sábado, 7 de fevereiro de 2015

Série Rendida - Novais J.


Quando nada mais pode piorar... (Parte I)

No restaurante Alicia falava sem parar, narrava com diversão suas peripécias em Miami nos últimos dois anos. O meu aceno com a cabeça era a única evidencia de que eu estava ali. Alicia era legal, divertida e super auto astral, mas nem todas essas qualidades conseguiram me distrair da merda em que a minha vida se encontrava. Realmente pensei que mais nada do que Fernanda dissesse poderia doer, me enganei de novo. Ouvir “eu odeio você” da mulher que você ama aprofunda feridas.
Eu odiava o fato de ter ouvido aquelas merdas da boca dela. Odiava o fato dela acreditar que eu teria coragem de tocar na Rebeca quando ela era claramente tudo o que eu precisava. E eu odiava essa vontade louca de beijá-la sempre que olhava para sua boca, mas eu não conseguia odiar a Fernanda, pelo menos não por muito tempo.
- A comida está ruim?
Encaro Alicia e ela tem um sorriso gentil no rosto.
- Está ótima. – respondo.
- Você mal tocou...
Dou um suspiro e encosto as costas na cadeira.
- Eu disse que não estava sendo boa companhia.
Ela pega em minhas mãos sobre a mesa.
- Gosto de ter você perto de mim. Mesmo que seja para fingir que presta atenção no que falo.
Fico envergonhado.
- Alicia me desculpe. – corro as mãos pelos cabelos. – Minha vida anda complicada.
Ele coloca a mão no queixo e me observa.
- Sua vida é complicada Alexandre e se bem me lembro você sempre tinha uma mulher bonita pendurada no seu pescoço para te desestressar.
- Nem sempre. – dou um sorriso torto.
- Na maioria das vezes. – ela rebate. – Mas me conta, onde estão as mulheres bonitas?
Eu não respondo me limito a abaixar a cabeça.
- Aquela secretária do meu pai, a Fernanda... – Alicia começa e eu a encaro. – Ela parece ser bem competente, além de bonita é claro.
- Sim ela é.
- Acho que papai comentou uma vez que ela já foi sua secretária...
- Sim trabalhamos juntos. – rebato um pouco desconfortável com aquele assunto.
Ela dá de ombros e eu pego a taça de vinho levando aos lábios.
- Sei lá... eu posso estar enganada, mas quando voltei para perto de vocês tive a leve impressão de ter atrapalhado uma discussão. O que me remete a fazer a próxima pergunta: o que rola entre vocês dois?
Engasgo e começo a tossir.



O bichinho do ciúme estava dançando Rebolation dentro de mim. O pior é que eu nem conseguia sentir raiva da Alicia, eu sei que só o fato dela estar neste exato momento jantando com o meu ex já é uma excelente razão para querer grudar no pescoço dela, mas tenho que admitir que Alicia é legal. Eu gostei dela.
Marta não havia chegado ao restaurante japonês que marcamos. Eu estava sozinha na mesa esperando por ela, parece que a minha sina é viver sozinha pelo resto da vida. Meu celular toca e o tiro da bolsa.
É a Marta.
- Marta que droga! – atendo irritada. – Eu estou com fome, você está atrasada e para completar o Alexandre está jantando com a filha do Dr. Tomas. Onde raios você está?!
- Ai Cristo! Com a Alicia?! – ela grita e eu tenho que afastar o celular do ouvido.
- Você já a conheceu?
- Ela foi à sala dele hoje, ficaram um tempo conversando. Puta merda Fernanda! Ela é bonita.
- Nossa Marta eu nem tinha reparado. – digo no meu melhor tom irônico.
- Mas como você sabe que eles estão jantando?
- Dei de cara com eles na saída da empresa. – solto irada.
- Nanda isso é péssimo para você.
- Quer saber? Estou pouco me lixando. – ok eu estou, mas mentir de vez em quando faz bem. – O que tínhamos acabou quando ele resolveu me cornear com a Cobreca.
- Nanda me escuta. – Marta pede e seu tom de voz muda. – Ele não transou com a Rebeca.
- Como nã...
- Me escuta! – ela grita me interrompendo. – Eu não vou poder ir jantar, a minha sogra chegou de mala e cuia na minha casa e sem avisar. Sérgio ainda não voltou do trabalho e não posso sair e deixá-la sozinha. Assim que ele abrir a porta de casa eu largo a velha com ele e vou até o seu apartamento.
- Marta como assim ele não me traiu? – meu coração se aperta.
- Nanda aquele homem te ama. Eu acho que você fez uma merda das grandes. – ela fala preocupada. – Eu tenho que desligar porque a mala da minha sogra está me chamando, presta atenção, me espera na sua casa, passo lá assim que der. Até lá não faça nenhuma besteira e pelo amor de Deus não se meta em confusão para não piorar a sua situação.
Ela desliga me deixando atônita.
O que ela quis dizer com “não se meta em confusão”?


