quinta-feira, 2 de abril de 2015

Série Rendida - Novais J.

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Seja Minha Cura

Por Melody Olivatti

Sei que eu disse palavras que te magoaram profundamente e também sei que não posso apagar meus erros com uma borracha, mas de fato eu queria voltar no tempo e reescrever aquele momento em que vi seu coração sendo destruído .

Não adianta eu dizer que sinto sua falta?

O tempo parou quando você estava ao meu lado e segurou a minha mão dizendo que não daríamos certo. Desmoronei ao ouvir suas palavras e ao sentir seus dedos afastarem o cabelo do meu rosto, para limpar uma lágrima solitária.

Existe uma ferida no meu coração, que só vai se curar se o seu amor for o remédio para cicatrizá-la.



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A Regra de Cinco da Fernanda (Parte II)

Ninguém além de mim e Lucas compareceu ao enterro do Murilo naquele sábado de manhã. Eu acompanhava em silêncio os coveiros terminarem de jogar terra no buraco retangular onde o caixão foi colocado. O padre tinha dito algumas palavras antes do enterro, mas já havia ido embora. Senti a mão do Lucas em meu ombro e me virei para encará-lo, quando cheguei ao aeroporto na noite anterior ele já estava lá para me buscar, me recebeu com um abraço apertado e o mesmo jeito gentil de sempre.
- Você está bem? – Lucas pergunta me avaliando.
Olho para a sepultura do Murilo já totalmente coberta pela terra e passo as mãos pelos cabelos.
- Ele é meu meio-irmão Lucas e está morto, neste momento eu estou sentindo muitas coisas, a maior delas é culpa.
- Culpa pelo que?
- Por me sentir aliviado. – as palavras saem da minha boca. – Eu sou uma pessoa horrível não é? – fito-o.
Lucas coloca as mãos no bolso da calça.
- Cara pelo que você me contou o Murilo aprontou muito em São Paulo, com ele e a Rebeca livres nem você e nem ninguém do seu convívio estaria seguro. O seu alivio é só uma consequência, isso não te torna uma pessoa horrível.
Fico em silêncio e ele continua.
- Alexandre você já parou para pensar que o Murilo teve todas as oportunidades na vida? O seu pai sempre o tratou como filho, Murilo teve as melhores escolas, a melhor faculdade e um bom cargo dentro das Organizações McConaughey, mas preferiu deixar a inveja corroer seu coração. Eu nunca vi o Murilo te dar um pingo de amor, na adolescência você o tratava como o seu herói e em troca recebia indiferença. Então não se sinta culpado pelas escolhas dele. Não se sinta culpado por se sentir aliviado.
Encaro o Lucas me sentindo melhor.
- Acho que senti muita falta dos seus discursos. – dou um sorriso de canto.
- E eu da sua ironia. – retruca me empurrando. – Vamos?
Eu assinto e deposito algumas flores na sepultura do Murilo, depois caminho até a dos meus pais ao lado e me agacho colocando flores também. Sentia-me péssimo por nunca vim ao cemitério visitá-los, mas eu odiava o fato da dor sempre se fazer presente a cada vez que vinha aquele lugar. Tenho esse problema, demoro muito tempo para superar as coisas, tenho ciência do grande mau que isso causa, sofro em dobro.
- Eu estou pronto para ir. – digo me virando para encarar o Lucas que está atrás de mim. Ele aquiesce passando o braço pelos meus ombros e assim saímos do cemitério.
******
A casa de Lucas ficava na Barra da Tijuca, um bairro de classe-média alta do Rio de Janeiro. Lucas não tinha ido trabalhar no seu consultório naquele sábado, ele dizia querer aproveitar a minha breve presença na cidade já que eu ficaria apenas um fim de semana. Mais da metade da tarde havia se passado, Clarisse e as crianças brincavam na piscina enquanto eu e Lucas estávamos deitados em duas espreguiçadeiras do jardim tomando sol.
- Você tem uma bela família. – comento.
Na piscina Clarisse acena para nós enquanto as crianças jogam água nela.
- É eu tenho. – Lucas afirma com um sorriso orgulhoso.
Fito-o e o flagro olhando para Clarisse com uma cara muito boba, dou uma risada que chama a atenção dele.
- Está rindo de que seu palhaço? – pergunta com um sorriso de canto.
- Da sua cara de bocó olhando pra Clarisse. – respondo maroto.
- E você quer me convencer de que você não olha assim pra... como é mesmo o nome da garota? – indaga gesticulando a mão no ar.
- Fernanda. – eu havia falado dela para o Lucas, coisa da qual me arrependia imensamente, porque agora ele vive me pirraçando.
 - Então, vai dizer que não olha assim para a Fernanda? – ele ergue uma sobrancelha.
- É claro que não. - franzo o cenho.
- Hunrum. – murmura irônico cruzando os braços abaixo da cabeça e fechando os olhos.
Permanecemos em silêncio, na piscina o som de gritos infantis chama minha atenção, Clarisse fazia cosquinha nas crianças e elas se debatiam na água.
- Eu olho. – admito em um dado momento.
- Olha o que? – Lucas pergunta de olhos fechados aproveitando os raios do sol.
- Eu olho para a Fernanda da mesma forma que você olha para a Clarisse.
