...
- Morto. – ele completa. – Quem quer que tenha deixado esse CD não foi o Marcos.
- O Marcos não tinha parentes? – pergunto.
- Parece que tinha um primo... estamos tentando localizá-lo.
O delegado me analisa atentamente.
- Sobre o que está pensando Sr. McConaughey?
- Que talvez nem a Rebeca, nem o Murilo tenham conhecimento deste CD. – digo olhando para ele. – Se o que eles querem é me incriminar talvez devêssemos deixá-los pensar que estão conseguindo.
- Qual é o seu plano Alexandre? – Umberto me pergunta.
Encaro o delegado.
- Se o delegado me apoiar talvez amanhã a esta hora os culpados já estejam presos.
- O que você tem em mente Sr. McConaughey?
- Eu vou te explicar delegado... – dou um sorriso, meu humor já começa a melhorar.

******

- Para fazer isso preciso de uma autorização judicial. – o delegado fala assim que conto o meu plano.
- Consiga uma.
- Não é tão simples e não estou totalmente certo de sua inocência. – ele diz erguendo uma sobrancelha. – Levaremos o seu carro para a perícia, é o meu trabalho, tenho que investigar todos os suspeitos.
- Estou disposto a colaborar com a justiça. – digo. – Mas o senhor não irá me ajudar?
Quando ele vai responder o telefone em cima da mesa toca.
- Delegado Garcia falando. – ele escuta o que a pessoa do outro lado da linha fala e então abre um sorriso. – Localizaram? – outra pausa, só que dessa vez mais longa. – Que história interessante, vou querer ouvi-la pessoalmente. Traga o rapaz aqui.
O delegado me encara após desligar o telefone.
- Parece que encontramos a pessoa que deixou o CD com o seu porteiro Sr. McConaughey.
- Como assim?
- Tudo indica que foi um primo do Marcos. – o delegado explica. – Assim que soube da notícia pelos meus policiais o rapaz contou que ele e o primo estavam de viajem marcada para o Recife. Disse também que na última vez que viu o Marcos, o mesmo deixou com ele uma caixa que deveria ser entregue em um endereço caso ele não aparecesse em dois dias.
- E onde está esse rapaz? – pergunto exaltado.
- Neste momento vindo para cá.
- Ótimo! Assim esclarecemos essa história de uma vez. – dou um sorriso.
- Conversarei com o rapaz em particular Sr. McConaughey, por enquanto você está dispensado.
- Mas eu faço questão de ficar! – protesto.
- Não preciso de ninguém para fiscalizar o meu trabalho. – o delegado me fulmina com o olhar. – Ou você vai para casa ou o prendo por desacato.
Minha vontade é de avançar nele. Era a minha liberdade que estava em jogo e aquele delegadozinho não parecia ser dos melhores.
- É melhor irmos Alexandre! – Umberto cochicha para mim.
- E quanto ao meu plano? – pergunto ao delegado.
Ele pega um lápis e coloca na boca.
- Conversarei com o primo da vítima primeiro, se você estiver falando a verdade serei o primeiro a apoiar o seu plano. – ele se levanta e abre a porta. – Entrarei em contato assim que tomar a minha decisão.
- Espero que ainda hoje. – digo irônico.
- Alexandre! – Umberto me repreende. – Você vai ser preso se continuar a falar assim com o delegado.
Eu me levanto e Umberto me acompanha.
- Tudo bem, darei um voto de confiança a justiça. Esperarei o seu contato delegado.
******

- Onde está o seu carro? – Umberto me pergunta já do lado de fora da delegacia.
- Deixei na empresa, vim na viatura. – explico. – Pode me dar uma carona?
- Claro eu te deixo em casa. A essa altura o delegado já deve ter mandado apreender o seu carro para fazer a perícia.
- Não vão encontrar nada. – dou de ombros entrando no veículo do Umberto. – Não estou botando fé nesse delegado...
- Conheço o trabalho do Garcia, ele sempre gosta de investigar todos os lados, ele vai te ligar e apoiar o seu plano. – Umberto liga o carro. – É só esperar ele conversar com o primo do Marcos.


Ficar sem saber notícias do Alexandre estava me enlouquecendo, pelo menos eu já estava praticamente boa. A dor no corpo havia passado juntamente com a febre, tomei um banho e vesti apenas uma regata preta e calcinha. Marta não me deixava sair do quarto para nada mesmo.
- Ele ligou!! – Marta entra no quarto de supetão.
Sento na cama instantaneamente.
- O que ele disse?!
- Que já está em casa, a voz dele estava bastante cansada. – Marta fala com pesar.
- Ele não disse mais nada?
Marta me dá um pequeno resumo do que o Alexandre disse ao telefone. Ao final fico mais nervosa do que já estava.
- Tomara que esse primo do Marcos saiba algo de útil. – comento. – E esse plano? Ele não explicou nada sobre?
- Não... não disse uma palavra e olha que eu insisti bastante. Acho impossível o Alexandre ser preso por esse assassinato, a perícia no corpo do Marcos trará algumas respostas Nanda. Vai dar tudo certo...
- Tomara que você esteja certa Marta.
- Eu dei o endereço daqui para o senhor Alexandre, é bem capaz dele aparecer...
- Ele nem quis falar comigo Marta...
- Mas ele perguntou por você. – ela sorri. – Aposto que ele vem.

******

Minha noite avançou ao som do Ed Sheeran, Marta me emprestou o seu SOM para que eu ouvisse o CD. Foi impossível não lembrar do Alexandre e mais impossível ainda não ficar melancólica.
O que eu faria se ele não perdoasse as barbaridades que eu havia dito? O que seria de mim se nunca mais pudesse sentir o toque dele na minha pele?
Olhei no relógio na parede do quarto e já se passavam das nove da noite, as esperanças de que ele viria já não existia mais. Ele não queria me ver.
O Alexandre era bom, generoso e decente. Talvez a errada na história fosse realmente eu... talvez eu que não merecesse ele...
Foi quando me lembrei de um pedido do Alexandre...
...é querer demais pedir para que nunca desista de mim?
- O nosso amor vale muito apena para que eu desista. – digo em voz alta a mesma frase que respondi quando ele me fez aquela pergunta.
Eu não iria desistir dele. Nunca.
- Nanda? – Marta entra no quarto e me chama.
- Oi. – respondo a encarando.
- Ele está aqui.
Engulo em seco umas três vezes.
- Ai meu pai... – clamo aos céus. – Marta como eu estou?
- Linda como sempre. – ela responde rindo.
Pego o espelho para dar uma conferida, não que eu não confiasse na palavra da Marta. Meu rosto estava até corado e os meus cabelos em uma bagunça organizada. Decidi não trocar de roupa, continuei com a regata preta e calcinha, o coberto me cobria da cintura para baixo de qualquer forma.
- Eu vou mandar ele entrar. É só deixar o seu coração falar por você Nanda. – Marta avisa.
Eu assinto e ela sai.
No SOM a voz do Ed rolava suave, resolvi deixar. Eu me sentia mais calma dessa forma, afinal essa seria de longe a conversa mais importante da minha vida...
Que Deus me ajudasse.

4 comentários:

vi_meu_mundo disse...

Louca para saber o plano do Alexandre e quase morta pela espera da série Rendida mas compensou cada segundo, porque simplesmente amei...
Josi você é fantástica ;3

Unknown disse...

Lindo como sempre. Parabéns. Esperando o próximo.

Unknown disse...

Super ansiosa para o próximo capítulo contando os minutos....

Josi Novais disse...

Meninas sem palavras aqui para agradecer tanto carinho!
Amo vocês!!!!!!

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