- E então Alexandre? – Alicia insiste na pergunta assim que paro de tossir.
- Alicia eu acho que isso não é da sua conta. – respondo aborrecido.
Ela gargalha.
- Então rola mesmo alguma coisa. – afirma. – Alguma coisa bem forte por sinal. Nunca te vi se esquivar de perguntas sobre os seus casos.
- Ela não é um caso. – digo entre dentes e ela arregala os olhos.
- Ai. Meu. Deus. Então ela é mais que um caso? – pergunta num fio de voz.
Solto uma respiração pesada e não respondo.
- Então ela é a culpada por você estar assim...
- Assim como? – ergo uma sobrancelha.
- Como se sua vida estivesse sem sentido, você parece vegetar.
Alicia me dá um sorriso triste e eu abaixo a cabeça. É exatamente assim que me sinto.
- Fico fora por dois anos e quando volto o cara que eu gosto está gamado em outra? – ela pergunta me fazendo sorrir. – Vai me contar sobre esse lance de vocês ou vou ter que descobrir sozinha?
Não queria falar sobre a Fernanda. É como em um momento estar no céu e logo em seguida ser atirado no inferno.
- Eu não quero falar sobre isso. Pelo menos não hoje.
Ela me lança um olhar compreensivo e volta a tocar a minha mão com a sua.
- Sabe, no final das contas se for pra perder você para alguém como ela eu até que me conformaria. Eu gostei da Fernanda.


Como já estava no restaurante Japonês e amo comida japonesa resolvi jantar, o fato é que nem aquela comida maravilhosa conseguiu tirar o gosto amargo da minha boca. Só conseguia pensar nas palavras da Marta.
Eu sei o que vi e vi muito bem.
Como assim ele não transou com a Rebeca?
Acho que nunca serei capaz de lembrar daquela cena sem sentir alguma dor. De repente só quero ir para casa e deitar, me afundar no colchão e esconder o meu rosto no travesseiro até o dia seguinte.
Pago a conta e saio do restaurante deixando sobre a mesa a comida que mal toquei. Acho melhor voltar para a porta da empresa, de lá será mais fácil chamar um taxi.
Enquanto caminho um trovão alto se faz ouvir no céu.
Puta merda vai chover!
Corro para a grande cobertura da empresa enquanto os pingos de chuva ensopam minha roupa.

Oh merda!


- Adorei o nosso jantar. – Alicia diz com um sorriso.
Estamos dentro do carro e eu acabo de girar a chave na ignição.
- Eu também.
- Vai me levar para casa? – ela pergunta colocando a mão na minha perna.
Retiro a mão dela e a fito.
- Você prometeu se comportar e sim, eu te deixarei para a sua casa.
Ela ri jogando a cabeça para trás.
- Prometi me comportar até o jantar terminar e ele já acabou faz tempo. Quanto a levar para casa, eu estava me referindo para a sua casa.
Tiro minha atenção do transito só para encará-la com o cenho franzido.
- Sem chances.
- Sabia que você diria isso. – ela faz beicinho. – Mas é como dizem... vai que cola.
- Se importa se passarmos na empresa? Preciso pegar uma pasta que acabei esquecendo. Vai ser rápido. – mudo de assunto.
- Não, eu não me importo. – responde olhando para fora da janela do carro. – Nossa parece que teremos um dilúvio pela frente.
Um barulhento trovão explode o céu como se para confirmar suas palavras.
- É parece.


Eu devo ter passado por baixo de escada, visto um gato preto e quebrado um espelho. Tudo isso em um só dia.
Não era possível!
Que raios de azar é esse?!
A chuva caia forte e parecia que não daria trégua por tão cedo. Se não fosse a cobertura da empresa há essa hora eu já estaria ensopada. Para completar nenhum táxi passava para me levar pra casa.
Um carro preto com vidro fumê para na porta da empresa e o vidro do lado do motorista é abaixado. Franzo o cenho ao me deparar com olhos verdes matadores e um sorriso torto.
- Parece que a chuva te prendeu Nanda! – ele grita para se fazer ouvir em meio aos trovões. – Que tal uma carona?!
- O que você faz aqui Murilo?!
- Pra sua sorte eu estava de passagem quando te vi. – ele sorri.
A lista de motivos pelos quais eu não deveria entrar naquele carro com ele era quilométrica. Principalmente depois da nossa última conversa.
- Murilo eu já chamei um taxi. – minto na maior cara dura. – Ele já deve estar chegando. De qualquer forma obrigada.
Ele abre a porta do carro e sai correndo em minha direção. Agora estamos os dois debaixo da cobertura da empresa.
Engulo em seco.
- Sabe Fernanda... você mente muito mal. – ele dá um passo em minha direção.
Fala sério! Eu tive um dia do cão e estava sem a mínima paciência para esses joguinhos dele. Coloquei um sorriso petulante na boca e o encarei corajosamente.
- É você tem razão, não chamei táxi nenhum. O fato é que eu não quero ir com você.
Ele ergue as sobrancelhas, acho que surpreso com a minha ousadia.
- Já estou ficando um pouco de saco cheio desse seu medinho de mim. – ele da mais um passo a frente e eu dou dois para trás batendo com as costas na parede.
Ele avança espalmando as mãos em cada lado da parede me encurralando.
- Para com isso Murilo. – tento empurrá-lo, mas sem sucesso.
Ele gruda o seu corpo no meu e uma de suas mãos pousa em minha cintura em um aperto forte.
Tento empurrá-lo de novo e dessa vez uso toda a minha força.
- Desencosta! Tira essa mão de mi... – ele imobiliza minha cabeça com as mãos e aproveita minha boca aberta em um protesto para enfiar a língua dentro dela.