- Eu sempre soube que um dia você iria acabar se apaixonando novamente meu amigo. – ele diz me fitando com um sorriso largo. – E sinceramente isso me deixa muito feliz.
- Eu não estou apaixonado, é mais que isso. – contraponho. – Eu a amo.
Lucas se senta na espreguiçadeira animado ficando de frente para mim.
- Uauu cara! Quando irei conhecer essa feiticeira que transformou você em um ursinho tão meigo?
- Vai se ferrar! – me irrito mostrando o meu dedo do meio para ele.
Lucas cai na gargalhada voltando a se deitar.
- Cara se você ama a garota então qual é o B.O.? Está esperando o que para se atirar nos braços dela.
- Eu já te expliquei, é complicado.  – digo incomodado.
- Alexandre e daí que você é vasectomizado? – Lucas bate a mão na perna contrariado. – Hoje existem muitas outras maneiras de se ter filhos.
- Acontece que eu não quero filhos Lucas. – elevo o tom de voz. – De jeito nenhum.
- A Fernanda sabe disso? – indaga e eu assinto. – E mesmo assim quer ficar com você? – assinto de novo. – Cara então você não pode se intrometer na escolha dela! É algo que cabe somente a Fernanda decidir, isso é livre arbítrio meu caro. Respeite e siga sua vida com ela.
- Lucas eu sei que quando o relógio biológico da Fernanda bater ela ficará infeliz ao meu lado. Eu não vou aguentar isso. – desabafo torturado.
- E qual é a sua grande ideia Alexandre? Deixar que outro homem fique com a mulher que você ama? – ele joga contra mim e eu cerro o maxilar. – Vai mesmo aguentar vê-la com outro? Cara esse seu lado bom samaritano está começando a me irritar.
Não... eu não iria aguentar vê-la com outro... Porra Fernanda é minha!
- E se ela jogar na minha cara que a culpa da sua infelicidade é minha? E se ela me abandonar? – corro as mãos pelos cabelos com um medo tremendo.
- E se ela nunca jogar na sua cara? Se nunca te abandonar? E se vocês forem imensamente felizes? – ele insiste.
- É fácil para você dizer isso, seu casamento é perfeito. – bufo.
- Sim ele é. – afirma de bom grado. – Pelo menos na minha concepção de perfeito é.
- Como assim? – cruzo os braços sobre o peito.
- Alexandre a maioria das pessoas acha que o perfeito deve ser sem defeitos, para mim o perfeito tem que ter imperfeições e é isso que o torna completo. – fala de bom humor. – Clarisse e eu, por exemplo, temos os nossos arranca-rabos como todo casal, às vezes brigamos até pelo que será servido no almoço e quase todas as sextas ela me poe para dormir no sofá porque chego tarde do futebol.
Olho para ele incrédulo.
- Aposto que por essa você não esperava! – ele ri da minha cara.
- Realmente não. – dou um sorriso.
Fito o nada pensando nas palavras do meu amigo.
- Posso te fazer uma pergunta? – Lucas fala um tanto inseguro.
- Faça. – dou de ombros.
- Por que você não quer filhos?
A pergunta me pega de surpresa e minha garganta fica seca. Lucas e sua maldita curiosidade do caralho.
- Quando descobri a história do bebe fantasma que a Rebeca inventou para que me coagisse a casar com ela o mais rápido possível algo dentro de mim quebrou. – fecho os olhos com um aperto no peito. – Eu não serei um bom pai Lucas, é um papel muito intimidante. Porra eu não tenho nada de bom para oferecer a uma criança.
Abro os olhos e Lucas está me encarando.
- Homem nenhum nasce sabendo ser pai cara, aprendemos com a prática, eu gostei tanto que já sou pai de quatro. Neste momento você pode até achar que não tem nada de bom, mas quando pega pela primeira vez um filho nos braços tudo renasce, principalmente um amor incondicional. Portanto, não há como algo de bom não brotar disso.
Ele analisa o efeito que suas palavras fizeram em mim e depois volta a falar.
- Alexandre você não tem ideia do quanto isso é maravilhoso, se tivesse nunca teria me pedido para fazer aquela vasectomia. Eu só fiz porque você estava amargurado e eu tinha absoluta certeza de que se não fosse eu a fazer, seria algum outro que talvez não fosse muito competente, mas não é algo do qual me alegro. – seus olhos não desviam do meu nem por um instante, sei que a minha vasectomia pesa na consciência dele. – Filho é algo... mágico, é como se Deus pegasse o melhor de duas pessoas e colocasse em um único lugar.
As últimas palavras do Lucas me atingem em cheio.
Como seria ter o melhor de mim e da Fernanda? Quem sabe uma menininha loirinha com o sorriso doce da mãe? Ou um garotinho marrento como eu?
- Alguns homens tentam a reversão da vasectomia e conseguem ter filhos. – Lucas comenta me olhando de soslaio.
- Eu não vou reverter a minha vasectomia Lucas. – digo entre dentes pra lá de irritado.
- Eu não estou falando para você reverter, foi só um comentário inocente. – retruca no mesmo tom.
- Sei... – rosno.
- Mas se por um acaso você quiser é só me procurar, eu posso fazer o procedimen...
- Mas que raios de papo é esse Lucas?! – o interrompo nervoso. – Eu já disse que não vou reverter nada.
- Tá ok... – ele levanta as mãos em rendição. – Foi só uma dica, caso mude de ideia.
Cerro os olhos para ele e me levanto da espreguiçadeira dando um pulo na piscina.
Era só o que me faltava!


Acordei bem cedo no domingo de manhã, ontem eu e Marta passamos praticamente a tarde inteira colocando a minha ideia em prática, assim que saímos da empresa sábado à tarde fomos preparar cada detalhe.
Depois de fazer a minha higiene matinal rumei para a sala com Yellow no meu encalço, sim esse é o nome que dei ao meu gato, Marta disse que era muito pouco original, mas não me importei.
Se o bichano era amarelo o nome não tinha tudo a ver?
Ontem o levei ao veterinário, Yellow foi vacinado, medicado e graças a Deus estava com uma perfeita saúde, passei também em um petshop e comprei tudo o que eu achava que um gato precisaria, mas na empolgação acabei comprando até o que ele não precisava.
A sala do meu apartamento estava uma bagunça com cinco placas de neon empilhadas na parede, nelas estavam escritas as minhas cinco regras. Dei um sorriso bobo imaginando a reação do Alexandre, porem a coisa mais importante para a noite de amanhã não se encontrava em minha sala, estava guardada em meu guarda-roupa numa caixinha de veludo bastante delicada.
Eu estava muito nervosa, e se eu desmaiasse na frente dele bem na hora decisiva? Marta achava que eu nem deveria ir trabalhar amanhã, mas não poderia deixar o Dr. Tomas na mão. Então decidi ir sim trabalhar, mas evitaria a todo o custo encontrar com o Alexandre, sairia mais cedo para me arrumar e ao final do expediente quando todos estivessem ido embora eu retornaria para a empresa e prepararia tudo, com a ajuda da Marta, é claro. Aliás ela havia ficado com outra parte bem difícil: fazer o Alexandre voltar para a empresa no momento certo sem desconfiar de absolutamente nada.
Alexandre não havia me ligado desde que chegou ao Rio, eu também não tentei me comunicar, estava dando espaço a ele. Depois de ter vindo até o meu apartamento se despedir, de ter me beijado como beijou e ter prometido que voltava olhando fundo nos meus olhos eu não precisava de mais nada. Para mim estava mais do que claro que ele não tinha mais forças para lutar contra aquela energia que insistia em nos manter juntos.
Tomei um café da manhã reforçado e coloquei ração na vasilha de Yellow, depois me arrumei e fui para o shopping. Eu tinha que encontrar algo para vestir amanhã e principalmente uma lingerie de levantar até defunto. Caminhei de loja em loja atrás de algo para a grande noite, queria alguma coisa que me deixasse segura e irresistível.
Merda por que não chamei a Marta para vim comigo?
E para que existe celulares hoje em dia Fernanda!
Repreendi-me mentalmente pegando o meu celular e ligando para a minha anja da guarda.
- Marta eu estou no shopping e não sei o que comprar para vestir amanhã. – bufo olhando uma roupa que estava no manequim de uma loja.
- O que ele gosta que você use? – ela pergunta maliciosa.
- Ai Marta... eu não sei. Ele nunca disse que eu estava feia em nenhuma roupa que escolhi para vestir quando estávamos juntos.
- Então desencana, qualquer coisa que você escolher ele vai amar, mas se você quer a minha opinião, faça a linha sexy, seja ousada.
Dou uma risada.
- Valeu Marta, vou ver o que encontro por aqui. – encerro a chamada e entro em uma boutique.