Estaciono o carro na porta da empresa e fito Alicia. Ela tem o cenho franzido e olha para algo do lado de fora.
- Que foi Alicia? – pergunto preocupado, ela segura em meu braço.
- Acho melhor a gente ir embora. – responde vacilante com um sorrisinho sem graça.
Ergo uma sobrancelha desconfiado e me volto para a janela.
Parece que alguém acaba de me molhar com gasolina e acender o fósforo. Quero acreditar que não é ela ali se agarrando com um filho da puta qualquer. Minhas mãos apertam o volante até os nós dos meus dedos ficarem brancos.
- Alexandre fica calmo ok?
Alicia fala alguma coisa, mas eu não escuto. Meus ouvidos estão tampados neste momento.
Ligo o carro pronto para ir embora, não temos nada. Não mais.
O que Fernanda faz ou deixa de fazer tem que parar de ter tanta importância pra mim. Começo a respirar fundo e desligo a merda do carro.
Parar de ter tanta importância é um caralho!
Se ela quer se amassar com outro cara que faça isso em outro lugar. Não na porta da porra da minha empresa.
Desço rapidamente e bato a porta do carro com muita, mais muita força.
- Alexandre volta aqui! – Alicia grita, mas eu não volto.
Preciso quebrar alguma coisa... vou começar pela cara do filho da puta que está cheio de mãos pra cima da Fernanda.
Subo os degraus correndo e quando chego perto eles se afastam. Fernanda percebe a minha presa e me olha entre assustada e surpresa, o cara se vira pra mim devagar e quando finalmente encaro o filho da mãe que devo matar meu mundo desmorona.
A única coisa que ronda a minha cabeça é: De novo não... de novo não... de novo não...
 Não consigo desviar os meus olhos do Murilo, não o vejo desde... desde... que o peguei na cama com a Rebeca.
Ele coloca um sorriso debochado na boca e aquilo me faz perder a cabeça.
- DESGRAÇADO! – meu punho fecha com tudo na cara dele o fazendo cair no chão.
Quando peguei ele comendo a minha mulher não consegui fazer absolutamente nada. Apenas fiquei parado, derrotado, escutando ele contar o quanto eles estavam se divertindo juntos, roubando o meu dinheiro e me enganando a um bom tempo, mas agora seria diferente.
O desgraçado ainda está no chão quando parto pra cima socando a cara dele, eu não paro um segundo.
Eu vou matar o Murilo.


Segunda parte sai amanhã!

9 comentários:

Unknown disse...

Amanha serio. Vou ter um Treco. Muito bom excelente capitulo como sempre. Amanha chegue logo.......

Unknown disse...

Aí meu Deus não faça isso com meu coração josi estou contando os minutos.... amei o capítulo de hoje. ...ansiosa para o próximo. ..

Anônimo disse...

Amanha tem que chegar rápido tó super ansiosa tá EXCELENTE

Unknown disse...

Enfin chegou domingo anciosa pela postagem do capitulo. Bjoss...

Unknown disse...

Enfin chegou domingo anciosa pela postagem do capitulo. Bjoss...

Josi Novais disse...

Meninas sei que todas estão super ansiosas e agradeço muito por todo esse carinho!
O capítulo deverá sair no final da tarde.
Grande beijo!

vi_meu_mundo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
vi_meu_mundo disse...

Tomara que a Fernanda deixa o Alexandre dá uns ótimos socos no Murilo, e se a Alicia fala para separa-los a Fernanda disser que não por causa do beijo forçado... Ai tomara que o Alexandre e a Fernanda se acertem :'(

Josi Novais disse...

Estou torcendo para que eles se acertem logo!

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