- O que custa você ficar mais um dia? – Lucas pergunta enquanto dobrando uma colocando-a na mala.
Se eu ficar mais um dia, serão 24 horas a mais longe da Fernanda, mas eu não iria dizer aquilo para o Lucas, ele iria me zoar pelos próximos dez anos.
- Eu tenho problemas da empresa para resolver em São Paulo. – aquilo não era bem uma mentira, afinal Buttelli chegaria essa semana ao Brasil.
- Tudo bem, falei com a Clarisse ontem e ela topou ir até São Paulo te visitar no próximo mês. – diz animado se sentando na grande cama do quarto de hospedes em que eu estava hospedado.
Dou um sorriso.
- Vai ser um prazer te receber Lucas.
- E quem sabe eu não conheço a Fernanda... – ele insinua. – Vou fazer questão de cumprimentar a mulher que derreteu esse coração gelado.
Pego um travesseiro e miro acertando a cabeça dele.
- Dá pra parar? – pergunto irritado.
Ele ri maroto e me fita sério.
- O que você vai fazer em relação a ela?
Paro um pouco me sentando na cama ao lado dele. Evitei ligar para Fernanda durante a minha permanência no Rio, eu precisava pensar. Depois que saí do seu apartamento pela da última vez, tinha certeza que seria inevitável não ficarmos juntos quando eu voltasse para São Paulo. Era mais forte que eu.
- Nós ficamos de ter uma conversa definitiva amanhã. – respondo.
- Boa sorte Alexandre. – Lucas dá três tapinhas em minhas costas. – E se permita ser feliz cara.
- Eu acho que vou seguir esse seu conselho. – dou um sorriso torto.
Ele ri se levantando.
- Posso te convidar para tomar um chopp como nos velhos tempos?
Faço uma cara de quem não está muito afim.
- Pelo amor de Deus Alexandre! É domingo à noite, amanhã cedo você vai embora então larga de ser estraga prazer. – Lucas fica irritado.
- Tudo bem Dr. Lucas. – cedo morrendo de rir. – Assim que eu terminar de arrumar a mala, nós iremos tomar o seu chopp.
Lucas era um amigo e tanto, como eu pude me esquecer do quanto eu gostava de sua presença?
Esse era mais um dos meus erros que eu não iria repetir nunca mais.


A segunda-feira chegou como um tornado e derrubou toda a minha confiança. Se eu disse em algum momento nesta narrativa que estava confiante, esqueça. Meus nervos estavam à flor da pele e por dentro eu estava gritando e me descabelando como uma louca varrida. Marta havia passado no meu prédio para me dar uma carona até a empresa, durante o percurso toda vez que eu levava a unha a boca para roer ela batia em minha mão, Marta dizia que a manicure havia feito um ótimo trabalho para que eu acabasse com ele daquela forma.
- Será que ele já chegou? – pergunto assim que ela estaciona o carro na porta da empresa.
Marta olha no relógio antes de me responder.
- Bom são oito em ponto, provavelmente sim.
Coloco a mão no coração em desespero.
- Marta eu acho que vou desistir. Onde eu estava com a cabeça quando decidir fazer isso? – viro para ela e aponto um dedo acusador. – Onde você estava com a cabeça quando aprovou essa maluquice?!
Ela revira os olhos.
- Fernanda agora já é tarde. Para de siricutico e se concentra no que realmente importa: o Alexandre.
Levo uma mão à cabeça e me afundo no banco do carro.
- Marta isso não vai dar certo, ele vai surtar.
Ela sorri tentando me tranquilizar, mas eu sei que está tão nervosa quanto eu.
- Querida repita comigo: Ele me ama e não irá surtar.
Respiro fundo e reproduzo aquilo como um mantra:
- Ele me ama e não irá surtar.
- Isso garota! Agora vamos ou chegaremos atrasada. – Marta abre a porta do carro e eu faço o mesmo.


Cheguei a São Paulo um pouco depois das sete e meia da manhã, passei em casa para tomar um banho e trocar de roupa e peguei o carro dirigindo até a empresa. Quando cheguei ao meu andar Marta já se encontrava sentada a sua mesa, ela sorriu ao me ver.
- Como foi tudo por lá? – me encaminhava para a minha sala e ela vinha logo atrás.
- Bom fiquei na casa de um amigo, o enterro do Murilo ocorreu no sábado de manhã e como era de se esperar ninguém apareceu. – respondi depositando a maleta em cima da mesa. – E por aqui?
- Tudo na mesma. – responde displicente.
- E a Fernanda? – pergunto o que queria muito saber.
Marta da de ombros e se senta em uma cadeira, eu afrouxo o nó da gravata e espero por sua resposta.
- Eu não há vi durante todo o fim de semana.
Franzo o cenho.
- Como assim você não a viu durante todo o fim de semana? Vocês só andam juntas, parece até um complô. – ironizo.
- Nanda estava ocupada organizando sua casa, afinal ela ficou uns dias fora. – explica abrindo a agenda que trazia a mão. – Posso passar os seus compromissos de hoje?
Eu assinto sentando-me a mesa e ligando o computador.
- Você tem três reuniões pela manhã e mais duas a tarde, marquei também uma pequena assembleia com os diretores para você se interar sobre o que será apresentado ao Sr. Buttelli na quarta-feira. No sábado ele ligou confirmando sua chegada.
- Parece que terei um dia cheio. – me queixo.
Ela se levanta caminhando até a porta.
- Parece que terá sim.


Durante a manhã Alexandre havia me ligado cinco vezes, eu não atendi nenhuma. Ignorei também todas as suas dez mensagens, a décima primeira havia chegado a pouco em letras garrafais gritantes.
POR QUE VOCÊ NÃO ATENDE A PORRA DO CELULAR?
Pura merda! Ele estava nervoso nível máximo.
 Era por uma boa causa, queria muito escutar a voz dele, mas se eu atendo tudo iria por água abaixo. Marta havia me informado por telefone que ele teria um dia conturbado, então as chances dele vim até o andar do Dr. Tomas eram ínfimas.
Na parte da tarde Dr. Tomas e os outros diretores tiveram uma reunião com o Alexandre, aprovei e pedi ao Dr. Tomas para me dispensar, ele me liberou de bom grado e eu fui para casa me arrumar.


Ela apenas ignorou minhas mensagens e chamadas o dia inteiro, sim eu estava sendo ignorado pela Fernanda. Que merda estava acontecendo? Será que ela havia mudado de ideia quanto a nossa conversa? E se ela resolveu concordar comigo? E se também acha que não sou o melhor para ela? Precisava saber que raios estava acontecendo.
Eu estava muito cansado, depois de todas as reuniões que a maluca da Marta marcou para hoje a única coisa que o meu corpo pedia era para cair na cama e dormir, mas eu sabia que não conseguiria, necessitava ver a Fernanda, saber o que estava acontecendo.  Em casa depois do banho, vesti uma calça cinza e um suéter azul de gola V, peguei o relógio no criado-mudo do quarto colocando-o em meu pulso e em seguida calcei os sapatos. Tentei mais uma vez ligar para Fernanda, mas agora nem chamava mais caia direto na caixa postal. Ela não me dava alternativa a não ser ir até o seu apartamento.
Desço as escadas de dois em dois degraus e o meu celular toca no bolso, pego-o olhando no visor: Marta chamando.
- Fala Marta. – atendo.
- Sr. Alexandre eu preciso que volte a empresa para pegar a planilha da reunião de amanhã, ela ficou em cima da minha mesa e eu esqueci de lhe entregar. – a voz dela está aflita.
Reviro os olhos olhando no relógio.
- Marta são oito da noite, eu não vou voltar a empresa para pegar planilha. – tiro o celular do ouvido para desligar e ela grita.
- O senhor precisa analisar a planilha ainda esta noite, se amanhã não estiver por dentro ficará perdido na reunião. – intervém.
- Marta que porra de irresponsabilidade é essa? – retruco irritado. – Eu não te pago um salário altíssimo para você esquecer as coisas droga!
- Eu sei Sr. Alexandre, eu sinto muito. – a voz dela fica chorosa e eu fico desconfortável.
- Tudo bem Marta, eu passo na empresa para pegar as planilhas. – bufo. – Mas será que você não salvou em um Pen drive, assim poderia me passar por e-mail. – pondero.
- Eu só salvei no computador da empresa, se houvesse outra maneira eu não teria te incomodado há essa hora, até pensei em ir eu mesma pegar e depois entregar na sua casa, mas estou com muita dor de cabeça. – diz com a voz fraquinha e eu fico com dó.
- Tudo bem Marta, não precisa. Você disse que está em cima da sua mesa, certo?
- Sim. – assegura.
- Estarei passando lá agora.
- Obrigado Sr. Alexandre e me desculpe mais uma vez por está falha. Prometo que não irá se repetir. – funga.
Desligo e coloco o celular no bolso. Eu passaria na empresa e depois iria para a casa da Fernanda.


Assim que desligo o telefone faço uma dança maluca na sala do Sr. Alexandre aos gritos.
- Ele está vindo! – aviso eufórica.
Nanda sorri lindamente.
- Ai Marta estou tão apreensiva. – diz balançando as mãos.
Olho para ela, Fernanda estava maravilhosa aquela noite.
- Não fique querida, quando ele chegar é só pensar no quanto vocês serão felizes, isso te dará forças. – ela respira fundo e assente. – Agora eu tenho que ir. – digo jogando a bolsa sob os ombros e dando uma última olhada na sala do Sr. Alexandre, a sala havia virado um ninho de amor, tínhamos feito um ótimo trabalho. – Amanhã quero um relatório detalhado!
- Eu darei. – ela promete sorridente. – Marta? – Nanda me chama e eu me viro para encará-la. – Eu te amo.
Meus olhos se enchem de lágrimas e eu as seco com as mãos. Estou mega feliz por ela.
- Eu também te amo Nanda. Agora trate de amarrar o meu chefinho de uma vez por todas. – pisco e a deixo sozinha com sua grande coragem.


Estaciono o GMC Yukon na porta da empresa e desço do carro. O guarda abre a grande porta de vidro do edifício para que eu entre, cumprimento-o com um leve aceno de cabeça e caminho pelo saguão. Pego o elevador para o meu andar e em poucos minutos chego ao meu destino, quando as portas se abrem caminho até a mesa da Marta e procuro com os olhos a planilha que deveria estar em cima de sua mesa, mas não está. Não encontro absolutamente nada.
Enfio a mão no bolso da calça para legar para ela quando algo em minha sala chama a minha atenção. Primeiro noto que a porta está aberta, depois vejo luzes de diferentes cores acendendo e apagando o tempo inteiro. Intrigado caminho até lá a passos lentos, paro na porta e o cheiro suave de rosas chega até o meu nariz. O cheiro vem do chão, pétalas de rosas vermelhas estão espalhadas pelo piso da minha sala, tenho que engolir em seco quando ergo a cabeça e fito a parede ao meu lado, descubro assim, a origem das luzes coloridas piscantes, elas emanam de cinco placas retangulares de neon que estão pregadas na parede devidamente enfileiradas. Nelas estão escritas regras, o que me fez rir torto e pensar na única pessoa maluca capaz daquilo: Fernanda.
A primeira placa era na cor azul celeste:
Regra Nº 01
Jamais diga que não é o melhor para mim.
Coço a cabeça e dou alguns passos para ler a segunda placa na cor amarela.
Regra Nº 02
Nem sempre terei razão, então me perdoe quando eu errar.
Meu coração bate forte no peito e é impossível não sorrir ao ler a terceira placa na cor rosa.
Regra Nº 03
Leve-me a loucura todos os dias.
A quarta placa, na cor verde, vem logo em seguida.
Regra Nº 04
Respeite minhas decisões e seja sempre o meu companheiro.
A quinta e última placa atinge como um dardo o meu coração.
Regra Nº 05
Ame-me por toda a vida.

- Oi. – a voz vem de trás de mim e aquece meu corpo inteiro.
Viro-me para vê-la mais linda do que nunca, Fernanda veste um vestido preto tomara que caia bem justo no corpo o que denuncia sua cintura fina e seus quadris largos. O cabelo está preso em um coque frouxo com uma franja lateral modelada em ondas, o penteado combinado ao modelo do vestido ressalta ainda mais o seu pescoço perfeito. O rosto está marcado por uma maquiagem bem feita, destacando seus olhos azuis e sua boca carnuda coberta por um batom rosa. Eu a olhava embasbacado, com devoção e saudade, muita saudade.
Meus olhos encontraram os dela e eu me perco.  
- Oi. – respondo rouco depois de um longo tempo. – O que é tudo isso? – pergunto com um sorriso nervoso.
- É a minha Regra de Cinco para você. Espero que não se importe por eu ter pegado emprestada. – ela brinca de forma doce e minha vontade é de me atirar aos seus pés.
- Não eu não me importo. – a devoro com o olhar. – Nem um pouco.
- Eu tenho algumas propostas para te fazer. – sinto-a torcer as mãos atrás das costas, só consigo olhá-la, meus pés parecem estar pregados no chão. – Ontem enquanto eu ensaiava na frente do espelho estava tudo muito fácil. – ri nervosa e então me fita. – Eu achei que deveríamos ter essa conversa aqui, é sempre bom se voltar ao inicio de uma história quando queremos entender onde as coisas começaram a dar errado. E nós dois erramos, deveríamos ter sidos sinceros desde o início, deveríamos ter nos aberto um com o outro, mas até o erro tem a sua parte legal não é? Porque nos ensina a não repetir. – ela para um pouco de falar, sinto-a nervosa. O esforço que Fernanda faz para se manter em pé é evidente e naquele momento eu só consigo amá-la mais. – Alexandre eu quero você com todos os seus defeitos. Apenas eu e você. Juntos. Você não precisa me dar uma penca de filhos para me fazer feliz, você só precisa me amar. – a voz dela fica embargada e minha garganta aperta. – Eu proponho tentarmos de novo e que se não der certo, que continuemos tentando de novo e de novo, mesmo errado, porque com você, até o errado parece certo. Eu proponho que você me deixe acordar ao seu lado todas as manhãs, mesmo que eu tenha que aturar o seu mau-humor matinal. – cerro os olhos para ela. – Eu proponho que a cada briga nossas pazes sejam feitas na cama. – dou um sorriso safado e ela fica vermelha. – Eu proponho criarmos um alicerce forte capaz de suportar qualquer tempestade, proponho sermos leais um com o outro, não escondermos nada e nos apoiar nas dificuldades. Proponho que você se entregue sem medos ou reservas e que me deixe te amar por inteiro, ser sua protetora, amiga e companheira.
Fernanda respira fundo e dos seus olhos descem lágrimas, suas mãos saem de traz das costas e ela ergue uma delas fazendo o número dois com os dedos da mão. Em cada dedo tem uma aliança de ouro e eu perco o chão a olhando estupefado, o ar submerge dos meus pulmões e começo a soar frio imaginando o que vem a seguir.
- Eu quero uma família, mesmo que seja de dois. Só eu e você. – sussurra. Com a mão livre ela pega na minha e dá um passo ficando mais próxima. – Proponho que você se amarre a mim permanentemente. Proponho que quando eu envelhecer você esteja lá para me lembrar dos motivos que me fizeram me apaixonar por você. Proponho que você me dê amor como nunca deu antes porque agora eu desejo mais. Você não é o meu conto de fadas e nem eu quero que seja, você é a minha realidade, meu porto seguro, minha casa de cerca branca e o que eu sinto por você tem o melhor de mim. Gostaria de saber se você se sente da mesma forma que eu me sinto, porque eu estou, neste exato momento, te pedindo em casamento. Você aceita se casar comigo?
Ela estava ali, parada na minha frente, da forma mais linda e doce do mundo me pedindo para casar com ela. Fernanda fez o que eu não tive coragem de fazer, por medo, ou descrença, não sei ao certo. Mas ela fez. Aquele era um passo que eu já havia dado uma vez, só que pelos motivos errados, um passo que prometi a mim mesmo não dar novamente.
Meus olhos desviaram dos delas e a sentir vacilar, tive ódio de mim por não consegui responder, eu sabia que cada segundo que se passava Fernanda morria um pouco. Só saí do transe quando perdi o calor da sua mão na minha, ela havia soltado nossas mãos e lágrimas desciam dos seus olhos, eu li um pedido silencioso neles, rogando para que eu dissesse sim, que não fizesse isso com ela, com a gente.
Fernanda soluçou baixinho e começou a andar para fora da sala
Eu não poderia.
Não poderia fazer isso com ela.
- Posso citar agora cem motivos pelos quais provavelmente isso não dará certo. – começo a falar e ela para de andar. Fernanda se vira para mim com a esperança renascendo nos olhos, aquela mulher me fez quebrar todas as minhas regras, derrubou minhas barreiras e colou na minha pele como tatuagem. Eu não iria lutar contra. Não mais.  – E eu tenho apenas um motivo para acreditar que dará: Eu te amo Lindinha.
Ela contém um soluço com a mão e chora feito criança.
- Isso é um sim? – sua voz sai cortada pelo choro.
Meus olhos queimam devido as lágrimas e caminho até ela segurando em sua cintura e a trazendo para mim, tiro as duas alianças dos seus dedos e pego sua mão direita introduzindo a aliança menor em seu anelar.
- Futura Srª Mcconaughey, eu aceito me casar com você. – sussurro beijando sua mão.
Entrego agora a minha para que ela faça o mesmo comigo. Fernanda sorri como nunca e pega minha mão direita introduzindo a aliança no meu anelar e a beijando logo em seguida.
- Eu te amo! – diz enlaçando meu pescoço com os braços.
Nossas bocas se encontram para nunca mais se separar. Recebo o melhor beijo da minha vida, nossas línguas dançam e eu seguro em sua nuca aprofundando nosso contato. Não consigo descrever a felicidade que me invade, eu fiz o certo, tenho certeza.
Fernanda era minha. Estava escrito.
Com muito custo me separei dela, caminhei até a porta aberta e a tranquei. A sala parecia uma boate devido as placas coloridas que piscavam, me aproximei dela com um sorriso travesso e cheirei o seu pescoço roçando a minha barba ali.
- Faz tanto tempo que acho que nem me lembro mais como é estar dentro de você. – murmuro.
Ela dá um passo para trás e morde os lábios.
- Não se preocupe, eu estou aqui para te lembrar.
Fernanda leva uma das mãos as costas e desce o zíper do vestido, ele cai aos seus pés revelando seu corpo que para mim é e sempre será perfeito. Minha atenção é apreendida pela única peça íntima que ela usava, uma calcinha de alças final tão pequena que me deixou completamente louco. Puxei meu suéter pela cabeça com pressa e o joguei longe mantendo contato visual com ela. Fernanda tirou as sandálias, eu arranquei meus sapatos, depois desabotoei minha calça a descendo por minhas pernas ficando apenas com a box branca. Juntei-me a ela dando um selinho estalado em sua boca e a peguei no colo levando-a até o centro da sala.
- Eu vou te amar por toda a minha vida, talvez até depois. – sussurro deitando-a no chão coberto por rosas vermelhas.
Algumas lágrimas descem de seus olhos e eu as seco com o polegar.
- Por que você está chorando?
Ela sorri acariciando meu rosto.
- É de felicidade, me faça sua.
- Para sempre meu amor... para sempre. – prometo assaltando sua boca com a minha.
Minhas mãos percorrem o corpo dela com urgência, eu queria poder ter paciência aquela noite, mas não iria conseguir. Eu precisava fodê-la de forma desesperada, como se o amanhã nunca fosse chegar. Fernanda cravou as unhas em minhas costas quando eu deixei a sua boca para sugar seus seios. Em instantes os bicos rosados ficaram duros e ela gemeu clamando o meu nome.
Meu pau palpitou dentro da cueca ordenando por liberdade, Fernanda pareceu ouvir seu pedido silencioso e enfiou a mão na box apertando-o com a mão para em seguida trazê-lo para fora.
Massageei o centro do seu prazer sob o tecido fino da calcinha e ela se contorceu embaixo de mim, dei um sorriso descendo minha boca por sua barriga depositando beijos molhados que arrepiaram seu corpo inteiro. Meus dentes se fecharam em uma das laterais de sua peça intima e eu a fui descendo com calma até tê-la nua, só para mim.
- Oh Alexandre... não me faça esperar mais. – ela clama abrindo as pernas e me dando a visão do paraíso.
Sua boceta brilhava devido a lubrificação natural. Minha boca salivou e foi inevitável não chupá-la, Fernanda serpeou com os movimentos de minha língua em seu clitóris. Depois dei uma atenção especial aos seus grandes lábios, degustando-os como se fossem uma fruta suculenta. Meus cabelos foram agarrados por suas mãos e ela gritou quando atingiu o seu primeiro orgasmo, enlouqueci sorvendo aquele líquido maravilhoso.
Deusa...
Minha... para sempre minha.
Poderia passar a noite inteira trabalhando minha língua ferozmente em sua boceta até fazê-la se estafar de tanto gozar, mas meu pau precisava chegar ao paraíso também. Livrei-me da minha cueca e me deitei no chão puxando-a para que montasse em cima de mim. Meu pau foi engolido por sua boceta quente e apertada, então eu me lembrei de como era estar no céu. Minhas mãos cravaram na carne macia de sua bunda enquanto ela cavalgava, em algum momento seus cabelos se soltaram do coque e caíram em cascatas douradas por seu corpo. Fernanda parecia uma ninfa selvagem torturando-me a cada movimento de vai-e-vem.
- Vai cachorra... rebola... – gruni alucinado pelo prazer. – Rebola em cima desse pau que é só seu...
Fechei minhas mãos em seus grandes seios e os apertei com força, ela gritou o meu nome várias e várias vezes. Ergui um pouco o tronco para abocanhar um deles prendendo o bico em meus dentes, uma de minhas mãos castigava o traseiro dela com tapas fortes e estalados.
- Eu vou gozar... – avisou fechando os olhos e aumentando a velocidade.
Meu pau foi banhando por seu gozo e eu segurei em sua cintura nos levantando do chão, Fernanda amoleceu rodeando as pernas em volta de mim. Pressionei-a contra a parede e estoquei forte e gostoso, nossos gemidos se fundiram e eu aumentei a velocidade invadindo-a cada vez mais fundo.
- Você gosta de ser comida assim não é? – provoco dando mordidas em sua orelha.
- Gosto... – responde ofegante e eu podia apostar que ela sorriu.
Nossos corpos suados se pregaram um no outro de tal forma que era difícil distinguir quem era quem. Sem aguentar nem mais um segundo meu jato quente é jorrado para dentro dela e eu espalmo minhas mãos na parede esgotado.
Espero até que nossas respirações se ajustem para encará-la, tiro as mechas de cabelos que grudaram em seu rosto e ela morde os lábios.
- Regra número seis. – digo e ela ergue as sobrancelhas curiosa. – Jamais me deixe outra vez.
- Nunca meu amor. – segreda antes de me beijar apaixonadamente.

5 comentários:

Unknown disse...

Sem palavras.........

Unknown disse...

Que lindo chorei com a Nanda. ....e outras coisas tbm kkkk

vi_meu_mundo disse...

Magnifico, eu adorei, não eu AMEI ;3
Tudo de bom.

Josi Novais disse...

Meninas muitoooo obrigada! Talvez saia um bônus na páscoa!

vi_meu_mundo disse...

Assim vou ter uma ataque do coração <3

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